Depois
de cerca de cinco anos no Brasil, chegou ontem a Coimbra, a tempo de
assistir em directo e a cores ao Cortejo da Latada, o nosso
prestimoso, gentil, ponderado, autêntico, estimado senhor Almerindo Abrolhos.
Encontrei-o junto ao Café
Santa Cruz, o seu escritório temporário e permanente de outros
tempos. Quando me viu, levantando os braços em abertura do
Cristo-Rei, mandou um grito que, pelo alarido sonoro, só não causou
inquietação na Praça 8 de Maio porque os estudantes, em fila
indiana de carneirada e a conduzirem carrinhos de supermercado,
berravam mais alto que as ovelhas trazidas à cidade pelo presidente
da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, em Fevereiro último.
Depois
dos efusivos abraços, como era de prever, o meu amigo passou às
perguntas:
-Ó Toino, desculpa
lá, mas esta procissão do maralhal a empurrar os carrinhos de
compras é para fazer publicidade às grandes superfícies?
Titubeante, estava já
com uma resposta engatilhada mas nem me deixou começar a frase. Atirou outra.
-A Câmara
Municipal vai mandar as contas aos proprietários dos veículos, não
vai? Nomeadamente, por publicidade encapotada? Por circulação e
estacionamento proibido em zona protegida? E pelo trabalho de recolha
realizado pelos funcionários da edilidade?
E já agora, o
material recolhido, por não ter sido apresentada queixa na PSP por
furto, será declarado perdido a favor do Estado? É assim, não é?
Como já
estou habituado, nem ousei refutar. Com o Abrolhos, só ele tem
razão. Os outros não pensam e muito menos vale a pena falar. Como sempre fico desconcertado com este meu amigo.
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