(Foto do Jornal de Notícias)
Helena
Freitas, bióloga e professora universitária, num texto escrito e
inserido no 18º aniversário do semanário Campeão das Províncias,
em indirectas muito claras, manda um pancadão no executivo liderado
por Manuel Machado que não é brincadeira.
Helena,
que já foi líder de bancada do Partido Socialista na Assembleia
Municipal de Coimbra e uma forte promessa para ocupar a cadeira maior
do município, na Praça 8 de Maio, e mais recentemente foi responsável
pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior, cargo que
abandonou em Julho do ano passado, é uma mulher de surpresas. Como a
querer separar o trigo do joio, como se dissesse eu não me
identifico com este procedimento nem tenho nada a ver com esta gente,
com esta carta desempoeirada, a demarcar-se de uma política local
medíocre, Freitas faz-nos acreditar que nem todos são iguais, nem
tudo está perdido na corrompida e lodosa vida política portuguesa.
Gostei,
sim senhora! Volta e meia, quando a noite cai doce e serena numa
terra de pasmaceira, há sempre alguém que irrompe e, reescrevendo a
história, não aceita o situacionismo morno, paladino e bacoco.
Escusado será escrever que há muitos seus correlegionários com as
orelhas a arder.
Uma
grande salva de palmas para a princesa dos olhos tristes!
Fica
então a crónica de Helena Freitas no aniversário do jornal, Maio
2018:
“Um outro rumo para Coimbra
Coimbra
é a cidade universitária do país, e esta condição histórica e
singular, deve representar uma evidente mais valia quando se projeta
o desenvolvimento e as opções do presente, e sobretudo, na ambição
colocada quando se perspectiva o futuro. Outra condição que importa
invocar é o papel de Coimbra na região centro; durante muito tempo,
foi a sua capital regional, a sua urbe cultural, a referência para
um conjunto alargado de serviços e, até certo ponto, o seu modelo
de progresso. É com esta amplitude de referência que interpreto a
evolução recente da cidade, desejando que possa adoptar um outro
rumo.
É
preciso reconhecer que a liderança regional de Coimbra é contestada
- ou mesmo rejeitada - há algum tempo, e a sua influência política
no plano nacional é hoje uma quimera. É por isso com desconforto e
extrema inabilidade, que a urbe do Choupal se confronta consigo
própria, com um estatuto despojado da notoriedade de outrora, ainda
que a sua indignação seja pacífica, própria de quem aceita que as
razões para esta decadência são provavelmente legítimas.
Mas
vai sendo tempo de pôr termo às lamúrias, e afirmar um projeto
inspirador e mobilizador da cidade e das gentes de Coimbra. Coimbra
pode e deve aspirar a ser a cidade com maior empenho e
responsabilidade no desenvolvimento sustentável da região,
impulsionando uma agenda de inovação e de transferência de
conhecimento para a atividade económica e para o bem estar das
comunidades. O conhecimento é hoje o principal ativo para a
construção de um projeto de desenvolvimento inclusivo e
progressista, e as instituições universitárias da cidade, em
articulação com as redes associadas às incubadoras e empresas da
região, envolvendo as organizações da sociedade civil e os
cidadãos, podem construir a trajetória mobilizadora de Coimbra. A
educação e a ciência têm que alicerçar as soluções capazes de
proporcionar prosperidade e uma vida melhor para todos, ajudando a
combater as desigualdades e o acesso aos recursos essenciais.
Coimbra
não tem dimensão para estruturar uma área metropolitana, e muito
menos o desígnio de disputar a primazia no equilíbrio regional com
as duas áreas metropolitanas do país, mas Coimbra deve ambicionar
ser um exemplo de urbe moderna e atrativa, assumindo a sua dimensão
e a sua história, afirmando-se com audácia num mundo global.
Coimbra
deve assim apostar em primeiro lugar na qualidade de vida dos seus
habitantes, e dos seus visitantes, configurando as infraestruturas e
a organização da cidade ao acolhimento respeitador das crianças,
dos idosos e dos cidadãos com necessidades especiais, dando
prioridade aos problemas das pessoas, assegurando a participação da
comunidade no debate e na decisão; uma cidade amiga da transparência
e uma administração campeã das melhores práticas, integrando
metas ambientais, sociais e económicas na definição das políticas
sectoriais; uma cidade ecológica, cuidando do espaço público e
valorizando o património e os espaços verdes, apoiando a economia e
o comércio local, promovendo a cultura e a diversidade, apostando na
qualidade da oferta educativa e formativa, defendendo um rede robusta
e justa de cuidados de saúde. Estas são necessariamente as
bandeiras de uma cidade que quer fixar os jovens, garantindo
investimento qualificado e emprego. Os novos tempos e os desafios da
modernidade exigem um outro rumo para Coimbra, e já se faz tarde.”
Helena Freitas
1 comentário:
Excelente!
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