quarta-feira, 26 de outubro de 2016

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE... E UMA RESPOSTA




AC deixou um novo comentário na sua mensagem "UMA ESCANDALOSA VISÃO DESFOCADA E DISTORCIDA DA CI...":


Sr. Luís Fernandes:

O que li, entre manguitos, foram excertos de intervenções seguidos de uma crítica despida de qualquer valor acrescentado à questão em causa.
Fazendo fé neste seu relato, espero, verdadeiramente, que não tenha sido este o contributo que tenha dado ao debate, caso contrário sou obrigado a dizer-lhe que sim, para a próxima, não vá.
Por partes:


A 1ª crítica focou-se no facto de que, ao contrário do que o Sr. Filipe Menezes disse, afinal havia um (pasme-se) um café aberto na Rua da Sofia, num sábado (!) às 18h (!). Fantástico. Foi este o seu argumento para carinhosamente deixar-lhe um manguito. Genial.


MJF, (Maria José Fernandes) G.I. (Guia Intérprete)


Permita-me, o nome da profissão é Guia Intérprete (G.I.) e não guia turística. Guia turístico é um livro.
A sua crítica: "Preferiu enveredar nos clichés habituais: a cidade está suja…”
Já pensou que estando um GI em contacto directo com centenas de turistas as queixas feitas tenham por base as próprias queixas dos turistas?! Será que só a um residente é permitido queixar-se? Não me parece.
Adjectivar de clichés situações reais como a sujidade nas ruas é, mais uma vez, de génio.
Diz o Sr. Luís Fernandes que "enquanto vendedor de um produto (GI), não pode ser tomado de apriorismos nem dizer mal do artigo que vende."
Não estou a ver nenhum GI queixar-se ao turista da sujidade nas ruas. O máximo que pode acontecer é, ao explicar ao turista a história da cidade, disfarçadamente e envergonhadamente, arrumar com o pé uma qualquer garrafa ou saco do lixo presente na rua.
À oradora (MJF): para a próxima vez que um turista se queixe do cheiro nauseabundo que habita nalgumas ruas, diga apenas: “por favor, isso é um cliché.” Não faça é manguito.

P.C. (Paulo Cosme)

Achei curioso não ter feito nenhuma alusão ao comentário do senhor P.C. (Paulo Cosme) relativo às imagens da Rainha Santa.
Existem ou não? Um turista compra uma imagem da Rainha Santa (apenas a Santa Padroeira da cidade) com a facilidade que compra uma peça de cortiça? Não. Mas para o Sr. Luís Fernandes não é um problema. Pelo menos não ao ponto de merecer um manguito.

M.M. (Marli Monteiro)

Oradora (M.M) diz: "Uma grande empresa, que se queria instalar em Coimbra com uma loja, não veio porque encontrou uma cidade suja, porca."
Não se compreende. Será que a empresa não sabe que a sujidade na cidade é um cliché? Faz parte do encanto turístico, lembra a Idade Média, onde a limpeza não abundava. Falta de visão.
"Há ruas na cidade que eu não levo turistas, porque está tudo sujo. Eu vivo numa rua próximo do Hospital. Como é que podemos ganhar dinheiro com os turistas?"
Enquanto residente tem todo o direito em queixar-se. Enquanto guia intérprete não.
"Façam um mapa comercial. Há um certo sentido de repetição (…). São precisas livrarias, lojas de design, degustação de vinhos."
Para o Sr. Luís Fernandes, estas não são ideias válidas. Diversificar, ir ao encontro do turista, isso não. Manguito para estas ideias.

