sábado, 2 de dezembro de 2017

UMAS ILUMINAÇÕES BARATAS E CASEIRINHAS





Juntamente com diversas iniciativas e em parceria com a APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, com pompa e circunstância, a Câmara Municipal inaugurou ontem a iluminação natalícia e de fim-de-Ano na Baixa -abarcando a zona do Mercado Municipal, Ponte de Santa Clara e uma parte da margem esquerda até ao Convento de São Francisco.
Embora esta crónica não tenha por objecto principal avaliar ou criticar o trabalho apresentado este ano, sempre vou acrescentando que, vendo o que está feito, faz-nos lembrar a teoria do lençol, à força de tanto se esticar, acaba a descobrir os pés. Ou seja, para crescer para outras zonas deixou sem iluminação as ruas estreitas. E, mesmo tentando fugir a dar opinião, com franqueza, a distribuição de luminárias está muito pobrezinha, graças a Manuel Machado e com ajuda de Deus, nosso Senhor. Por outro lado, como é natural, investindo em concertos de fim-de-ano e variados eventos, o dinheiro não chega para tudo -porque há uma preocupação de mostrar que se está a gastar sem esbanjar-, então cortou-se no que dá menos no olho -sobretudo no olhar dos jovens, que ficam muito agradecidos com uns espectáculos musicais a custo zero. A Baixa na sua revitalização, sendo essencialmente usufruída por velhos de alguma idade, pode esperar -com uns bancos para os ditos se assolaparem e a verem passar os turistas na magia do Natal.
Mas, como diz o povo, a cavalo dado não se olha os dentes. Embora o investimento venha dos nossos impostos, de todos os contribuintes, a verdade é que este serviço público, sendo uma prestação localizada, não saiu de taxas individuais e abarcando especificamente os munícipes da envolvente regional. Logo, se é certo que, num direito subjectivo, podemos todos criticar, em boa verdade, precisamente por não ter saído directamente do nosso bolso, perdemos o intrínseco direito a veto. Portanto, em síntese, foi uma opção do pagador e que, legitimamente, lhe cabe por inteiro. Está boa a ornamentação? Está mal? Como tudo é relativo a qualquer termo comparativo, ficará sempre na opinião de cada um.

MAS NÃO SE PODERÁ POUPAR MAIS NAS ILUMINAÇÕES?

O que me levou a escrever esta crónica foi uma conversa acerca das iluminações, que tive com um amigo há uns tempos: o Ricardo Murta. Defendia ele que os cerca de 60 mil euros gastos este ano, e outro tanto no ano passado e nos anos anteriores idem aspas, seriam evitáveis se a Câmara Municipal chamasse a si o encargo de enfeitar as ruas com o trabalho dos seus funcionários. Haveria um investimento inicial que seria amortizado nos anos subsequentes. Invocava o Murta que as câmaras municipais, ao invés de estarem sempre prontas a, através de atribuição directa, delegar serviços a empresas a troco de milhares de euros, deveriam agir com as finanças públicas como um bom chefe de família: com poupança, racionalidade, proporcionalidade e igualdade -referindo ele que poupando nos custos a luminosidade popular poderia abranger outras partes da cidade.
Tentando refutar atabalhoadamente, o que lhe disse na altura, é que o armazenamento dos tradicionais arcos implicaria um espaço considerável. Acontece que este ano a inspiração alegórica foi feita com recurso a extensões e com gambiarras em suspensão. Está de ver que a minha argumentação caiu pela base, isto é, a tese da dificuldade de guardar os enfeites de um ano para o outro esvaiu-se completamente. Afinal o Murta tem razão.
Vale a pena pensar nisto?




1 comentário:

Anónimo disse...

Coimbra deve ser a única cidade no mundo wue tem uma agência para promover a baixa da cidade! O ridiculo é maior quando percebemos que até Penela festeja melhor o Natal....