(Imagem da Web)
Ontem, no jornal da
noite da SIC, em entrevista ao promitente candidato a líder do PSD,
Luís Montenegro, assistiu-se a um raro exercício de fanfarronice.
O antigo deputado
social democrata, eleito sobre os auspícios do ex-primeiro-ministro
Pedro Passos Coelho, contradizendo-se e dando o dito por não dito,
esparramou a sua gabarolice e surfou a sua própria onda a defender o
seu interesse e o dos barões não assinalados por Rui Rio.
Quer se queira ou
não, goste-se ou não dele, o actual presidente do PSD, Rui Rio, é
o timoneiro que o partido precisa para agregar as hostes desavindas e
levar muitos portugueses, em corte com o desempenho de Coelho –
que, por interferência da TROIKA, colocou o país acima de tudo,
desprezando a vida de muita gente, e condenando milhares de
portugueses à insolvência e perda das suas casas por poucos
milhares de euros – a fazer as pazes com a ideologia centrista –
que deve congregar o centro-direita, centro e centro-esquerda.
Não
admira que o aparelho dos laranjas esteja em polvorosa. Rio, numa
coragem invulgar, cortou com muitos senadores que julgavam o seu
lugar à prova de bala – aliás, era bom que se limitassem os
mandatos dos deputados no Parlamento quanto antes. Ainda que seja
discutível a escolha, a renovação feita, só por isso mesmo, é de aplaudir.
Quem
quiser ver, facilmente se vislumbra que, neste processo de eleição realizado neste Domingo, depois de umas sondagens de 22 por cento
atribuídas a Rio e outras a darem a maioria absoluta ao PS, por este
facto, houve uma deslocação maciça da direita e centro para impedir o
actual Governo de ficar maioritário na Assembleia. Com este desvio
de votos foi sacrificado o CDS - também por Cristas estar ligada ao
anterior governo de Passos.
Rui
Rio, em respeito por quem votou neste último Domingo no PSD, tem
obrigação de no próximo congresso do partido se apresentar como
candidato. Se não o fizer, correndo o risco de ter de devolver os
milhares de votos a quem acreditou nele, estará a contribuir para
dividir ainda mais o seu partido, e, no futuro, só restarem migalhas
do projecto de Sá Carneiro. Sim, fanicos, porque o futuro que se
apresenta para daqui a quatro anos vai ser muito complicado com a
emergência do CHEGA, de André Ventura, e do Iniciativa Liberal
(IL), de Carlos Guimarães Pinto. E não se pense que o IL é uma
ameaça para o Bloco de Esquerda. Nada disso. Quem vota no IL não se
revê, nem por sombras, no partido da chamada esquerda caviar. O
futuro eleitorado do IL (ainda) está no PSD, no centro e centro-esquerda. E,
se não houver uma reorganização dos laranjas, com Rio à frente,
daqui a quatros anos vamos assistir a uma catástrofe laranjista, com
uma deslocalização de votos.
Por
outro lado, ainda que se digam cobras e lagartos de Ventura, atenção,
muita atenção a este novo deputado. Goste-se ou não, tem tudo para
crescer: é novo na idade, é aguerrido, dizendo o que pensam
milhares de portugueses, tem boa imagem junto do eleitorado feminino,
tem humor e, passando facilmente a mensagem, é fluente no discurso.
O PSD – e também o que resta do CDS – que se cuide. A renovação
da Assembleia da República está em marcha.
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