(Foto retirada, com a devida vénia, do site do município)
Com
muita pompa e circunstância, com muitas alterações em relação
aos anos anteriores, ontem, Primeiro de Dezembro – comemorações
do Dia da Restauração e expulsão do invasor estrangeiro -, foram
inauguradas as iluminações natalícias na
cidade. Segundo o site do município, “A
iluminação de Natal em Coimbra chega, este ano, a novos sete
locais, designadamente, na Praça das Cortes, Entradas da Rua das
Padeiras, Rua das Azeiteiras e Rua da Sota, na Rua dos Sapateiros, em
todos os corredores da Av. Sá da Bandeira e junto à Estação
Ferroviária de Coimbra B. Um presépio estilizado com 11 metros de
altura e sete de largura marca a entrada da Ponte de Santa Clara, do
lado da Portagem, onde está também instalado um pórtico luminoso
de Boas Festas com cerca de 12 metros de altura e oito de largura.”
Apresentadas
como muito mais abrangentes, nitidamente, constata-se que foi
aplicada a teoria do lençol, para cobrir mais tronco
descobriu-se os pés. Ora, os pés, como se adivinha a
metáfora,
é a denominada baixinha, que, de ano-para-ano, vai
ficando
cada vez mais sem iluminação referente à quadra. Aos poucos, numa
parcial discriminação onde o abandono é implícito,
progressivamente foram sendo retirados os enfeites nas ruas estreitas
e nos largos adjacentes.
Para tapar os olhos com a peneira, dando
ideia que não há esquecimento, agora
é aplicado apenas um arco no início de cada artéria.
Além
de mais, se outros motivos não houvesse, a mudança deste Natal de
2019 nota-se imediatamente pelo calendário. Nos anos antecedentes e
nomeadamente em 2018, as ornamentações foram sempre iniciadas por volta de 16
de Dezembro. Para além disso, este ano continua no estalejar de
foguetes, nunca como agora houve um concerto musical para solenizar o
acto.
Na prorrogação de
mais teimosia do mesmo, a edilidade, como se os quisesse esconder do
público, continua a apostar no Terreiro da Erva como local de
eleição para eventos
E novas
modificações são perceptíveis a olho nu, numa simbologia digna de
ficar inscrita no anedotário, a decoração deste ano faz referência
directa a três estádios possíveis da existência humana: vida
abastada, declínio económico e sem-abrigo.
A vida
abastada, com muita luz e cor a mostrar a opulência, está
reproduzida na Ponte de Santa Clara, Largo da Portagem e Ruas
Ferreira Borges e Visconde da Luz.
O declínio
económico, pela diferença abissal na quantidade de luzes aéreas,
em paradigma, está simbolizado na Rua da Sofia.
Os sem-abrigo,
pelo ostracismo declarado, estão retratados nas ruas estreitas onde o
dia, friorento e sem Sol, modela a desatenção camarária. Em
complemento de quadro negro, com a angústia e o desalento a
perpassar os ossos, as manchas escuras marcam a noite nestas vias esquecidas.
Uma
grande salva de palmas para o camarada Manuel Machado, o presidente da Câmara
Municipal de Coimbra. O seu sentido de equidade socialista é avassalador. É
assim mesmo que se reabilita o Centro Histórico. Se o leitor é
residente ou comerciante na Baixa, se encontrar este edil, por favor
não esqueça de lhe dar um abraço de reconhecimento. O nosso
“mayor” merece!
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