quarta-feira, 23 de maio de 2018

CMC: A OPOSIÇÃO, O ATRELADO E O SUPERVILÃO MALÉFICO

Resultado de imagem para executivo municipal de coimbra, 2017
(Foto desviada do jornal Notícias de Coimbra)




Basta olhar para a história recente, das eleições de há seis meses atrás:
os Cidadãos por Coimbra (CpC) perderam o único vereador; a CDU
perdeu cerca de 1500 votos; a coligação dos partidos da direita baixou
a sua votação e perdeu um vereador; o PS manteve o seu eleitorado de
2013 com cerca de 35%; a abstenção foi de cerca de 44%.”
Quem acompanha minimamente a política local através da comunicação escrita e redes sociais, se perder um minuto para pensar, fica surpreendido com o que se passa na Câmara Municipal de Coimbra.
A pouco mais de seis meses passados sobre as eleições autárquicas (Outubro de 2017), a um ano das eleições para o Parlamento Europeu e a 17 meses das eleições legislativas, vale a pena tentar uma análise sobre o situacionismo.
Comecemos pela composição dos vereadores eleitos no executivo: 5 pelo Partido Socialista (PS) (com pelouro).
Um eleito pela Coligação Democrática Unitária (CDU, agregando o PCP e o PEV, (com pelouro).
Pela Coligação Mais Coimbra, composta pelo PSD/CDS-PP/MPT/PPM, foram eleitos 3 vereadores (sem pelouro).
Pelo movimento Somos Coimbra foram eleitos dois vereadores (sem pelouro).

PORTANTO...

Ou seja: se considerarmos que a CDU é oposição, as forças de contestação são maioritárias no hemiciclo, isto é, seis contra cinco. Por conseguinte, o PS é minoritário no executivo.
Como complemento, lembro que também na Assembleia Municipal de Coimbra o PS, igualmente, está representado em número inferior de deputados.

MAS...

Aqui surge uma interrogação: a CDU no executivo, ainda que em parceria, faz parte integrante da governança PS ou, pelo contrário, faz parte da oposição? Ou nem uma coisa nem outra?

PASSEMOS À FRENTE...

Quem lê as declarações escritas, quer nos jornais locais ou nas redes sociais, dos representantes da oposição, da Coligação Mais Coimbra e do movimento Somos Coimbra, e da ambígua CDU o que apreende?
Avancemos pela Coligação Mais Coimbra. Comecemos no Facebook, na página individual de cada um dos seus vereadores:

Madalena Abreu, com cerca de 3600 amigos, o léxico ideológico de proximidade vai da CDU ao PS, passando pelo CDS até ao movimento Somos Coimbra.
Embora com um trabalho político de embaixadora, com punhos de renda, nota-se ser a mais atirada em grandes textos de reflexão, quer na Internet quer no jornal Diário as Beiras.
Lendo os seus comentários na rede social desta professora universitária, pressente-se, por um lado, um cuidado em não ofender alguém, por outro, uma grande necessidade de agradar a gregos e a troianos.

Paulo Leitão, com 3250 amigos, a variedade ideológica distribui-se entre todos os partidos, desde correlegionários laranja até à CDU, passando pelo PS e o CDS.
A criação escrita na rede social deste engenheiro é pouco profícua. Sem grandes tiradas criativas, lendo o pouco que plasma, não se adivinha muito sobre o seu pensamento político.

Paula Pego, com pouco mais de uma centena de amigos na Internet, parece apresentar-se muito comedida e pouco a exposições mediáticas. Sem rasgo ideológico que a cole muito à Social Democracia, esta professora universitária não mostra o que vai na sua alma sobre o futuro de Coimbra.

Sobre os vereadores do movimento Somos Coimbra podemos percepcionar:

José Manuel Silva, com 5000 amigos no Facebook, esgotando e fechando a porta a mais amizades, este vereador, nos relacionamentos de proximidade ideológica, abarca membros locais de todos outros partidos à esquerda e à direita.
Este médico e professor universitário no activo é, sem margem para dúvidas, o “enfant terrible” da oposição regional. Na página do movimento que preside são constantes as setas envenenadas e frustração derramada de nada poder fazer contra o líder do executivo Manuel Machado. Acusa regularmente o autarca do PS lhe barrar sistematicamente as portas até na consulta de documentos necessários ao seu trabalho de edil.
Em nome do movimento a que preside, os adejectivos de “déspota”, “autocrático”, surdo, mudo são repetidos. É também recorrente a acusação a Machado de ostracizar as propostas do agrupamento político.
Como um superdotado sempre em acção, uma espécie de sempre-em-pé, é notória a sua capacidade de resistência e ambição de tentar aglutinar apoios na cidade que lhe venham a garantir a reeleição no próximo mandato.

