Com
a manifestação que, aparentemente, está em marcha para levar ao
conhecimento da Câmara Municipal de Coimbra, na próxima
quarta-feira dia 20, o que está acontecer com o comércio da Baixa,
vale a pena recordar o que se passou em Abril de 2010 quando se
realizou um jantar entre comerciantes e a ACIC, Associação
Comercial de Coimbra, no restaurante Jardim da Manga.
Comecemos
pelos problemas desse tempo. Facilmente se verifica que tudo continua
na mesma linha, para pior, obviamente. Reivindica-se o quê? Ora comecemos por ler esta
minha crónica sobre o jantar:
Cerca
das 20H30 a mesa em U do bonito restaurante Jardim da Manga,
preparada para receber 60 pessoas –faltaram 3-, começou a ser
ocupada pelos homens do comércio.
Enquanto se ensaiava no “couvert”, a conversa fluía. Embora as notas fossem em dó maior, assim do tipo “eu sou do tempo em que na Rua dos Sapateiros se andava em fila indiana”, para preparar o grande concerto que se avizinhava, cada um, afinando a voz, queixava-se dos problemas que afligem a Baixa. Referiam a falta de estacionamento, as lojas chinesas, a insegurança, a falta de pessoas a circular durante o dia e à noite, a falta das montras iluminadas durante a noite, etc. Para disfarçar o nervosismo, individualmente, procuravam fazer-se ouvir nas suas razões.
De vez em quando, como ovos mal cheirosos lançados ao acaso, surgia a frase: “a câmara está ao serviço do “Grande Capital”! Mais ao lado, dizia outro, “a retirada do trânsito da Baixa foi a sua morte!”. Outro ainda, e sem referir nomes, conta que um blusão numa loja de chineses custa 7,50 euros, umas calças de ganga 3,50 euros. Com estes preços alguma vez se pode ganhar dinheiro? Isto é a morte do comércio tradicional!”.
Diz outro ainda: “a China ainda só agora está começar. Ainda estamos no princípio da invasão dos seus produtos na economia global. Eu estive na China várias vezes ao longo destes 25 anos. Conheço quase tudo! Um dia, estava lá, e vi fuzilar 537 chineses, inclusive um chefe de polícia.
Há 15 anos disse-me uma funcionária governamental: o mundo ocidental deve preparar-se para a invasão chinesa. Nós temos 1/5 da população mundial e temos de os alimentar todos os dias!”.
Dos cerca de 56 comerciantes presentes, estiveram os mais velhos da praça e ainda a trabalharem nas suas lojas: o Quirino, da sapataria Trinitá, o senhor Carvalho, da Loja das Meias, e o senhor Manuel Mendes. O que levou este último a referir com graça, que ele e o Carvalho somavam 160 anos.
A perfazer a soma de 57 esteve Carlos Clemente, enquanto presidente da Junta de São Bartolomeu. O presidente da junta de Santa Cruz, senhor Pinto, embora convidado, não compareceu.
Veio a sopa, o conduto e, como por milagre, todas as reivindicações se apagaram. Evidentemente que era uma pausa para afiar as espadas.
A batalha verbal, como quem diz, os argumentos lançados no muro das lamentações, começou às 21H45.
Abre a sessão o Dr. Martins, da ACIC. “Não há soluções milagrosas para o comércio, a ACIC está empenhada em encontrar soluções”, enfatiza.
Segue-se Paulo Mendes, presidente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC). “É com todo o gosto que temos aqui mais de 50 pessoas. Todo o comércio está em crise. Estamos aqui para um debate. Estamos aqui para procurar soluções.
O comércio está em crise há 20 anos, desde a implementação das grandes superfícies. A principal razão é porque não se vende. E não se vende porque não há quem compre. Há excesso de oferta de estabelecimentos comerciais. Quatro grandes grupos económicos dominam o comércio nacional. Há concorrência desleal –pelos horários, que os comerciantes de rua não podem competir, e pela política de saldos e promoções. A maioria dos produtos transaccionados nas grandes superfícies é produzida nas economias emergentes.
Os jornalistas são culpados na divulgação dos assaltos na Baixa. Isso aumenta o sentimento de insegurança… têm uma atracção pelo Centro Histórico. Não sei porquê!” –explanou Paulo Mendes, presidente da ACIC.
Seguiu-se Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. “Lamento que os comerciantes não se envolvam nos projectos da APBC. O que nos move, e que fique sublinhado, é que a Baixa renasça da apatia em que se encontra. Gostaria de fazer mais, mas não temos meios. Trabalhamos em prol de um objectivo comum: a Baixa”.
