quinta-feira, 14 de abril de 2022

MEALHADA: HOJE HOUVE REUNIÃO DE CÂMARA (1)

 

(imagem do jornal online Bairrada Informação)



Não se sabe se o facto de ser “Quinta-feira Santa” teria alguns coisa a ver com a espiritualidade do dia, com Sol brilhante a irromper pelas vidraças e uma sensação de paz respirável no ar do Salão Nobre da Câmara Municipal de Mealhada. Se, por hipótese, perguntassem à institucional fotografia de Marcelo Rebelo de Sousa, pendurada na parede em fundo, mais que certo, responderia que a boa harmonia perceptível no compartimento seria por obra e graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, em véspera da sua comemorada ressurreição. Se a mesma interrogação fosse feita a um ateu, aquele que não crê em Deus, nem em qualquer ser superior, diria, categórico, que era a Natureza no seu pleno desenvolvimento harmónico. Fosse por uma ou por outra justificação, a verdade é que o grupo de vereadores, hoje mais reduzido por falta de comparência de Luís Tovim (PS), que não se fez substituir, pareciam, todos, estar calmos e serenos.


*

Com a saudação da praxe por parte de António Jorge Franco, presidente da Câmara Municipal, e depois de uma explicação sumária em que interrogava se não haveria oposição a que, antes de entrar no Período de Antes da Ordem do Dia, se avançasse para o ponto 8, uma vez que o vereador Hugo Alves Silva precisava de se ausentar para uma reunião exterior em sua representação.

E passou-se ao ponto 8 da agenda - “Proposta ao Executivo para Alteração ao Regulamento do Espaço Inovação”.

Disse Hugo Alves Silva que o que se estava a propor era que alguns com chave pudessem entrar no Espaço Inovação depois das 17h00. “Sobre a questão da incubação, não quisemos começar logo em Novembro porque fomos alertados pelos serviços e subscrevemos. (…) Entre ser sede física e virtual não vejo diferença nenhuma”.

Interrompeu Rui Marqueiro, ex-comandante da edilidade e agora vereador da oposição em representação do PS: “Quanto à chave digital não vejo isso com bons olhos. Quanto a ser sede virtual, é o mesmo que ser uma “offshore”; designam aqui a sua sede sem nunca cá porem os pés.

António Franco atalhou: A entrada que vamos lá colocar não será por códigos de números ou letras. (…) Hoje não há acessos infalíveis.

O objectivo (desta sede virtual) é dar hipóteses a empresas que estão a dar os primeiros passos. Tem de haver uma escolha nas empresas, sobretudo na riqueza que possa vir para o concelho.

(…) Quando se dá tudo a coisa não funciona. Eu já estive no privado...

(…) Há uma grande quantidade de empresas a quererem vir para o nosso concelho.

(…) Vimos muitos lotes (na Zona Industrial) vendidos e sem construção. Devemos alterar esta situação…”


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E entramos no Período Antes da Ordem do Dia:


Filomena Pinheiro, vice-presidente, acerca da recente distinção do prémio “5 Estrelas” atribuído ao Leitão da Bairrada e à Mata Nacional do Bussaco, disse o seguinte: “foram 425 mil consumidores que votaram. Não nos custou nada este prémio”.

Continuou Filomena, “por outro lado, saliento o “garfo de Platina” atribuído ao Rei dos Leitões.

Franco: Este prémio “5 Estrelas” aumenta a nossa responsabilidade. Dou os parabéns a todos.

Marqueiro, bem-disposto, contou uma história sobre os cozinhados dos restaurantes distinguidos pelo “Guia Michelin”. E, sobre este assunto, terminou a sua intervenção dizendo que qualquer dia o “Rei dos Leitões” não tem onde colocar tanta platina.

A seguir o ex-chefe da autarquia questionou ainda sobre o o andamento do protocolo celebrado com o Instituto Politécnico de Coimbra.

Respondeu Franco: “Estamos a trabalhar com a CIM, Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, para termos um polo de ensino superior na Mealhada.”

Atalhou Marqueiro: “Parece-me que estão um pouco lentos nessa matéria.

Enfatiza Filomena: “A Mealhada foi, durante muitos anos, o pico do ensino profissional. Hoje é um polo da escola de Cantanhede.


E MARQUEIRO PARTE À OFENSIVA


Como diria o Professor Marcelo, estava tudo a correr tão bem, eis então que, sem avisar, Marqueiro lança um míssil de acção fragmentada, como quem diz a provocar danos colaterais, direccionado a Filomena: “As contas foram maquilhadas na EPVL, Escola Profissional Vasconcelos Lebre.

Por segundos, que pareceram minutos, caiu um estranho silêncio na sala, só quebrado por um estalido emanado da velha secretária onde Franco dirigia os trabalhos.

Mas depressa a nossa denominada “calamity Jane” saca dos dois colt’s e dá ao gatilho: “Não é verdade! A escola foi muitas vezes auditada. Traga as provas que afirma. Até lhe agradeço”. E o ambiente na sala tornou-se irrespirável.

As sirenes de alarme de incêndio retiniram numa grande algazarra. Coube ao chefe dos bombeiros, António Franco, lançar água nos diálogos acintoso e efervescentes que se aproximavam.


RESUMO DESTA PRIMEIRA PARTE


Retirando a indirecta perpetrada por Rui Marqueiro – que, conforme já escrevi, são os imprevistos que alteram a rotina e evitam que estas reuniões de câmara sejam todas iguais -, no geral estiveram todos bem. Se é certo que, por um lado, o anterior mayor, na qualidade de vereador da oposição, actua dentro da legitimidade para que foi investido, por outro, digo eu, os tiros de pólvora seca, como quem diz afirmações/acusações sem consistência, não enriquecendo o debate, seriam bem dispensáveis.

Ainda não passou muito tempo que, talvez por muito menos, Marqueiro fez uso de uma denúncia caluniosa no Ministério Público contra o vereador Hugo Alves Silva.

A meu ver, que já sou velhote e assisti a muitas sessões camarárias, esta Câmara Municipal, na forma como são conduzidos os trabalhos e são desvalorizadas as afirmações da oposição, remetendo-as para a abrangente discussão política onde cabe o bom e até o mau, são um bom exemplo para as restantes 307 autarquias do país.

Ainda que por vezes o povo não entenda, é assim mesmo que deve ser. Os eleitos, na sua representação popular, são como os advogados na barra a defenderem os seus constituintes. No tribunal/na câmara são opositores ferrenhos; na rua são respeitadores da individualidade e forma de ser cada um.

(Continua amanhã)

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