(Imagem retirada da Web)
Começo
com uma declaração de amor: sem pretender mostrar menosprezo pelos
outros jornais que se publicam na cidade -já que sou leitor assíduo
e respeito todos por igual-, tenho um carinho muito especial pelo
Diário de Coimbra (DC). Pode ser, ou não, a mesma expressão de
afecto que se tem sempre pelos mais velhos. O que sei é que sou
assinante desde 1982.
Sempre
que detecto no DC trabalhos noticiosos parciais ou, no mínimo, com
um objectivo pouco claro de beneficiar alguém, tapar o sol com a
peneira, sinto-me frustrado e sou tomado de uma vontade imediata de
deixar de ser assinante. Todos anos, na data de renovação, em
solilóquio, falando comigo, digo que não vou continuar a alimentar
uma peça de teatro trágico que serve apenas os mais bem-postos na
vida. Na hora de renunciar, começando a pesar a relação de amizade
que durante muitos anos me ligou a Adriano Lucas, o falecido emérito
director, pesando os prós e contras, reavalio a minha posição e
continuo. Em balanço, lembro-me que, tendo em conta o momento de
grave crise que toda a imprensa diária está a passar e o quanto é
importante para a informação geral, é preciso o contributo de cada
um de nós, mesmo em enorme esforço, para continuarmos a contar com
os seus serviços noticiosos. A questão é: se eu me preocupo com a
saúde financeira dos media,
será que os mesmos, ao não fazerem o seu trabalho com
independência, estão a preocupar-se comigo? Será que merecem o meu
estímulo?
E
trouxe à colação esta longa introdução porque hoje, perante uma
notícia do DC, voltei a sentir a mesma sensação de desgaste e
vontade de deixar de assinar este, ou outro qualquer jornal da
cidade -já que, a meu ver, o problema é transversal. A nossa imprensa diária sofre de estigmatismo e, na hora de
apresentar uma notícia, não faz nada para o esclarecimento público.
É certo que podemos sempre adivinhar que estamos perante jornalistas
inexperientes. Mas não é verdade que o seu trabalho é
supervisionado pela redacção do jornal?
Sem
mais delongas vou directamente ao assunto. Hoje, na página 5, o DC,
sob o título “Lista de continuidade pretende rentabilizar
(mais) o património -PREVIDÊNCIA António Martins de Oliveira, da
Lista B, quer ainda um lar e concluir a farmácia social”.
Antes
de prosseguir esclareço que se trata de A Previdência Portuguesa, uma
reputada instituição mutualista fundada em 1929. Como ressalva, sou
associado desta associação desde 1980. Acrescento ainda que no
próximo dia 14, quinta-feira, vão realizar-se eleições para os
três órgãos estatutários, direcção -alterado pomposamente para
Conselho de Administração-, Conselho Fiscal e Assembleia-geral. Ao
sufrágio apresentam-se três listas, a A, a B, de continuidade do
actual executivo, e a C.
Ora,
para melhor se entender, o que fez o DC sobre a apresentação da
candidatura dos dirigentes da continuação e com a notícia de hoje?
Em quase meia-página faz apologia, explicando e dando corpo ao
auto-elogio, do actual Conselho de Administração. Às restantes
listas a concurso, no início do texto, apenas faz referência no
curto fraseado “Rejeitando críticas de gestão danosa e
negócios ruinosos apontados pelos candidatos das outras listas
concorrentes à administração da Previdência Portuguesa, o actual
presidente e recandidato António Martins de Oliveira garante
“honestidade” e socorre-se dos números das contas para mostrar
que a instituição nunca como hoje esteve de tão boa saúde e isso
deve-se à gestão levada a cabo pela actual equipa”. E
nada mais diz sobre o que pensam os outros antagonistas sobre o que
se passa e o que trazem de novo para mudar a Previdência. Quem são?
O que pretendem? Porque concorrem três listas neste sufrágio quando
em eleições anteriores quase não houve concorrência?
O
leitor do DC não tem o direito de saber? E os associados da
agremiação mutualista? Ou, pelos vistos, só interessa conhecer o
que importa à direcção de continuidade? Enquanto órgão de
informação independente, o DC tinha ou não obrigação de, em
equidade e transparência, falar de todos o que se
apresentam ao pleito?
TENHAM
DÓ...
Pode
até pensar-se que sou simpatizante de uma das outras duas listas.
Sou por exclusão de partes. Enquanto associado com as suas quotas em
dia, votarei em uma qualquer lista que não seja a actual. Os membros
da continuidade, enquanto executivo no seu todo, não me merecem respeito nem confiança. E quando
escrevo isto não estou a pensar nas acusações veladas que recebi de outra
lista opositora em relação à congénere. Afirmo que esta direcção não me merece credibilidade pelo que fui
apreendendo no último ano. Foi recebida uma carta anónima com
acusações à actuação do actual Concelho de Administração. O que fez este executivo? Levou a
carta à Assembleia-geral para ser analisada pelos sócios e pedir
uma moção de confiança? Apresentou participação no Ministério
Público contra o (des)conhecido autor? -que esclareço, alegadamente
teria sido escrita por um membro da direcção e era muito fácil
descobrir tudo. Não, o que fez foi esconder a missiva anónima de
todos os associados. O assunto só foi falado numa Assembleia-geral
porque eu denunciei o comportamento pouco claro deste Concelho de
Administração. Mesmo assim alteraram a sua compostura? Nada, nem
mesmo com a ameaça de levar o caso até às vias judiciais. O caso
da carta anónima, para a maioria dos associados, vai manter-se no
segredo dos deuses.
UM
ORDENADO PRINCIPESCO...
Não
se sabe como é que associados em pleno gozo das suas faculdades
mentais podem votar numa assembleia para que o presidente do Conselho
de Administração passe a auferir 1,250.00 euros e o vice-presidente
1,200.00 euros por mês. A verdade é que a proposta, depois de ter
sido chumbada, foi aprovada. Pode até pensar-se que a remuneração
iria trazer muitos dividendos à instituição. À minha pergunta
sobre o que justificava este ordenado principesco, foi-me dito que,
já que a lei dava cobertura desde que aprovado por maioria qualificada de dois
terços como o que aconteceu, “o que se procurava era ter uma
gestão mais profissionalizada”. E nada mais!
PROMESSA
DE ESCUTEIRO...
Fica
aqui escrito que se esta actual direcção de continuidade ganhar as
próximas eleições, na sexta-feira, a seguir ao sufrágio,
apresentarei a minha demissão de associado de A Previdência
Portuguesa. Ganhe quem ganhar, estou a torcer solenemente para que
seja outra qualquer. Na minha condição de associado, a actual não merece a minha confiança, e muito menos o meu voto, repito!
Quanto
ao Diário de Coimbra, se continuar a ser pouco idóneo com as
questões da cidade e de cidadania e não procurar uma postura mais
imparcial será o último ano que assinarei as suas edições. Águas
passadas, saudades de um tempo que já lá vai, não movem moinhos.
1 comentário:
Boa noite Luís Fernandes quando quiser pode reunir comigo... sobre esta atual direção... Maria Gonçalves...
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