Juntamente
com diversas iniciativas e em parceria com a APBC, Agência para a
Promoção da Baixa de Coimbra, com pompa e circunstância, a Câmara
Municipal inaugurou ontem a iluminação natalícia e de fim-de-Ano
na Baixa -abarcando a zona do Mercado Municipal, Ponte de Santa Clara
e uma parte da margem esquerda até ao Convento de São Francisco.
Embora
esta crónica não tenha por objecto principal avaliar ou criticar o
trabalho apresentado este ano, sempre vou acrescentando que, vendo o
que está feito, faz-nos lembrar a teoria do lençol, à força de
tanto se esticar, acaba a descobrir os pés. Ou seja, para crescer
para outras zonas deixou sem iluminação as ruas estreitas. E, mesmo
tentando fugir a dar opinião, com franqueza, a distribuição de
luminárias está muito pobrezinha, graças a Manuel Machado e com
ajuda de Deus, nosso Senhor. Por outro lado, como é natural,
investindo em concertos de fim-de-ano e variados eventos, o dinheiro
não chega para tudo -porque há uma preocupação de mostrar que se
está a gastar sem esbanjar-, então cortou-se no que dá menos no
olho -sobretudo no olhar dos jovens, que ficam muito agradecidos com uns
espectáculos musicais a custo zero. A Baixa na sua revitalização,
sendo essencialmente usufruída por velhos de alguma idade, pode
esperar -com uns bancos para os ditos se assolaparem e a verem passar
os turistas na magia do Natal.
Mas,
como diz o povo, a cavalo dado não se olha os dentes. Embora
o investimento venha dos nossos impostos, de todos os contribuintes,
a verdade é que este serviço público, sendo uma prestação
localizada, não saiu de taxas individuais e abarcando
especificamente os munícipes da envolvente regional. Logo, se é
certo que, num direito subjectivo, podemos todos criticar, em boa
verdade, precisamente por não ter saído directamente do nosso
bolso, perdemos o intrínseco direito a veto. Portanto, em síntese,
foi uma opção do pagador e que, legitimamente, lhe cabe por
inteiro. Está boa a ornamentação? Está mal? Como tudo é relativo
a qualquer termo comparativo, ficará sempre na opinião de cada um.
MAS NÃO
SE PODERÁ POUPAR MAIS NAS ILUMINAÇÕES?
O
que me levou a escrever esta crónica foi uma conversa acerca das
iluminações, que tive com um amigo há uns tempos: o Ricardo Murta.
Defendia ele que os cerca de 60 mil euros gastos este ano, e outro
tanto no ano passado e nos anos anteriores idem aspas, seriam
evitáveis se a Câmara Municipal chamasse a si o encargo de enfeitar
as ruas com o trabalho dos seus funcionários. Haveria um
investimento inicial que seria amortizado nos anos subsequentes.
Invocava o Murta que as câmaras municipais, ao invés de estarem
sempre prontas a, através de atribuição directa, delegar serviços
a empresas a troco de milhares de euros, deveriam agir com as
finanças públicas como um bom chefe de família: com poupança,
racionalidade, proporcionalidade e igualdade -referindo ele que poupando nos custos a luminosidade popular poderia abranger outras
partes da cidade.
Tentando
refutar atabalhoadamente, o que lhe disse na altura, é que o
armazenamento dos tradicionais arcos implicaria um espaço
considerável. Acontece que este ano a inspiração alegórica foi
feita com recurso a extensões e com gambiarras em suspensão. Está
de ver que a minha argumentação caiu pela base, isto é, a tese da
dificuldade de guardar os enfeites de um ano para o outro esvaiu-se
completamente. Afinal o Murta tem razão.
Vale
a pena pensar nisto?
1 comentário:
Coimbra deve ser a única cidade no mundo wue tem uma agência para promover a baixa da cidade! O ridiculo é maior quando percebemos que até Penela festeja melhor o Natal....
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