terça-feira, 23 de abril de 2019

CMC: A VELHA AUTARQUIA E AS NOVAS TECNOLOGIAS







Com este bombardeamento massivo, progressivamente,
sem conseguirmos escolher entre o essencial e o acessório,
estamos a transformar-nos em seres assépticos, sem princípios éticos,
e a deixar de reagir à emoção. Uma das consequências é o enfraquecimento
da comunicação inter-pares.”


Na próxima Quarta-feira, 24 de Abril, pelas 21h30, vai realizar-se no Terreiro da Erva o espectáculo Por Este Rio Acima”, álbum de Fausto Bordalo Dias editado em 1982. 
Segundo o jornal Notícias de Coimbra, O espetáculo foi uma das propostas vencedoras da primeira edição do Orçamento Participativo da Câmara de Coimbra, tendo recebido 33 mil euros, referiu o também autor da candidatura.
Em comentários no Facebook sobram as queixas divididas entre o grau de pouco conhecimento geral e, sobretudo para outros, que o evento está devidamente publicitado pela autarquia. É assim, ou não é? Talvez sim! E talvez não! Ou talvez que é preciso mudar o paradigma de comunicação?
Pelo sim, de que o evento tem a difusão necessária, a consubstanciar , vou fazer uso de um comentário que reza assim: “Pouco ou nada (publicitado)? Tem vindo nos jornais, no facebbok, no instagram, em outdoors na rua... talvez o melhor seja a Câmara colocar um papelinho na caixa do correio de todos os moradores de Coimbra, não???” .
Pelo não, pelos que defendem a fraca propaganda do acontecimento, os comentários, onde grassa o completo desconhecimento sobre o que trata, atestam que não têm informação.
E então vou falar numa mudança absolutamente necessária na informação camarária, cultural e outras.
É facto que nunca como hoje houve tanto instrumento de propagandear seja lá o que for. É verdade também que, parece-me, com o passar do tempo e aumento de oferta de espectáculos e meios noticiosos, estranhamente em Coimbra, os queixumes têm vindo a aumentar.
Ora, a ser assim, estamos perante uma contradição que não faz sentido. Ou faz? Hoje, em overdose diária, estamos a ser bombardeados com tamanha carga de informação geral que o nosso cérebro, embora diferencie com dificuldade o mais e o menos importante, não memoriza e acaba a repelir o relevante. Por conseguinte, entra tudo a cem e sai a duzentos. Com este matraquear massivo, progressivamente, sem conseguirmos escolher entre o essencial e o acessório, estamos a transformar-nos em seres assépticos, sem princípios éticos, e a deixar de reagir à emoção. Uma das consequências é o enfraquecimento da comunicação inter-pares. Se tomarmos alguma atenção, há cada vez um maior número de pessoas que ou não atende deliberadamente o telemóvel e não se digna devolver a chamada. O valor maior de escutar alguém, conhecido ou desconhecido que nos quer falar, deixou de fazer sentido para muitos. E no caso de não se identificar o número, então o mais certo, é um bloqueio sistemático.
Por incrível que pareça, estamos a afastar-nos cada vez mais do grupo, do todo, do massificado, do vazio do abstracto, e cada mais a aproximar-nos do concreto, das coisas pequenas, do singular.
Por tudo isto, a informação cultural da cidade, para além dos meios normais de divulgação pública, deve ser personalizada e direccionada aos interessados que a requeiram e solicitem. Não deve ser difícil construir uma base de dados e, diariamente, passar a informação por mensagem, por e-mail ou via telefónica.
Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé!


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