terça-feira, 30 de maio de 2017

EDITORIAL: METRO-AUTOCARRO LIGEIRO VAI AGORA?

(Imagem da Web)



A Polémica sobre a reposição do transporte rápido entre Serpins e Coimbra aí está novamente com o anúncio nos jornais diários de hoje em que o projecto apresentado pelo Governo preconiza a ligação por autocarros eléctricos ou híbridos (BRT, Bus Rapid Transit é um tipo de sistema de transporte público baseado no uso de pequenos autocarros. Um verdadeiro sistema BRT geralmente tem design, serviços e infraestrutura especializados para melhorar a qualidade do sistema e remover causas típicas de atrasos. Às vezes descrito como um "metro de superfície", o BRT visa combinar a capacidade e a velocidade do veículo leve sobre trilhos com a flexibilidade, baixo custo e simplicidade de um sistema de linhas de transportes colectivos. Retirado de aqui.
Para melhor se compreender esta história surreal e sem fim à vista, recorda-se que foi em Dezembro de 2009, sob a égide do governo de Sócrates (PS), com a promessa de substituição por um metro ligeiro de superfície que abarcava a cidade de Coimbra desde a Estação Velha até aos Hospitais da Universidade, que começou o levantamento dos carris na linha da Lousã. A partir daqui foi um filme para esquecer. Desde só depois dos carris arrancados e verificar-se que não havia dinheiro para a reposição de um transporte ferroviário até às três autarquias envolvidas, Coimbra, Miranda e Lousã, a não se entenderem, houve de tudo. Só para ver o descontrolo, só depois do desmantelamento da ligação por caminho-de-ferro, em 19 de Janeiro de 2010, é que o Secretário de Estado dos Transportes, Carlos Correia da Fonseca, veio afirmar que a construção da 2ª fase do projecto Metro Mondego (MM), que ligava a Baixa aos Hospitais da Universidade (HUC) dependia do estudo custo-benefício para demonstrar a sua viabilidade.
Também ainda em 2010, por parte do governo Sócrates, a ideia de implantar o transporte BRT esteve em cima da mesa mas as câmaras envolvidas não aceitaram.
Veio o governo liderado por Passos Coelho, também com o ministro Poiares Maduro a sugerir o BRT, e as promessas de cumprimento continuaram a entreter e a servirem de alavanca para os sufrágios.
E chegámos a Maio de 2017, a quatro meses das eleições autárquicas, e mais uma vez aí está em cima da mesa a prometida concretização do folhetim Metro Mondego.

UM REMAKE

Como um filme de sucesso que já vimos há muito tempo, temos aí uma nova versão assente na mesma narrativa e no mesmo enredo.
Mais uma vez, é de supor, as entidades envolvidas vão empregar a mesma tática. Na próxima sexta-feira o Governo vai dizer que está disposto a financiar um transporte BRT, usando o canal já existente e outrora ocupado por comboios, ligando a periferia à cidade e aqui percorrendo o mesmo percurso idealizado até aos HUC.
Há especialistas em transportes que não apadrinham a ideia. Mas há quem defenda. Por parte dos parceiros políticos do Governo esta medida de implementar o BRT não é unânime.
Nesta nova versão 2017 há uma alteração substancial que, finalmente, pode mudar tudo. Contrariamente ao cenário político em 2010, desta vez temos as autarquias, Coimbra, Miranda e Lousã, sob a mesma bandeira rosa. Pode ser que seja desta. Será?
Claro que toda a oposição em bloco vai desancar a ideia, por que, como é óbvio, o que está em causa são interesses pessoais e partidários e jamais as conveniências das populações importaram ou importam para alguma coisa e estiveram em cima da mesa. O Metro Ligeiro de Superfície esteve sempre mais dependente da política do que da economia. Este processo, ao longo dos últimos vinte anos, foi sempre um instrumento para ganhar eleições. Por isto tudo, com uma cratera aberta no coração da Baixa, Coimbra continua a ser uma cidade adiada.
Na qualidade de munícipe e cidadão que não anda a lamber as portas de qualquer partido, às vezes, dou por mim a interrogar se alguma gente com lugares de responsabilidade não são mesmo capazes de mostrarem um pingo de vergonha? Por outro lado, na mesma incredulidade, pergunto como é que, com tanta informação disponível, gente de todos os quadrantes sócio-económicos continua a bajular estas pessoas?

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