Hoje,
começou hoje a circular nas lojas comerciais o apelo apócrifo -”Que
não foi reconhecido como devidamente inspirado ou não está
incluído no cânone”-
que se mostra em cima, para a convocatória de uma manifestação
pública, na próxima quarta-feira. Dia 20, em frente à Câmara
Municipal de Coimbra.
Vamos
a analisar a folha escrita distribuída. Comecemos pelo arrazoado do
texto. O que se transcreve no comunicado anónimo, pela imprecisão,
é, no mínimo, surreal.
Reparemos
nos parágrafos iniciais. Atentemos ao primeiro: “Vai
ler ou vai directamente para o lixo e continuar a criticar sem nada
fazer?”
E
no segundo: “Todos
falam, outros escrevem mas ninguém haje”
(age).
E
passemos ao terceiro: “Não
interessa quem teve a ideia. Foi de vários comerciantes. Juntos é
que somos fortes.”
E
o quarto: “Em
cima da hora? A correr? Talvez mas, estes últimos acontecimentos
foram a última gota”.
Mais
abaixo: “A
Câmara será notificada porque assim tem de ser, a polícia também,
e os media.”
E
logo a seguir a pérola: “Partidos
políticos à parte. Se não quiserem dar a cara podem sempre
comprar uma máscara de pai natal e até podemos ir todos de gorro. É
exactamente alegria e vida que pedimos para a nossa baixa.”
Deixando
de parte os primeiros pela sua clareza nublada, este último
parágrafo mostra como facilmente se dá um tiro no pé. Como é que
se pode colocar de parte os partidos políticos se a decisão de
revitalizar a Baixa comercial, para além de ser económica, é essencialmente uma questão política e passa pelos
agrupamentos partidários representados no Executivo e Assembleia
Municipal?
Como
é que se pode ironizar com o “dar
a cara” quando o
autor(a) ou autores o que fazem aqui é exactamente esconder-se atrás
de um anonimato?
Afinal,
este comunicado não deveria vir identificado?
Quem
vai pedir a licença para a manifestação?
OUTRAS
PERGUNTAS
Imaginemos,
por hipótese escassa, que o presidente da Câmara Municipal, Manuel
Machado, na próxima quarta-feira, larga a reunião do executivo do
Plano e Orçamento e aceita receber os responsáveis. Se não estão
identificados, vão ser escolhidos em cima do joelho, “ad
hoc”, para esse
efeito?
Continuemos
a sonhar, o grupo sobe as escadas dos Paços do Conselho. Machado,
acompanhado com um assessor e um adjunto que conhece bem a zona
comercial, está à espera da representação dos protestantes no
gabinete da presidência. Depois dos cumprimentos da praxe interroga:
O que querem os
senhores que a Câmara faça?
Os
membros da representação vão reivindicar o quê? Isto?
*Estacionamento
nos parques particulares pago pela autarquia?
*Rendas
comerciais, de propriedade privada, mais baratas?
*Posse
administrativa para as lojas encerradas há muito tempo?
*Obrigar
os privados a realizar obras nos seus prédios?
*Trazer
lojas âncora (de marcas) para a Baixa?
A
velha raposa, cheia de manha, cofiando a pera e todo a rir-se por
dentro, com uma voz de tenor bem colocada mas carregada de
paternalismo, vai dizer mais ou menos isto: meus senhores a
Câmara Municipal não tem legitimidade para interferir nessas
premissas que os senhores apresentam. A lei não permite. Não têm
outras pretensões que esteja dentro do nosso alcance?
Os protestantes vão olhar-se
entre si sem saber o que dizer. O chefe da edilidade, adivinhando a
atrapalhação, vai retorquir: as obras que começaram agora no
“Bota-abaixo” aconteceram pela urgência que a edilidade tem em
abrir a Avenida Central. Para cumprir o prazo da obra consignada mandei começar as obras imediatamente pelo amor que tenho por esta
zona e até preocupação pelo que se passa com os comerciantes.
Podem ir descansados que estou profundamente interessado na
revitalização da Baixa. Tenho noites que nem durmo a pensar nisto.
Devem lembrar-se que o meu “Valorizar Coimbra” foi a bandeira da
minha recandidatura. Estão lembrados, não estão?
E A APBC? COMO É QUE ESTÁ NISTO?
A
Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC), a única
entidade de proximidade junto dos comerciantes, qual é o seu papel
nesta manifestação de comerciantes? Foi contactada para intervir?
Se foi, qual vai ser a sua
posição? Vai estar ao lado de Machado ou à frente do (talvez)
enorme e ruidoso grupo de protestadores?
Se não foi convidada deveria
ter sido. É a sua prova de vida que está em jogo. Se não se
envolver neste processo vai acabar mais depressa do que se pensava.
Estatutariamente, pela falta de outra associação representativa da
classe -já que a ACIC faliu-, é a esta entidade que, juntamente com os reivindicativos
anónimos, cabia negociar com a Câmara.
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