(Imagem da Web)
A
Polémica sobre a reposição do transporte rápido entre Serpins e
Coimbra aí está novamente com o anúncio nos jornais diários de
hoje em que o projecto apresentado pelo Governo preconiza a ligação
por autocarros eléctricos ou híbridos (BRT, Bus Rapid Transit
é um tipo de sistema de transporte público baseado no uso
de pequenos autocarros. Um verdadeiro sistema BRT geralmente tem
design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a
qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. Às vezes
descrito como um "metro de superfície", o BRT visa
combinar a capacidade e a velocidade do veículo leve sobre
trilhos com a flexibilidade, baixo custo e simplicidade de um
sistema de linhas de transportes colectivos. Retirado de aqui.
Para
melhor se compreender esta história surreal e sem fim à vista, recorda-se que
foi em Dezembro de 2009, sob a égide do governo de Sócrates (PS),
com a promessa de substituição por um metro ligeiro de superfície
que abarcava a cidade de Coimbra desde a Estação Velha até aos
Hospitais da Universidade, que começou o levantamento dos carris na
linha da Lousã. A partir daqui foi um filme para esquecer. Desde só
depois dos carris arrancados e verificar-se que não havia dinheiro
para a reposição de um transporte ferroviário até às três
autarquias envolvidas, Coimbra, Miranda e Lousã, a não se
entenderem, houve de tudo. Só para ver o descontrolo, só depois do
desmantelamento da ligação por caminho-de-ferro, em 19 de Janeiro
de 2010, é que o Secretário de Estado dos Transportes, Carlos
Correia da Fonseca, veio afirmar que a construção da 2ª fase do
projecto Metro Mondego (MM), que ligava a Baixa aos Hospitais da
Universidade (HUC) dependia do estudo custo-benefício para
demonstrar a sua viabilidade.
Também
ainda em 2010, por parte do governo Sócrates, a ideia de implantar o
transporte BRT esteve em cima da mesa mas as câmaras envolvidas não
aceitaram.
Veio o governo liderado
por Passos Coelho, também com o ministro Poiares Maduro a sugerir o
BRT, e as promessas de cumprimento continuaram a entreter e a servirem de alavanca para os sufrágios.
E
chegámos a Maio de 2017, a quatro meses das eleições autárquicas,
e mais uma vez aí está em cima da mesa a prometida concretização
do folhetim Metro Mondego.
UM
REMAKE
Como
um filme de sucesso que já vimos há muito tempo, temos aí uma nova
versão assente na mesma narrativa e no mesmo enredo.
Mais uma vez, é de
supor, as entidades envolvidas vão empregar a mesma tática. Na
próxima sexta-feira o Governo vai dizer que está disposto a
financiar um transporte BRT, usando o canal já existente e outrora
ocupado por comboios, ligando a periferia à cidade e aqui
percorrendo o mesmo percurso idealizado até aos HUC.
Há especialistas em
transportes que não apadrinham a ideia. Mas há quem defenda. Por
parte dos parceiros políticos do Governo esta medida de implementar
o BRT não é unânime.
Nesta
nova versão 2017 há uma alteração substancial que, finalmente,
pode mudar tudo. Contrariamente ao cenário político em 2010, desta
vez temos as autarquias, Coimbra, Miranda e Lousã, sob a mesma
bandeira rosa. Pode ser que seja desta. Será?
Claro que toda a oposição
em bloco vai desancar a ideia, por que, como é óbvio, o que está
em causa são interesses pessoais e partidários e jamais as
conveniências das populações importaram ou importam para alguma coisa e
estiveram em cima da mesa. O Metro Ligeiro de Superfície esteve
sempre mais dependente da política do que da economia. Este
processo, ao longo dos últimos vinte anos, foi sempre um instrumento
para ganhar eleições. Por isto tudo, com uma cratera aberta no
coração da Baixa, Coimbra continua a ser uma cidade adiada.
Na
qualidade de munícipe e cidadão que não anda a lamber as portas de
qualquer partido, às vezes, dou por mim a interrogar se alguma gente
com lugares de responsabilidade não são mesmo capazes de mostrarem
um pingo de vergonha? Por outro lado, na mesma incredulidade,
pergunto como é que, com tanta informação disponível, gente de
todos os quadrantes sócio-económicos continua a bajular estas
pessoas?
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