segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

ILUMINAÇÕES NATALÍCIAS NA BAIXA: UM ENORME AGRADECIMENTO A MACHADO

(Foto retirada, com a devida vénia, do site do município)





Com muita pompa e circunstância, com muitas alterações em relação aos anos anteriores, ontem, Primeiro de Dezembro – comemorações do Dia da Restauração e expulsão do invasor estrangeiro -, foram inauguradas as iluminações natalícias na cidade. Segundo o site do município, “A iluminação de Natal em Coimbra chega, este ano, a novos sete locais, designadamente, na Praça das Cortes, Entradas da Rua das Padeiras, Rua das Azeiteiras e Rua da Sota, na Rua dos Sapateiros, em todos os corredores da Av. Sá da Bandeira e junto à Estação Ferroviária de Coimbra B. Um presépio estilizado com 11 metros de altura e sete de largura marca a entrada da Ponte de Santa Clara, do lado da Portagem, onde está também instalado um pórtico luminoso de Boas Festas com cerca de 12 metros de altura e oito de largura.”
Apresentadas como muito mais abrangentes, nitidamente, constata-se que foi aplicada a teoria do lençol, para cobrir mais tronco descobriu-se os pés. Ora, os pés, como se adivinha a metáfora, é a denominada baixinha, que, de ano-para-ano, vai ficando cada vez mais sem iluminação referente à quadra. Aos poucos, numa parcial discriminação onde o abandono é implícito, progressivamente foram sendo retirados os enfeites nas ruas estreitas e nos largos adjacentes. Para tapar os olhos com a peneira, dando ideia que não há esquecimento, agora é aplicado apenas um arco no início de cada artéria.
Além de mais, se outros motivos não houvesse, a mudança deste Natal de 2019 nota-se imediatamente pelo calendário. Nos anos antecedentes e nomeadamente em 2018, as ornamentações foram sempre iniciadas por volta de 16 de Dezembro. Para além disso, este ano continua no estalejar de foguetes, nunca como agora houve um concerto musical para solenizar o acto.
Na prorrogação de mais teimosia do mesmo, a edilidade, como se os quisesse esconder do público, continua a apostar no Terreiro da Erva como local de eleição para eventos
E novas modificações são perceptíveis a olho nu, numa simbologia digna de ficar inscrita no anedotário, a decoração deste ano faz referência directa a três estádios possíveis da existência humana: vida abastada, declínio económico e sem-abrigo.
A vida abastada, com muita luz e cor a mostrar a opulência, está reproduzida na Ponte de Santa Clara, Largo da Portagem e Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz.
O declínio económico, pela diferença abissal na quantidade de luzes aéreas, em paradigma, está simbolizado na Rua da Sofia.
Os sem-abrigo, pelo ostracismo declarado, estão retratados nas ruas estreitas onde o dia, friorento e sem Sol, modela a desatenção camarária. Em complemento de quadro negro, com a angústia e o desalento a perpassar os ossos, as manchas escuras marcam a noite nestas vias esquecidas.
Uma grande salva de palmas para o camarada Manuel Machado, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra. O seu sentido de equidade socialista é avassalador. É assim mesmo que se reabilita o Centro Histórico. Se o leitor é residente ou comerciante na Baixa, se encontrar este edil, por favor não esqueça de lhe dar um abraço de reconhecimento. O nosso “mayor” merece!

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