(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
“Esta
página tornou-se, volto a afirmar,
uma
sucursal do "Somos Coimbra".
Já
que ninguém passa pela página própria
do
Facebook, passam as publicações deles
por
aqui amiúde, diariamente!”
Há
dias, e não foi a primeira vez, um membro da Página da Câmara
Municipal de Coimbra (Não Oficial) fez o seguinte comentário: “Esta
página tornou-se, volto a afirmar, uma sucursal do "Somos
Coimbra". Já que ninguém passa pela página própria do
Facebook, passam as publicações deles por aqui amiúde,
diariamente!”
A
resposta dada foi assim: (…) tenho
a certeza de que está a ser injusto. Nesta página cabem todas as
ideologias, tendências e credos desde que cheguem cá. Que haja
alguma força partidária que venha dizer que não demos à estampa
uma qualquer sua publicação. Se o movimento Somos Coimbra é o mais
dinâmico em termos de comunicação a culpa será dos
administradores desta página? Tenha paciência, mas acho que essa
sua acusação, por ser tremendamente injusta, não lhe fica bem!”
Antes
de prosseguir, a título de ressalva porque nem todos conhecem o
sítio da Internet, esclareço que o mural foi criado, há cerca de
três anos, por um cidadão de nome Gonçalo S. Gunty, que não
conheço pessoalmente. Embora não habite na urbe, alegadamente
apaixonado por Coimbra teve por objectivo criar um painel virtual
independente onde coubessem publicações e comentários, em jeito de
lamento ou elogio, sobre acções e omissões decorrentes na cidade
e, por reflexo natural, que o órgão administrativo de
superintendência municipal tomasse conhecimento e viesse replicar.
Certamente
por verificar que eu serei porventura, o “cliente”
que mais publica crónicas na página, convidou-me para moderador. Em
que assentou o seu critério de escolha ainda estou para saber.
Esclarece-se
ainda que este mural não oficial com assento digital detém 5992
membros.
Decidi
pegar neste assunto porque, como escrevi em cima, embora a
participação escrita de outros partidos ou movimentos não seja da
responsabilidade dos administradores do site, de facto, pode gerar
algum prurido nada melhor do que falar abertamente da matéria em
causa.
E
depois da constatação, isto é, de que os partidos locais com
assento parlamentar, dos vereadores com e sem pelouros atribuídos,
exceptuando o movimento Somos Coimbra, comunicam pouco com os
eleitores, vamos a especulações:
Comecemos
pelo Partido Socialista, que ganhou as últimas eleições em Outubro
de 2017 para autarquia e, em 11 lugares, elegeu 5 vereadores. Que me
lembre, considerando o anterior mandato também de liderança
socialista, perante centenas, senão milhares de questões formuladas
por conimbricenses, pequenos problemas que por vezes são enormes
para quem os enfrenta, até agora, nunca o Gabinete de Comunicação
da Câmara Municipal de Coimbra se dignou vir dar nota. Por
arrastamento, provavelmente os departamentos responsáveis pelo
suprimento das queixas dos munícipes também nunca deram um “ai
espera aí que já lá vou!”
-por vezes, isoladamente, são alguns funcionários da edilidade que
comentam ou escrevem que vão dar conhecimento superior.
Há
tempos, um membro da página comentou um problema que visava
indirectamente um vereador com pelouro no executivo. Como faz parte
da lista dos meus denominados amigos
no Facebook, entrei em contacto com ele, via email, e interroguei se
não queria comentar. Não houve resposta.
Ao
não interagir com os membros do site, nem que fosse através do
oficial gabinete de comunicação, salvo melhor opinião, o executivo
de maioria socialista está a desperdiçar uma oportunidade de ouro.
Ao fechar-se na sua concha, parece mostrar medo dos comentários que
possam advir. Consigo entender mas, se, enquanto lista proposta pelo
partido, o grupo de poder foi candidato ao lugar e foi eleito, é
óbvio, tem que demonstrar manter uma certa tolerância com quem
discorda das suas soluções ou métodos governativos. O que cada
recorrente particular está obrigado é a utilizar argumentos e não
ofensas ao desbarato -e para isso, enquanto moderadores, cá estamos
para expulsar quem não cumprir as regras de convivência social.
Passemos
à CDU, Coligação Democrática Unitária composta pelo PCP e PEV.
Que me lembre, nunca o vereador eleito com pelouros, Francisco
Queirós, publicou ou simplesmente comentou qualquer assunto que lhe
diga respeito, directa ou indirectamente. Tal como os restantes
vereadores com pelouro, o mutismo é o seu discurso habitual.
Foquemos
agora a coligação Mais Coimbra, composta pelos partidos
PSD/CDS-PP/MPT/PPM. Dos seus três vereadores, sem pelouro, o único,
no caso uma senhora, que vai publicando qualquer coisa é Madalena
Abreu. Dos restantes dois eleitos pouco ou nada se sabe. Correndo o
risco de estar a meter
foice em seara alheia,
mais uma vez defendo que estes edis não estão a aproveitar um
instrumento que, em princípio, chega a seis mil pessoas (embora nem
todos sejam votantes na cidade).
E
agora, para terminar, para analisar, resta-nos o movimento Somos
Coimbra. Na qualidade de eleitor independente e moderador, constato
que, em comparação com os pares com assento no hemiciclo, este
agrupamento político utiliza muito a página para passar a sua
mensagem. Ainda bem que o faz, porque, enquanto contrapoder, ao
realizar a sua acção noticiosa, por um lado, está a contribuir
para a formação política dos conimbricenses, por outro, é um
recurso que está a ser bem usado já que os jornais locais pouco
escrevem sobre as propostas da oposição -saliento que este problema
não é recente, de tão antigo já tem barbas brancas. A nossa
comunicação social está mais receptiva ao poder que manda na Praça
8 de Maio do que os oponentes. Ora, está de ver, já o escrevi
várias vezes, esta assimetria de poder gera um tremendo
desequilíbrio e contribui para (de)formar cidadãos num pensamento
único e, por vezes, num politicamente correcto. Portanto, não é de
admirar que, parafraseando um amigo analista que também escreve
muito, a cidade dos doutores não tenha a chamada “sociedade
civil” ou “massa
crítica”.
Quem
procura ir ao fundo das coisas, facilmente verifica que, por cá,
grassa a palmadinha nas costas no poder instituído ou no candidato
que se prevê vir a ocupar a cadeira no futuro. Em público,
raramente as pessoas dizem o que pensam seja lá sobre que assunto
incidir mas, se for político, então o “camaleonismo”
salta imediatamente e a máscara afivela-se com despudor. É uma
espécie de jogo de espelhos entre o trafulha
e a vítima,
em que ambos estão à defesa. Um e outro sabem que dali não levam
nada mas, pasme-se, continuam a alimentar o desafio para inglês
ver. É um bocado
triste, para não dizer asqueroso, mas é o que temos.
Não
sei se, com esta longa história, trouxe um pouco mais de luz. Mais
que certo não acrescentei nada, mas fica a intenção. Quem quiser
noticiar qualquer assunto, seja particular, instituição, movimento
ou partido, estamos sempre abertos para o fazer. Aliás, só assim se
entende o objecto da Página da Câmara Municipal de Coimbra (Não
Oficial).
1 comentário:
https://aomegafone.blogspot.com/2018/06/mais-informacao-sobre-as-reunioes-da.html
Citei este artigo, espero que não leve a mal.
Se achar que devo alterar diga.
Cumprimenta
Rui Rodrigues
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