(Foto de arquivo)
Por
volta das 07h00, Jaime Lobo, de 85 anos, um antigo professor e
treinador dos infantis da Académica de Coimbra e desde há vários
anos dedicado ao coleccionismo com um pequeno estabelecimento na
Praça 8 de Maio, foi assaltado na Praça do Comércio.
Como hoje é dia da Feira
de Velharias, o Jaime Lobo, como faz há muitos anos a esta parte, parou o
seu carro em frente à Igreja de S. Tiago e preparava-se para
descarregar e expor os seus artigos para vender ao público durante o
dia. Foi então que pelas suas costas, não sabendo de onde surgiu,
um homem lhe apertou o pescoço, em tesoura, e lhe roubou o porta-moedas e a carteira com documentos e cerca de 100 euros.
Segundo o próprio, “foi tudo muito rápido, nem me dei conta
de onde veio o gatuno. Só sei que me senti aprisionado pelas costas.
Em tom de ameaça, pediu-me a carteira. Ainda tentei dar-lhe só o
porta-moedas, por causa dos documentos, mas ele retirou-me também a
carteira e desapareceu rapidamente.”
Felizmente,
para além do susto, da perda dos documentos e dinheiro, o Jaime
Lobo, talvez porque colaborou, não ficou ferido, o que, pela amizade
e reconhecimento que lhe devemos, nos deixa um pouco mais
descansados.
NÃO
HÁ UMA SEM DUAS
Também
durante a manhã deste sábado, levemente nublado e a balouçar entre
o cinzento-claro e escuro de carga de água, uma outra carteira de
outro vendedor, com cerca de 300 euros, desapareceu. Ao que parece, o
expositor, inadvertidamente, por distracção e esquecimento, deixou
a bolsa à mão de semear na banca de outro colega. Quando voltou
atrás já era tarde. Mais que certo já fazia parte de um qualquer
comprador menos escrupuloso.
Cerca do meio-dia, por
entre os vendedores, o sentimento de insegurança perpassava de
boca-em-boca. Sabendo nós que, estando a procura em queda há
vários anos, o bom negócio é cada vez mais raro e as despesas
certas -já que muitos chegam a deslocar-se de Lisboa e Porto-,
facilmente se entende o sentimento colectivo de desânimo.
QUE
DEUS NOS PROTEJA
Já
há muitos anos que, aqui no blogue, se escreve que esta Feira de
Velharias, iniciada em 1991 e uma das mais antigas do país depois da Feira da Ladra em Lisboa, está entregue ao Deus dirá e precisa de uma grande mexida.
Paulatinamente, por parte da Câmara Municipal e PSP, parceiros
fundadores e predominantes no destino do certame, vai-se assistindo a
um continuado abandono. Estão a matar a feira de antiguidades. O resultado é esta alegoria, que deveria ser
acarinhada enquanto festa que serve de motor para revitalizar a
Baixa, estar a encolher o número de participantes de mês-para-mês. É preciso clarificar o que se quer fazer da Praça do Comércio.
Penso
que fica claro que não se pretende fazer um aproveitamento abusivo
destes acontecimentos que toca a segurança de todos, mas, a nosso
ver, se não noticiarmos, como já estamos habituados, nenhuma
entidade moverá um dedo para remediar seja o que for e alterar o que está
mal.
Há uma década que,
progressivamente, a Baixa, no que toca à segurança de pessoas e
bens, foi ficando entregue à sua sorte -a instalação das câmaras
de videovigilância foi um acto político só para calar os
dissidentes e, de facto, nunca funcionou com eficácia. Instaladas em 2008, foram um flop completo. Foi sempre o tapar o Sol com a peneira. Com ou sem vigilância digital, tudo continuou igual. Foi para eleitor ver. É a teoria do copo-cheio, copo-meio-vazio.
Por
parte da PSP, há muito que deixou de se fazer prevenção. É depois
do fogo posto que esta polícia de segurança pública, como corpo de
bombeiros, acorre para acudir. Cada privado, na defesa da integridade ou de bens materiais, que se desenrasque pelos
seus próprios meios. Que não esteja à espera do Estado para que
este desenvolva esforços para proteger a propriedade. Os custos de
manutenção são para os proprietários, os proveitos, através de
IMI e outros impostos, são para a administração fiscal. Claro que
o resultado final disto tudo é o de só perde quem tem.
Provavelmente, digo eu,
só não acontecem mais assaltos na Baixa porque os salteadores,
crentes e bons católicos, serão pessoas de boa consciência e não
querem desgraçar ainda mais os pobres comerciantes.
Talvez
os operadores não saibam mas é a Deus que devem a graça de, apesar
destes acasos acontecerem de vez em quando, a Baixa continuar a ser
um lugar muito seguro. Se dependesse dos organismos públicos a sua segurança, pela deserção de policiamento, bem podiam pensar em
mudar de actividade.
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