Ana Bastos, sem se poder contabilizar o número de amigos no Facebook, adivinha-se que esta vereadora e professora universitária contabilize muitas centenas senão milhares.
Na sua página não se vislumbra um pensamento político pessoal. O que aparece em copy-paste são textos prolixos do movimento Somos Coimbra.

Sobre a CDU podemos perceber o seguinte:

Francisco Queirós, o vereador eleito pela Coligação Democrática Unitária e na Câmara com pelouros desde 2009, na sua página do Facebook a cerca do número de amizades não deixa muito a descoberto. Nas largas dezenas que dão para ver, desde a esquerda à direita é abrangente o léxico ideológico.
Percorrendo o site, é recorrente a criação literária e a defesa dos ideais comunistas. Na sua página raramente responde a interpelações.
Nos seus artigos de opinião no Diário as Beiras -como o desta última Segunda-feira, 21 de Maio, em que aflorava o estado degradado da Baixa- é manifesta a demarcação averbada das políticas socialistas no concelho de Coimbra.

MAS, AFINAL, TANTO PALEIO PARA QUÊ?

Correndo o risco de nem um leitor chegar ao fim, alonguei-me nesta crónica. De modo aborrecido, com uma intenção deliberada, mostrei o que me pareceu de relevante nas suas páginas do Facebook. E porquê? Por três motivos:

No primeiro, foi tentar mostrar que a ideia de total incapacidade na governação conimbricense que os partidos da oposição, incluindo a CDU, passam aos munícipes é falsa.
Perfazendo a coligação Mais Coimbra, o movimento Somos Coimbra e a CDU uma maioria de seis vereadores é muito fácil, acordando entre si, de fazerem aprovar qualquer moção, proposta e tomadas de posição.

Na segunda justificação, tendo em conta as relações transversais entre a esquerda e a direita por parte de cada vereador da oposição na rede social, dá para constatar que não se unem no parlamento camarário porque não querem. Em especulação, provavelmente, pela lógica partidária egoísta, dá mais jeito continuar a choramingar e a fazer dos socialistas no poder uma espécie de muro de lamentações.

No terceiro fundamento, valendo o que valer este escrito, é alertar para as três forças em presença que continuar a seguir o mesmo procedimento político de desunião, que já vem desde 2013, mais que certo, vai ter custos elevados.
Basta olhar para a história recente, das eleições de há seis meses atrás: os Cidadãos por Coimbra (CpC) perderam o único vereador; a CDU perdeu cerca de 1500 votos; a coligação dos partidos da direita baixou a sua votação e perdeu um vereador; o PS manteve o seu eleitorado de 2013 com cerca de 35%; a abstenção foi de cerca de 44%.
É preciso fazer um desenho?
Se a CDU não mostrar ao longo destes três anos e meio a descolagem do PS corre o sério risco de nas próximas eleições para a Câmara de Coimbra perder o seu único vereador.
Se a coligação Mais Coimbra não mostrar mais empenho, está de ver, os resultados da próxima eleição vão ser catastrófico, sobretudo para o PSD.
Se o movimento Somos Coimbra não for muito mais além do que parece ir e não surpreender, pode acontecer o mesmo que ao CpC, que elegeu apenas deputados para a Assembleia Municipal.
Era bom pensar que, contrariamente ao que se diz, estes movimentos independentes de cidadãos são efémeros. As pessoas votam neles como experiência na novidade e na esperança de serem diferentes dos partidos. O passado recente já mostrou que não são. E quando assim acontece, depois de uma tentativa vã, os eleitores regressam aos agrupamentos partidários, que, apesar de todos os vícios já descritos e apesar de tudo, oferecem mais segurança e liberdade democrática.
E fico-me por aqui. Não fui muito longo, pois não?

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