Carina Gomes, Vereadora da Cultura (título aposto pelo editor)

Concordo com a Sra. Vereadora. Em tudo. Nomeadamente na parte em que diz que continua muito por fazer.
Já o Sr. Luís Fernandes discorda da parte em que, de forma cordial e civilizada, esta se despede dos intervenientes com beijos e abraços ao invés de "chapadas" e "pontapés" por terem tido a ousadia de exporem publicamente as suas ideias, claramente não do seu agrado.
Discorda também do facto de a V. ter pedido (e) aos presentes para não falarem mal da cidade nas redes sociais.
Concordo. Em que termos? Tal como um GI (Guia Intérprete) deve vender bem o produto, o cidadão, não obstante o seu dever cívico de reclamar quando necessário, deve fazê-lo, neste caso nas redes sociais, de forma cívica, construtiva e em termos apropriados. Tal como os GI (Guias Intérpretes), as redes sociais também vendem o produto.
Este comentário tem por base o texto publicado neste blogue.
Quero acreditar, que o Sr. Luís Fernandes no debate tenha feito propostas, dado o seu ponto de vista, o que deve ser feito para que a cidade evolua.
Se se limitou a expressar o que este texto espelha: lamento, mas indignados e desesperados já há uns quantos.


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RESPOSTA DO EDITOR

Começo por lhe agradecer, Senhora, o ter comentado, alínea-por-alínea, desta forma tão assertiva. Bem sei que se esforçou por demonstrar que é um homem e que nada tem a ver com o cargo que ocupa. Empenhou-se também em parecer que não esteve lá. Debalde, porque ambos sabemos quem somos, estou em crer. Como deve calcular, preferia que se tivesse identificado. Ficava-lhe bem. Deveria ser seu ponto de honra. Bem sei que estou sempre em desvantagem quando concorro com alguém que se esconde atrás do anonimato. Mas, deixe lá, também não é importante. Em desabafo, permita-me dizer-lhe que em democracia só deveria ser permitido dar voz a quem mostra o rosto. Mas se até a Administração Pública, seguindo o percurso do Estado Novo, dá crédito aos incógnitos quem sou eu para me indignar? Quando a maioria dos (poucos) comentários que recebo no blogue são dissimulados, o que hei-de fazer? Obviamente, lamentando a minha postura na aceitação, comporto-me da mesma forma que as autoridades deste país. Retrocedendo no principio, passei a dar-lhe a mesma importância que qualquer outro identificado. Isto mesmo, quase como ressalva, para entender porque plasmei o seu comentário.
Poderia até limitar-me a publicar a sua argumentação, porque creio que a crónica que escrevi está bem clara, mas tenho por ponto de honra nunca me esquivar a um bom debate de ideias, sobretudo quando é feito com elevação -como é o caso. Por estar certo de que não fui muito claro para si, por isso mesmo, vou responder-lhe tim-tim-por-tim-tim. Não quero que lhe falte nada. Homessa!
Vamos lá, então, à refutação:

A 1ª crítica focou-se no facto de que, ao contrário do que o Sr. Filipe Menezes disse, afinal havia um (pasme-se) um café aberto na Rua da Sofia, num sábado (!) às 18h (!). Fantástico. Foi este o seu argumento para carinhosamente deixar-lhe um manguito. Genial.”

Se quer uma sugestão, desloque-se à Rua da Sofia e fale com os empresários. Acredite, ficará logo a saber a razão de encerrarem quase todos ao Sábado à tarde. Eu sei porquê, mas não lhe quero subtrair o gosto de falar com eles.
Quanto ao manguito que deixei ao senhor Filipe Menezes, e aflora, digo-lhe, foi sobretudo pela prosápia dele em auto-vangloriar-se publicamente sobre o bom trabalho da Universidade em prol do turismo na cidade, a cuja equipa é parte importante. Se fosse assim um tão grande sucesso, a Rua da Sofia teria turistas a visitá-la -e não tem. No mínimo, deveria colocar a hipótese de admitir que a Universidade, enquanto promotora da candidatura à UNESCO, merece o respeito da cidade mas haverá pontos a limar, como, por exemplo, os trajectos viciados entre o Largo da Portagem/Almedina/Universidade e a Rua da Sofia que não recebe turistas por incapacidade das entidades representadas no painel. (Naturalmente que o manguito se mantém).

