1
– O
debate transmitido ontem
em directo na RTP1, moderado
pela jornalista Maria Flor Pedroso, actual directora de informação
do canal público,
na minha modesta opinião, foi
simplesmente decadente. A discussão
em torno dos programas dos quinze partidos mais pequenos concorrentes
às próximas eleições legislativas, em
vez de ser clara e esclarecedora, foi enrolada em perguntas sem nexo
realizadas pela moderadora -algo insípida, irritada e sem classe
para se apresentar sozinha a comandar 15 pessoas ansiosas por
mostrarem a sua mensagem.
As
perguntas formuladas às forças políticas presentes, sem
qualquer interesse para
esclarecer o telespectador,
foram simplesmente bolorentas.
Desde “se fosse primeiro-ministro qual
seria a sua primeira medida?” até
“qual foi a acção de
campanha de ontem?”, na maioria dos casos foram absurdas.
O que transpareceu
foi que o canal pago por todos nós estava a fazer um grande frete.
Realizou este triste espectáculo apenas para demonstrar que cumpria
os mínimos a que se obrigava, em oposição aos canais privados,
como se fosse comparável.
Não admira que,
com este tratamento discriminatório, desigual e ofensivo,
dificilmente alguma das agremiações presentes ontem consiga furar a
rede de obstaculização e que lhes permita eleger um deputado no
Parlamento.
2
– É simplesmente
confrangedor o Livre apresentar uma candidata que, por sofrer de gagueira, distúrbio na temporalização da fala, não
se consegue expressar. Será que os orientadores do partido de Rui
Tavares não vêem que nem todos podem concorrer para o mesmo objecto
se não forem capacitados, robustos e capazes? Por outras palavras, não podemos
pretender colocar um coxo a competir com atletas de alta competição.
A candidata, Joacine Katar
Moreira, pode ser uma excelente
investigadora, pode ser muito inteligente, pode até pensar muito
acima da média, porém, devido à sua deficiência, o que não
se lhe pode pedir é que seja
um grande tribuno. É óbvio que, com esta defesa de tese, não pretendo
diminuir a candidata com base, simplesmente, naquilo que não está
apta a fazer. A menos que pretenda transformar-se num Demóstenes dos nossos dias. No entanto, mesmo que seja esta a ambição de Joacine, aliás, legítima, estou em crer que jamais os concorrentes de bancada parlamentar lhe darão as mesmas possibilidades que foram concedidas ao grande orador grego gago, nascido em 384 A. C..
Será que a
direcção do Livre não sabia? Não sabe? O que espera? Será que,
tendo em conta a sua diminuição verbal,
pensa que os portugueses vão ser generosos? Tenham dó!
3
– Foi notório o
incómodo de Santana Lopes por, depois de ter concorrido nos grandes,
se encontrar a falar com pequeninos. Foi saliente a prosápia, o
parecer melhor que os outros, do candidato do Chega, André Ventura.
Triste figura. Foi destacado o olhar de viés do candidato do
Partido Democrático Republicano, Marinho e Pinto. Pela postura
corporal e verbal não ficaram bem na fotografia. A meu ver, perderam
mais do que ganharam com a sua presença.
4
– No total dos quinze, nenhum dos candidatos surpreendeu com
medidas de vanguarda. Repito, é certo também que as perguntas da
moderadora também não permitiram mais. Aparentemente, a coisa
estava feita para despachar a cassete depressa e sem desmistificar o
que quer fosse ou para alguém.
Lamentável,
simplesmente lamentável, este (mau) serviço prestado à democracia
pela RTP1. Mal empregue os milhões que colocamos no canal do Estado para mostrar uma coisa tão deplorável assim.
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