Conforme
estava anunciado, ontem, quinta-feira, Francisco Queirós, vereador
eleito pela CDU, Coligação Democrática Unitária, com os pelouros
da Habitação e Desenvolvimento no Executivo de maioria socialista,
estava presente na sede do PCP, Partido Comunista Português, na Rua
Adelino Veiga, para receber os comerciantes e ouvi-los sobre a grave
crise que se abateu na Baixa de Coimbra.
Depois
de fazer uma introdução, justificando o motivo porque queria ouvir
de viva voz os comerciantes, o simpático professor passou a foice
e o martelo, como quem diz, passou a palavra para a curtíssima
assistência.
Como
ressalva, para além do político com assento no Executivo municipal,
não vou identificar os doze magníficos que corresponderam ao apelo
do camarada nem a quem cabe as frases que se vão seguir.
COMERCIANTES
PARA O PELOURINHO DA PRAÇA VELHA. JÁ!
A
primeira pessoa que tomou a palavra foi uma senhora. E disse o
seguinte: “Já estive em várias reuniões como esta e o
resultado é sempre o mesmo. Ou seja: nada! Já todos sabem e
conhecem os problemas!
Aos
Domingos e Sábados à tarde está tudo fechado. Qualquer dia não
temos restaurantes para comer. Estão só vocacionados para turistas.
Queixas ouvimos todos os dias de turistas e de pessoas que vivem cá.
Nunca
vi uma cidade tão porca como esta! Eu vejo poucos comerciantes a
varrerem a rua. Não há uma atitude proactiva para mudar.”
A
seguir, numa espécie de pingue-pongue entre duas veteranas da arte
de negociar, foi outra senhora. Disse o seguinte: “Na questão
que aflora sobre os restaurantes, eu indico o “Zé Neto”, o
“Giro” e o “Paço do Conde”.
Os
candeeiros da Praça do Comércio estão todos com vidros partidos.”
Retorquiu
a primeira arguente: “não sou comunista, mas sou uma activista.
Se calhar, já fiz mais barulho nesta cidade do que na minha, em
Santarém.”
E
responde novamente a segunda: “eu estive sempre em todas as
reuniões onde a senhora esteve. Estive em todas as que foram
realizadas pela APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra.
O que é que isso deu?”
E
volta a jogada novamente para a primeira tenista: “se calhar é
preciso unirmo-nos. Se calhar é preciso perguntar o que se pode
fazer para ajudar e deixar de reclamar.”
MACHADO,
INIMIGO PÚBLICO
Como
o jogo estava a ficar um tédio,
meteu-se um homem no meio das duas mulheres: “a
senhora fala muito bem... -dirigindo-se à primeira arguente. Nós
na rua da Sofia pedimos para falar com o presidente da Câmara e
ainda não conseguimos falar com ele. Eu até podia falar com ele,
mas ele já deu respostas desagradáveis a quem o abordou na rua. Eu
podia abordá-lo, mas para quê? Ele não ouve ninguém! Segundo
pessoas que conheço, ele é extremamente indelicado. Ele fez uma
praça de touros (no Terreiro da Erva).”
A
solidariedade institucional a funcionar. Em socorro do colega avança
outro: “em relação à Baixa agora, sobre o que vou dizer,
adivinho, não vão gostar. A Baixa não tem viabilidade. Não temos
pessoas na Câmara que nos apõem.
Era
preciso reunir com quem trabalha com os turistas.
Começo
com o estacionamento. As pessoas dizem que não há
estacionamento. Há muito! É é caro! Eu tenho o meu carro num
parque de estacionamento a pagar. Há comerciantes que têm os carros
na rua de manhã à noite.
Prossigo
com a limpeza. É uma vergonha o que se passa com as pessoas que
fazem lixo na rua.
Entre
a Praça 8 de Maio e o Largo da Portagem há 17 lojas fechadas. Na
Rua da Sofia há várias e dentro de dias vai fechar outra.
Se
a autarquia não nos ouvir é difícil sair desta situação.
A
taxa de ocupação de espaço público era de 10 euros por ano e
passou para 10 euros por mês!”
VIRA-SE O
PREGO PARA A NOVA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL
A
primeira senhora, a que tinha perdido a bola para um homem, tratou de
recuperar a jogada. E avançou assim: “formou-se uma associação
e não foi dada qualquer informação. Não sei o que querem! Deviam
antes reunir com os colegas e perguntar se estamos de acordo com o
que se pretende. Não é assim que se fazem as coisas!”
Mas
o nosso homem que chamou indelicado a Machado estava atento. E tratou
de lhe retirar a partida: “espere para ver! A APBC fez o
contrário e não vale nada! Mas eu dou razão à senhora”,
contemporizou.
Mas
o colega da Rua da Sofia, o que contou as lojas fechadas,
lançando-lhe um laço, retira-o temporariamente da jogada: “a
APBC foi criada na ACIC. No anterior mandato de Machado, que terminou
em 2001, ele chumbou a ideia. Só foi implementada no tempo de Carlos
Encarnação. Os órgãos directivos da APBC são nomeados pela
Câmara. Deviam é serem eleitos pelos comerciantes!”
CURIOSIDADES
NESTA JOGADA DA ASSOCIAÇÃO
Sobre
a recém-criada associação, a nova AICEC –Associação de
Industriais, Comerciantes e Empresários de Coimbra- deu aso a dois
notórios fora de jogo que, no mínimo, deveriam ter resultado em dois
cartões amarelos.
O
primeiro cartão em falta foi quando Queirós, naturalmente
apresentando-se pela esquerda, pergunta ao argumentante: “associação?
De que associação estão a falar?”
Foi
implícito que o camarada Francisco anda demasiado embrenhado na
leitura de O Capital, de Karl Marx, e menos na análise dos jornais
locais.
O
segundo cartão amarelo que não foi mostrado e deveria ter sido foi
quando se falou do (mau) procedimento do executivo da nova a
associação e não se ouviu um pio. Estranho, muito estranho, porque
havia ali no grupo de comerciantes dois membros da direcção da AICEC.
Dá para perceber? Se calhar até dá, mas isso fica para outras
núpcias.
Sem comentários:
Enviar um comentário