Permita-me, o nome da profissão é Guia Intérprete (G.I.) e não guia turística. Guia turístico é um livro.
A sua crítica: "Preferiu enveredar nos clichés habituais: a cidade está suja…”
Já pensou que estando um GI em contacto directo com centenas de turistas as queixas feitas tenham por base as próprias queixas dos turistas?! Será que só a um residente é permitido queixar-se? Não me parece.
Adjectivar de clichés situações reais como a sujidade nas ruas é, mais uma vez, de génio.
Diz o Sr. Luís Fernandes que "enquanto vendedor de um produto (GI), não pode ser tomado de apriorismos nem dizer mal do artigo que vende."
Não estou a ver nenhum GI queixar-se ao turista da sujidade nas ruas. O máximo que pode acontecer é, ao explicar ao turista a história da cidade, disfarçadamente e envergonhadamente, arrumar com o pé uma qualquer garrafa ou saco do lixo presente na rua.
À oradora (MJF): para a próxima vez que um turista se queixe do cheiro nauseabundo que habita nalgumas ruas, diga apenas: “por favor, isso é um cliché.” Não faça é manguito”

Se ler com mais atenção, ao longo do texto, verificará que também emprego a expressão Guia Intérprete. Este seu apontamento para desviar a atenção e fazer acreditar que está ligada à actividade não colheu.
Minha senhora, como não entendeu a minha crítica, vou explicar-lhe melhor. O que quis dizer é que aquelas pessoas, ali no painel, ligadas ao turismo, estavam em representação. Logo, não poderiam (nem deveriam) argumentar como se o fizessem como munícipes -e procederam assim. Se estivessem sentados na plateia, como cidadãos, é claro que seria admissível a sua argumentação. Não se pode confundir os papéis, minha senhora, são distintos. Em representação de uma entidade, o “mensageiro”, com poder delegado, está obrigado a manter um pensamento político na linha da estrutura da organização. Ou seja, tem de elevar o pensamento da constatação, formatada pelo que se ouve e lê, passando por cima da crítica legítima de cidadania e apresentando soluções. É isto que uma plateia espera de um grupo de eleição para falar de determinado tema.
Como disse uma pessoa que, ambos, conhecemos bem, “não há cidades perfeitas”. Pelo contrário, há burgos com qualidades e defeitos. Para um Guia Intérprete -repito, Guia Intérprete- é sua função enaltecer as qualidades e omitindo os defeitos -quer que lhe faça um desenho, Senhora? (Mantenho o manguito).

Achei curioso não ter feito nenhuma alusão ao comentário do senhor P.C. (Paulo Cosme)relativo às imagens da Rainha Santa.
Existem ou não? Um turista compra uma imagem da Rainha Santa (apenas a Santa Padroeira da cidade) com a facilidade que compra uma peça de cortiça? Não. Mas para o Sr. Luís Fernandes não é um problema. Pelo menos não ao ponto de merecer um manguito.”

Quantas imagens da Rainha Santa em barro precisa Vossa Mercê? Posso dizer-lhe que há várias lojas (incluindo a minha) que vendem o que o senhor Paulo Cosme procura. Aliás, nem precisa de ir mais longe, as lojas da “cortiça” também vendem. Como lê poucas vezes o meu blogue não sabe, se lesse, veria que escrevo muitas vezes sobre o quase desaparecimento da olaria de Coimbra. (Mantenho o manguito).

Oradora (Marli Monteiro) diz: "Uma grande empresa, que se queria instalar em Coimbra com uma loja, não veio porque encontrou uma cidade suja, porca."
Não se compreende. Será que a empresa não sabe que a sujidade na cidade é um cliché? Faz parte do encanto turístico, lembra a Idade Média, onde a limpeza não abundava. Falta de visão.
"Há ruas na cidade que eu não levo turistas, porque está tudo sujo. Eu vivo numa rua próximo do Hospital. Como é que podemos ganhar dinheiro com os turistas?"
Enquanto residente tem todo o direito em queixar-se. Enquanto guia intérprete não.
"Façam um mapa comercial. Há um certo sentido de repetição (…). São precisas livrarias, lojas de design, degustação de vinhos."
Para o Sr. Luís Fernandes, estas não são ideias válidas. Diversificar, ir ao encontro do turista, isso não. Manguito para estas ideias.”

