(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Hoje,
segunda-feira, enquanto comerciante e munícipe e na qualidade de
representante de vários colegas, estava inscrito desde 17 de Abril
para a sessão de Câmara, normalmente a ocorrer às 17h00. Sem que
fosse avisado pelos Serviços do Gabinete de Apoio ao Presidente, a
reunião foi antecipada para 11h00 e com intervenção do público às
12h00. Naturalmente, foi lavrado o protesto no Livro de Reclamações municipal.
Como
se vê, aparentemente, por deliberada intenção de me coarctar o
direito à livre expressão, não pude expôr os queixumes e os
contributos dos que concorrem para o estado em que se encontra a
Baixa comercial. Para os interessados fica a comunicação bloqueada:
EX.MO
SENHOR PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL, SENHORES VEREADORES:
Antes
de entrar no assunto que me leva a interferir
neste
executivo municipal,
começo com uma ressalva: volto à intervenção da Fiscalização
Municipal nas
ruas largas. A razão deste “chover
no molhado”
prende-se com o facto de na última sessão de câmara tudo ter sido
feito pelos serviços do Gabinete
de Apoio ao Presidente para
que eu não interviesse. Foi de tal modo a tentativa
de obstrução
que, por questões estratégicas, pensando que não conseguiria usar
da palavra,
fiz uma inscrição com
o mesmo assunto
também para esta sessão.
Por
conseguinte, tal como na anterior, estou aqui hoje como procurador de
alguns comerciantes da
Baixa.
Portanto, solicito que se
entenda
esta minha manifestação
como complementar da precedente.
E
vou começar pela mensagem de Rui dos Santos Luís, das centenárias
retrosarias Mateus, na Praça do Comércio, e Casa das Rendas, na Rua
da Sofia: “Senhor
presidente, na forma como a Baixa está, sinto-me atrofiado, sem
ânimo e diariamente com vontade de desistir. É
preciso que esta Câmara Municipal dê liberdade ao comerciante, com
cortes na exposição de rua e não onerando o espaço público
como está a fazer. Pela falta de pessoas, estou a atravessar
um momento complicadíssimo. O negócio nos últimos meses caiu a
pique. Para continuar, contrariamente ao que tem acontecido, preciso
de sentir um apoio declarado por parte da autarquia.”
E
agora vou dar a palavra a José Rénio, da Papelaria Cristal, na Rua
Ferreira Borges: “Senhor presidente, preciso de trabalhar! E
para isto acontecer não me posso sentir obstaculizado como acontece
actualmente por parte da Fiscalização Municipal que me impede de
expor na rua, em frente ao estabelecimento, como antigamente
se fazia. Da forma como está a ser feito o policiamento só concorre
para eu me desmotivar e encerrar. Com
toda a certeza, este não é o papel que deve caber à
edilidade. Trabalho desde criança no meu estabelecimento desde há
55 anos, primeiro como empregado, depois como patrão. Ultimamente
sinto-me profundamente desprezado e maltratado.”
Em
seguida, vou dar a palavra a Isabel Martins Pinto, com várias lojas
de artesanato na Rua Ferreira Borges: “Senhor presidente, não
posso continuar nesta situação de autêntico cerco por parte da
Fiscalização Municipal. Os produtos não estando expostos na
rua não suscitam a curiosidade de quem compra as nossas
lembranças. O turista que nos visita olha a
correr, é de passagem, e se não expusermos na via pública não
entra nas lojas. Tal como antigamente, preciso de ter quatro
expositores na rua e os laterais, na parede da fachada, preenchidos
com artigo. Estou na Baixa há 45 anos. Desde que a fiscalização
camarária mandou retirar os produtos expostos senti uma acentuada
quebra nas vendas.”
E
agora dou voz a Ana Isabel Freitas, com estabelecimento na Rua
Ferreira Borges: “Senhor presidente, começo por lhe dizer que,
falando com colegas, depois da abrupta retirada dos
artigos expostos em frente às lojas as vendas diminuíram. Para além
disso, os lojistas sentem-se incomodados,
nervosos, a ponto de até deixarem de dormir.
Precisamos de falar com a Câmara e sermos ouvidos. É preciso
quebrar a cortina de gelo que se instalou entre nós. Enquanto
comerciante, para planear o futuro, tenho necessidade de saber com o
que posso contar por parte da edilidade. Preciso de ter segurança
económica para continuar. Sem esta confiança absolutamente
necessária não sei se abrirei mais estabelecimentos.”
E
agora falo eu, Senhor presidente Manuel Machado: penso que, na sessão
de câmara antecedente e na de hoje, já tudo foi dito. Como alguém
escreveu em mensagem anónima deixada nas lojas comerciais há cerca
de três semanas: “A Baixa está de luto!”. Tal como
estava escrito no panfleto incógnito, está de luto, sobretudo, no
desgosto pela falta de intervenção política. O que espera para dar
um sinal de esperança a quem aqui trabalha e ganha a sua vida?
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