Seguiu-se Carlos Clemente, presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu. “Sou autarca. O melhor para resolver os problemas do comércio é passar pela comunicação social. Só assim é que a autarquia os resolve.
Estou à vontade, já disse ao presidente da câmara que não tenho filhos para empregar na autarquia. É confrangedor ver as montras às escuras. 60% dos estabelecimentos tem as montras apagadas.
A ACIC é representante dos comerciantes. A APBC existe, e foi criada, para promover o comércio da Baixa.
Só deveriam ser licenciadas gratuitamente as esplanadas dos cafés que estivessem abertos até ás 22/23 horas. Deve haver actividades culturais permanentemente na Baixa.
Desiludam-se as pessoas que pensam que as câmaras de video-vigilância resolvem o problema da insegurança na Baixa. Sem policiamento de proximidade acessório os assaltos irão continuar”, declara Carlos Clemente.
Enquanto se ensaiava no “couvert”, a conversa fluía. Embora as notas fossem em dó maior, assim do tipo “eu sou do tempo em que na Rua dos Sapateiros se andava em fila indiana”, para preparar o grande concerto que se avizinhava, cada um, afinando a voz, queixava-se dos problemas que afligem a Baixa. Referiam a falta de estacionamento, as lojas chinesas, a insegurança, a falta de pessoas a circular durante o dia e à noite, a falta das montras iluminadas durante a noite, etc. Para disfarçar o nervosismo, individualmente, procuravam fazer-se ouvir nas suas razões.
De vez em quando, como ovos mal cheirosos lançados ao acaso, surgia a frase: “a câmara está ao serviço do “Grande Capital”! Mais ao lado, dizia outro, “a retirada do trânsito da Baixa foi a sua morte!”. Outro ainda, e sem referir nomes, conta que um blusão numa loja de chineses custa 7,50 euros, umas calças de ganga 3,50 euros. Com estes preços alguma vez se pode ganhar dinheiro? Isto é a morte do comércio tradicional!”.
Diz outro ainda: “a China ainda só agora está começar. Ainda estamos no princípio da invasão dos seus produtos na economia global. Eu estive na China várias vezes ao longo destes 25 anos. Conheço quase tudo! Um dia, estava lá, e vi fuzilar 537 chineses, inclusive um chefe de polícia.
Há 15 anos disse-me uma funcionária governamental: o mundo ocidental deve preparar-se para a invasão chinesa. Nós temos 1/5 da população mundial e temos de os alimentar todos os dias!”.
Dos cerca de 56 comerciantes presentes, estiveram os mais velhos da praça e ainda a trabalharem nas suas lojas: o Quirino, da sapataria Trinitá, o senhor Carvalho, da Loja das Meias, e o senhor Manuel Mendes. O que levou este último a referir com graça, que ele e o Carvalho somavam 160 anos.
A perfazer a soma de 57 esteve Carlos Clemente, enquanto presidente da Junta de São Bartolomeu. O presidente da junta de Santa Cruz, senhor Pinto, embora convidado, não compareceu.
Veio a sopa, o conduto e, como por milagre, todas as reivindicações se apagaram. Evidentemente que era uma pausa para afiar as espadas.
A batalha verbal, como quem diz, os argumentos lançados no muro das lamentações, começou às 21H45.
Abre a sessão o Dr. Martins, da ACIC. “Não há soluções milagrosas para o comércio, a ACIC está empenhada em encontrar soluções”, enfatiza.
Segue-se Paulo Mendes, presidente da Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC). “É com todo o gosto que temos aqui mais de 50 pessoas. Todo o comércio está em crise. Estamos aqui para um debate. Estamos aqui para procurar soluções.
O comércio está em crise há 20 anos, desde a implementação das grandes superfícies. A principal razão é porque não se vende. E não se vende porque não há quem compre. Há excesso de oferta de estabelecimentos comerciais. Quatro grandes grupos económicos dominam o comércio nacional. Há concorrência desleal –pelos horários, que os comerciantes de rua não podem competir, e pela política de saldos e promoções. A maioria dos produtos transaccionados nas grandes superfícies é produzida nas economias emergentes.
Os jornalistas são culpados na divulgação dos assaltos na Baixa. Isso aumenta o sentimento de insegurança… têm uma atracção pelo Centro Histórico. Não sei porquê!” –explanou Paulo Mendes, presidente da ACIC.