Minha Senhora, claro que, sobretudo no referente a livrarias, lojas de design, degustação de vinhos, são ideias óptimas. Há um porém: tudo isto foi dito dando a impressão de que, na Baixa, não há lojas destes ramos. Acontece que, felizmente, em qualquer destas áreas referidas há alguns e bons estabelecimentos. Não vale a pena continuar. Como sabe, porque ouviu, isto foi dito num cenário de desastre e completa ignorância, como se não conhecesse a cidade. (Mantenho o manguito).

Carina Gomes, Vereadora da Cultura (título aposto pelo editor)

Concordo com a Sra. Vereadora. Em tudo. Nomeadamente na parte em que diz que continua muito por fazer.
Já o Sr. Luís Fernandes discorda da parte em que, de forma cordial e civilizada, esta se despede dos intervenientes com beijos e abraços ao invés de "chapadas" e "pontapés" por terem tido a ousadia de exporem publicamente as suas ideias, claramente não do seu agrado.
Discorda também do facto de a V. ter pedido (e) aos presentes para não falarem mal da cidade nas redes sociais.
Concordo. Em que termos? Tal como um GI (Guia Intérprete) deve vender bem o produto, o cidadão, não obstante o seu dever cívico de reclamar quando necessário, deve fazê-lo, neste caso nas redes sociais, de forma cívica, construtiva e em termos apropriados. Tal como os GI (Guias Intérpretes), as redes sociais também vendem o produto.
Este comentário tem por base o texto publicado neste blogue.
Quero acreditar, que o Sr. Luís Fernandes no debate tenha feito propostas, dado o seu ponto de vista, o que deve ser feito para que a cidade evolua.
Se se limitou a expressar o que este texto espelha: lamento, mas indignados e desesperados já há uns quantos.

Não há muito a dizer sobre este capítulo a não ser a sua repetida menção de que eu deveria ter feito propostas. Sabe muito bem que o ambiente foi mesmo “comezinho”. Para a próxima, se houver para mim -mas sou eu que decido, não é vossemecê, conforme me recomenda-, o painel em representação passa para a plateia. Bem-haja. (Não lhe deixo nenhum manguito).

1 comentário:

Anónimo disse...

Sr. Luis, o meu nome é António e juro que não tenho nada a ver com essa discussão ai em cima. Se, mesmo não me conhecendo e desconfiando se não terei outro nome, pudéssemos atentar aqui somente a factos e discutir sobre eles, agradecia. Eu já leio o seu blogue há muito tempo, não só porque é o melhor repositório de memórias da cidade (pelo menos de parte dela), como porque é um sítio onde verdadeiramente se discute a cidade. Tomara haver mais com a sua energia e gosto.
Eu vivi até à adolescência na Rua da Moeda e como o meu pai ainda por cima toda a vida trabalhou na baixa, conheço-a muito bem e a sua evolução. Quer-me explicar porque é que, depois de anos a falar no abandono da Baixa, incluindo sujidade, etc, agora a culpa é dos guias turísticos ou da universidade, que não fazem a sua promoção, ou porque falam mal dela? Nenhum turista deixa de cá vir, porque alguém, numa qualquer sala de Coimbra, ter dito isto ou aquilo.

Quanto aos guias, até eu hesito em levar amigos de fora à zona da baixinha. Tem o efeito contrário de relações públicas da minha cidade…. Se já é assim de dia, quanto mais à noite. Quanto à Universidade, quer se queira, quer não, tem feito uma boa promoção do seu património. Quanto à Rua da Sofia, a universidade até tem o seu património recuperado. Também deve fechar a rua ao trânsito e abrir lá espaços comerciais novos e modernos?
Os comerciantes passam a vida a queixar-se de os conimbricenses se terem passado para os centros comerciais. Qual foi a razão? Falta de guias turísticos para lhes explicarem as maravilhas da Baixa?