sábado, 2 de abril de 2022

A MEALHADA VAI TER UM JORNAL MUNICIPAL – ENTRE A MENTIRA E A MEIA-VERDADE

 





Ontem, dia 1 de Abril e tradicionalmente conhecido como dia das petas, escrevi que a Mealhada, à semelhança de Loures e Setúbal e entre outros, ia contar com um novo jornal municipal.

Obviamente que tendo a pretensão de ser verdade, pela decorrência do dia das patranhas, era mentira.

Vou explicar melhor, se o conteúdo noticioso, ainda que bem explicado e assente em dados factuais, era falso, já a forma estruturada, com recorrência à Lei substantiva e a descrição sobre o panorama geral da informação no concelho, pretendia ser verdade.

Por outras palavras, os mealhadenses precisam de mais e melhor informação escrita, quer seja em papel, quer seja através do digital. Necessitamos de meios, escritos e falados, que promovam a intervenção individual e colectiva.

Um concelho, enquanto unidade territorial, só atinge o pleno do conhecimento e da intervenção política cidadã se tiver um município, enquanto entidade administradora, preocupado com uma informação abrangente, ligeira na rapidez de chegar ao munícipe, clarificadora, sem ser distribuída em pacotes massificados, e que, pela variedade cultural e noticiosa, forme melhores cidadãos pensadores.

Estamos a comemorar o 50º aniversário da Revolução de Abril. Ora, a cada eleição que passa, sobretudo para as autarquias, a ladainha é sempre a mesma: “é preciso motivar o cidadão para a intervenção política e, retirando-o do sofá e da televisão, levá-lo a discutir nos fóruns próprios os problemas da sua rua, do seu bairro, da sua cidade”.

Palavras bonitas que não passam de um “slogan”. Passado o clamor eleitoral, todos adormecem no mesmo rame rame.

A ideia que perpassa é que enquanto na oposição todos os candidatos defendem uma mudança; depois de eleitos, como defesa e invertendo o discurso através da omissão, agarram-se ao situacionismo vigente.

Por vezes, e por mim me revejo, sobretudo em meios pequenos, o maior inimigo de quem chega de novo é o receio de afrontar instituições, vultos reconhecidos e instalados na sombra do poder.

Numa espécie de quadratura, prevalecem os intocáveis campos religioso, estatutário, económico e político. E, ao que se consta, a ligar os quatro ângulos rectos, um círculo. Este círculo a ligar a quadratura, ao que se diz, mesmo na clandestinidade, é o que exerce maior poder de controle sobre todos: a Maçonaria, essa eminência parda que, com uma aparente omnisciência e omnipotência, paira sobre o destino de um lugar habitado.

Alegadamente, como se um concelho fosse um gigantesco bolo, é divido irmãmente pelos interessados sentados na grande mesa redonda.

Lutar contra qualquer um deles é quase uma batalha perdida. Como estacas encravadas até ao interior da terra, removê-los é uma guerra titânica.

Agarrados à sua fatia de poderzinho e interesses mesquinhos, não fazendo, nem deixando fazer, estes arautos da caridadezinha e do bem-fazer são os maiores obstáculos ao desenvolvimento.

Para terminar, já que o pedido de desculpas a quem se sentiu magoado já vai longo, faço votos que esta mentirinha, mesmo sendo meia-verdade, não caia em saco roto.


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