(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Tudo
começou em 15 de Fevereiro,
último, quando me inscrevi na Divisão
de Atendimento e Apoio aos Órgãos Municipais para
intervir na sessão de Câmara de 25 do mesmo mês - o
Regimento das Reuniões prevê
que esta matrícula seja antecedida de cinco dias úteis.
Chegado
o dia e a hora, apercebendo-me do encerramento dos trabalhos e vendo
que não ia ser chamado a expor o assunto que me lá levou, invocando
que não estava inscrito, fui tratado com distância e desprezo pelo presidente da
Câmara Municipal. Enquanto
moderador dos trabalhos e chefe do executivo, Manuel
Machado estava obrigado a mandar verificar se estava ou não inscrito
na hora
– embora, saliento, é minha profunda convicção que, conhecendo o
meu papel em defender a Baixa há muitos anos, o líder camarário
actuou assim de livre e expressa vontade. Tanto é que,
posteriormente pedindo para fotocopiar o requerimento da inscrição
para verificar o que aconteceu, até hoje, e já lá vão dois meses,
nunca mais referiu o assunto. Sabendo
que houve erro, no mínimo, sendo
pessoa de bem, em seu nome ou dos serviços administrativos,
está obrigado a um pedido de desculpas.
Como
me senti humilhado pela sua postura, na sessão seguinte afirmei que,
a partir daí, desafiando-o a coartar-me o meu direito à livre
expressão, poderia contar comigo em todas as reuniões da Câmara.
A
partir desse dia, numa declarada obstaculização à minha
intervenção
de política cidadã – não faço política partidária, o que me
move é a cidadania pela polis – desde atrasar a intervenção
pública para uma, duas, mais de quatro horas, fazendo-me estar à
espera como se fosse um pecador, desde
adiar as reuniões várias vezes à pressa e sem critério que se entenda como objectivo de interesse público, sem me avisar atempadamente, até
tentando interromper as minhas intervenções no hemiciclo com ruído no microfone, tudo tem sido
feito para evitar a minha presença no executivo -saliento que
aquando da inscrição prévia fica registado o número de telefone e
e-mail. Já fiz vários
apontamentos no Livro de Reclamações, incluindo à entidade
reguladora que fiscaliza as câmaras municipais.
Hoje, mais uma vez, e em cima do joelho, foi adiada a sessão de Câmara das 17h00 para as 12h00 sem que fosse notificado e pudesse estar presente à hora adiantada.
Um
presidente – o político eleito
por voto popular - de uma
autarquia que assim procede para com um munícipe (que, por acaso,
sou eu) não merece o meu respeito cívico
e institucional.
Repito: não merece o meu respeito.
Enquanto líder de um grupo
político, pelo seu reiterado
comportamento em relação à minha pessoa, tudo
indica ser um ditador que,
envergonhando os seus pares,
não merece fazer parte da política, a mais nobre arte de construir
pontes em direcção à paz. Aliás, salvo
melhor opinião, este estadista
com letra pequena, pela sua forma
de agir, é um potente incentivador
ao conflito e à guerra.
Quarenta
e cinco anos depois do 25 de
Abril de 1974, cinquenta anos depois de “Peço
a palavra”, em 1969, de Alberto
Martins na Universidade de Coimbra, a
nossa Lusa Atenas, na qualidade de
cidadão e munícipe desta grandiosa urbe,
sinto vergonha de ter à sua frente um político deste
calibre que, manchando a democracia e bloqueando a intervenção
pública, não ouve, nem aceita
um diálogo protocolar para o
qual foi escolhido pela maioria para governar a cidade.
Se o político que escrevo pensa que com estas acções de obstrução me esmorece está muito enganado. Até à próxima reunião, senhor presidente.
Sem comentários:
Enviar um comentário