terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A COLUNA DO JORGE...



CONTRIBUTO PARA UM MELHOR CENTRO HISTÓRICO

Muito se tem falado sobre o que fazer ao centro histórico de Coimbra para que seja cada vez mais um espaço nobre. Deverá fechar-se ao trânsito e tornar-se zona pedonal? Ou será melhor deixar tudo como está? Uma certeza existe; sem a captação de novos moradores, sem um plano de recuperação abrangente e sem animação será difícil imprimir outra dinâmica ao espaço.
Para devolver o centro histórico aos cidadãos será fundamental a existência de uma série de condições. Estará Coimbra preparada para isso? Segundo alguns arquitectos, falta o principal: a habitação. “Primeiro terão de chegar moradores. Terá de ser feita uma recuperação urbanística com unidade e rigor.” Será necessário conferir “contrapartidas” aos moradores que chegarem. Um exemplo: Existem edifícios que não poderão ter garagem, mas essas pessoas terão de ter acesso a estacionamento. Coimbra tem um centro histórico agradável, mas para que as pessoas frequentem o espaço será necessária a continuação da recuperação dos imensos imóveis que estão degradados. Ainda assim, é de lamentar o facto desta área não ser pensada como potencial zona habitacional, mas apenas como “espaço público”. “O comércio é no rés-do-chão, enquanto que a partir do primeiro andar terá de haver gente a morar. É necessário integrar uma coisa na outra. Para as pessoas andarem pelas ruas da cidade, terão de deixar o carro algures. Coimbra tem parques de estacionamento, mas serão suficientes? E terão preços competitivos? E as lojas que existem são suficientemente cativantes? Os comerciantes das zonas pedonais de Coimbra queixam-se da falta de clientes e atiram a culpa para cima dos grandes centros comerciais de última geração. Sou um defensor acérrimo das compras nas zonas tradicionais em detrimento das grandes superfícies comerciais e acredito que a zona antiga de Coimbra tem “potencial” para ser uma animada e categorizada zona comercial. É a memória maior é a força da cidade. O peso da história cria uma complexidade extremamente interessante. E é melhor passear no centro urbano do que num centro comercial, onde há uma grande série de ruídos extremamente desagradáveis. No entanto, encontra alguns defeitos no centro histórico, além do próprio estado de degradação de grande parte dos edifícios, com a “falta de unidade” do mobiliário urbano da cidade. Entendo, contudo, que já foram dados alguns passos para a dinamização desta zona de antanho, ainda assim, não chega. É necessária a dinamização da área. Os representantes dos comerciantes (ACIC e APBC) de Coimbra têm tido algumas iniciativas, o que mostra que estão atentos, mas pouco... a verdade é que para o renascimento de um centro histórico, além de ser um local aprazível e com animação, são necessárias lojas, cafés, restaurantes de qualidade e locais onde seja possível organizar eventos. A criação de uma marca para o comércio do centro urbano de Coimbra, deveria ser um dos projectos a apresentar por quem de responsabilidade na área, com o finalidade da promoção de actividades de animação e de divulgação do comércio, a manutenção de espaços públicos e certificação de produtos, por exemplo.
Uma zona histórica surpreendente e vibrante é onde as pessoas e não os automóveis circulam. É fundamental devolver as ruas da cidade ao peão, às bicicletas, aos skates. É preciso, no entanto, antes de tudo, fazer um estudo abrangente, porque há ruas, pelas quais passam e estacionam uma grande quantidade de automóveis, que terão de manter o seu papel de vias estruturantes para não pôr em causa o normal escoamento do trânsito na cidade. É necessário jogar com os horários, para permitir cargas e descargas e é fundamental ter oferta de estacionamento. Importante é que o processo seja participado por todos os intervenientes. Relativamente ao edificado, considero necessário haver mais requalificação. Se queremos o centro vibrante é essencial que os edifícios degradados sejam ocupados por comércio, cafés e restaurantes. As iniciativas de animação, tanto públicas como privadas ou mesmo em parceria, são a melhor forma de trazer pessoas às ruas da cidade. Não cabe só à administração pública a organização destes eventos, o espaço público é de todos. Os eventos que têm ocorrido pontualmente no centro histórico, têm tido boa aceitação. É este o caminho a seguir. Espectáculos temáticos, artes plásticas, música, desporto. Tudo são iniciativas válidas para dar vida à cidade. Assim sendo, Coimbra deve apostar em espaços de permanência do peão com conforto, segurança, iluminação e criar cenários que surpreendam quem passa, com uma estátua, um nicho na parede, um pormenor no chão, o que no centro histórico não há.
A aposta num mobiliário urbano coerente, na melhoria e uniformização de esplanadas, toldos, sinalética comercial, seria uma das iniciativas a iniciar a breve prazo. O caminho passa pela cooperação entre comerciantes, moradores, autarquia e associações para criar um modelo de desenvolvimento para o comércio que também passa pela melhoria visual e estética dos espaços. É necessário, pois, alterar hábitos nos horários dos estabelecimentos, na circulação automóvel e estacionamento. No entanto, as lojas não podem estar abertas ao lado de outros edifícios em mau estado de conservação. Deveria ser iniciado o melhoramento do aspecto do centro, as casas até podem estar a cair por dentro, mas as fachadas devem estar minimamente apresentáveis, porque recuperar o edificado vai demorar anos, mas até lá pode-se ter a cidade de cara lavada.
Espero ter contribuído para ajudar a dar vida ao nosso centro histórico, com esta minha abordagem.

Jorge Neves
Independente no Bloco de Esquerda
Assembleia Freguesia São Bartolomeu

1 comentário:

Anónimo disse...

Jorge Neves, tem razão no que escreve. Simplesmente por descuido no refere as iniciativas que a nossa Junta de Freguesia executa. Quero informá-lo que 90% das iniciativas culturais na Freguesia de São Bartolomeu são da responsabilidade da Junta.
Quanto á ACIC, Não consigo lembrar-me de uma. A APBC, sim ainda promove algumas iniciativas.Quanto á questão dos edificios é verdade, mas de facto mudar mentalidades, julgo ser dificil. Mas a Junta tem tido uma intervenção forte no que diz respeito ás condições pouco dignas de algumas habitações. O problema esbarra no tempo que demoram as decisões das vistorias da C.M.C.(Este Departamento é como o caracol "Devagar, Devagarinho" e se possivel não me incomodes..
Um abraço
Carlos Clemente