(Imagem da Web)
Meus
amigos, começo por me retratar: ainda não vai ser este ano que vos
vou oferecer uma prenda que valha a pena. E se vocês merecem! Ai
não? Então, todos os dias a lerem os disparates que escrevo -com
justiça, diga-se a propósito, nesta parte do absurdo não estou
sozinho-, imagino o sentimento de dívida que cada um de vós deve
sentir pelo ingerir de certas doses massivas de literatura de cordel
produzidas na minha fábrica. Mas, como dizia a outra, isso não
interessa nada, vamos lá às explicações pela impossibilidade de,
mais uma vez, este ano não oferecer uma prenda de jeito aos
leitores. É assim, eu estou como o Governo, este 2017, no segundo
semestre, foram só azares. Nem vos conto. Tem sido só percalços,
até já pensei em ir à bruxa... Mas passemos à frente e
concentremo-nos no essencial, que é a questão das prendas, e
deixemos o acessório. Vejam bem que tinha encomendado um camião de
leitões para, depois de assados, oferecer a todos os que fazem o favor de gramar os meus pensamentos plasmados em escrita barata.
Então, com a má sorte a perseguir-me, sabem o que aconteceu, não
sabem? Pois, foi isso mesmo: ontem, junto à Ponte-açude, em
Coimbra, o veículo que os transportava capotou e morreram dois
pobres suínos. Uma tragédia, como se imagina. Nem sei como é que com tantos protectores dos pobres bichos não se manifestaram, cortando a estrada. Apesar
do meu percurso de desdita, vá lá, tive sorte. Continuando a
desfiar o rol de amarguras, é certo que, felizmente, todos os outros
se salvaram, e, é claro, vocês até podem perguntar: por que não
prosseguiu o plano de os conduzir ao matadouro e posterior forno de
assadura? A razão, aliás duas, é que eu, perante aquele desastre
em forma de sorte, não podia prosseguir no traçado pré-concebido
para os animais. Explico melhor: se o destino me pregou aquela
partida, mais que certo, por linhas tortas, estava a querer dizer-me
que, numa espécie de perdão natalício, deveria comutar a pena de
morte para os pobres brutos... É ou não é? Pois é! Também é
certo que, pensemos por um momento, eu podia fazer de conta que não
ligava a coincidências e continuava. Ora, está de ver que os
porquitos, depois de uma pancada daquelas, de certeza absoluta
ficaram traumatizados. É ou não é? O que ia acontecer se eu os
mandasse para o forno e depois os enviasse para cada um de vós? O
óbvio, iam perpassar o recalcamento para quem os comesse... Estou
certo, ou estou errado? E depois? O mais certo é ficarem doidinhos,
a baterem mal, e nunca mais lerem nada do que eu venha a escrever. É
ou não é verdade? Claro que é! E o problema é que eu não posso
perder clientes. Se não, qualquer dia tenho de escrever pr'o boneco.
E como é que ganho a vida?
Mas
o meu azar não acabou aqui. Como desisti logo de oferecer o leitão
assado para a árvore de Natal dos leitores, mandei embrulhar uma
medalha de ouro -de 18 quilates, que eu não dou pechisbeque,
homessa!- para cada um. Carregado que nem um burro espanhol,
encaminhei-me para os Correios para fazer a expedição. Azar danado!
Bati com as trombas na porta. Ontem estiveram de greve. É preciso
ter muito galo... Porra!
Tenham
lá paciência! Para o ano, tendo em conta que a sorte e o azar são
como o tempo sempre em mudança, é que vai ser. Tenham fé e não
desistam. Em 2018 vou esmerar-me.
Façam
o favor de chatear o vizinho o menos possível e, sem pedirem muito
ao menino Jesus -que também deve estar em crise-, façam o favor de
apanhar a felicidade quando ela passar na vossa porta.
BOAS
FESTAS!
Sem comentários:
Enviar um comentário