Seguiu-se Armindo Gaspar, presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra. “Lamento que os comerciantes não se envolvam nos projectos da APBC. O que nos move, e que fique sublinhado, é que a Baixa renasça da apatia em que se encontra. Gostaria de fazer mais, mas não temos meios. Trabalhamos em prol de um objectivo comum: a Baixa”.
Seguiu-se Carlos Clemente, presidente da junta de freguesia de São Bartolomeu. “Sou autarca. O melhor para resolver os problemas do comércio é passar pela comunicação social. Só assim é que a autarquia os resolve.
Estou à vontade, já disse ao presidente da câmara que não tenho filhos para empregar na autarquia. É confrangedor ver as montras às escuras. 60% dos estabelecimentos tem as montras apagadas.
A ACIC é representante dos comerciantes. A APBC existe, e foi criada, para promover o comércio da Baixa.
Só deveriam ser licenciadas gratuitamente as esplanadas dos cafés que estivessem abertos até ás 22/23 horas. Deve haver actividades culturais permanentemente na Baixa.
Desiludam-se as pessoas que pensam que as câmaras de video-vigilância resolvem o problema da insegurança na Baixa. Sem policiamento de proximidade acessório os assaltos irão continuar”, declara Carlos Clemente.
Gostou?
Quer continuar a ler tudo o que se passou no reputado restaurante?
E já
agora, se gostou assim tanto, quer ler outra crónica sobre as
reivindicações dos comerciantes?... Em Abril de 2010... Não se
esqueça:
Ontem,
quem esteve presente no jantar reivindicativo dos comerciantes, se
tomou atenção, verificou que um dado ficou latente: aquelas cerca
de seis dezenas de pessoas sabem o que querem. Sabem que aspiram a
venderem mais de modo a que possam continuar na Baixa com os seus
negócios. Sabem que, se for preciso, pela força, lutarão contra um
poder omnipotente que lhes retirou tudo: a sua vida desafogada e até
a força anímica.
Há porém um pormenor importante que ressalta: este pequeno exército não sabe como chegar ao destino que procura. Todos têm armas de argumentação que individualmente esgrimem, como D. Quixote a lutar contra o vento. É notório que a sua força argumentativa se perde no individualismo e na necessidade obsessiva de cada um se fazer ouvir a pugnar por medidas incoerentes, desconexas e sem contexto para o momento aflitivo que vive o Centro Histórico.
Uns, com grande convicção, defendem o estacionamento gratuito na Baixa. Errado. Sabe-se bem que o onerar os automóveis é a única forma possível de evitar que estejam parados naquele lugar de manhã até à noite. Para além de mais –concorde-se ou não-, os investidores privados investiram nos parques de estacionamento, logicamente que têm todo o direito legítimo a serem ressarcidos com lucro.
Outros referem, com grande indignação, a não intervenção da autarquia na implantação de lojas chinesas. Errado. A câmara nada pode fazer contra o comércio chinês. Se a Comunidade Europeia subscreveu e ratificou o Tratado da Organização Mundial de Comércio, na livre circulação global, o que pode uma pequena autarquia fazer? Nada vezes nada. Se Bruxelas não sabe defender os interesses dos seus 27 países… isso é outra coisa.
Há porém um pormenor importante que ressalta: este pequeno exército não sabe como chegar ao destino que procura. Todos têm armas de argumentação que individualmente esgrimem, como D. Quixote a lutar contra o vento. É notório que a sua força argumentativa se perde no individualismo e na necessidade obsessiva de cada um se fazer ouvir a pugnar por medidas incoerentes, desconexas e sem contexto para o momento aflitivo que vive o Centro Histórico.
Uns, com grande convicção, defendem o estacionamento gratuito na Baixa. Errado. Sabe-se bem que o onerar os automóveis é a única forma possível de evitar que estejam parados naquele lugar de manhã até à noite. Para além de mais –concorde-se ou não-, os investidores privados investiram nos parques de estacionamento, logicamente que têm todo o direito legítimo a serem ressarcidos com lucro.
Outros referem, com grande indignação, a não intervenção da autarquia na implantação de lojas chinesas. Errado. A câmara nada pode fazer contra o comércio chinês. Se a Comunidade Europeia subscreveu e ratificou o Tratado da Organização Mundial de Comércio, na livre circulação global, o que pode uma pequena autarquia fazer? Nada vezes nada. Se Bruxelas não sabe defender os interesses dos seus 27 países… isso é outra coisa.
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