(Imagem retirada, com a a devida vénia, do OLX)
Para
umas obras de conservação e restauro, nas últimas semanas,
sobretudo na zona de Coimbra, procurei e não encontrei azulejos
15x15, o revestimento de paredes tão tradicional e tão marcado na
nossa cultura construtiva. Deslocando-me para a zona de Aveiro, em
muitos estabelecimentos de materiais de construção a mesma
resposta: “com as novas
tendências decorativas a pender para mosaicos de maiores dimensões,
a procura de azulejo clássico está em queda livre.”
Depois de
calcorrear entre Seca e Meca,
na Veneza portuguesa consegui chegar à Fábrica Aleluia onde ainda é
fabricado o mosaico tradicional pintado à mão, mas apenas por
encomenda – naturalmente com um preço elevado em relação ao
corrente. Foi nesta grande empresa de tanta memória
que então me informaram da existência de uma indústria de
manufactura, a Primus Vitória. Foi
aqui que, quer com uma simpatia acima da média, quer em variedade de padrões,
encontrei o pretendido.
Foi a procura
incessante da minha experiência que, de certo modo alarmado, me
levou a escrever sobre este assunto. O que está acontecer a uma
parte cultural da nossa identidade nacional?
Para me sustentar,
tenho na mão dois exemplares da obra “Azulejaria em Portugal nos
séculos XV e XVI e século XVII, de J. M. dos Santos Simões, uma
reedição de 1969 onde se
conta toda a história do “Corpus da Azulejaria em Portugal”.
Obra patrocinada pela Fundação Calouste
Gulbenkian “a cuja requintada
sensibilidade estética não escapou a mensagem de beleza e de
cultura do azulejo”, pelas largas dezenas de estampas de painéis
por este Portugal fora, ficamos a saber o que está em causa.
Há
pouco tempo lemos na imprensa que vários edifícios antigos na zona
de Lisboa estão sistematicamente a ser assaltados para roubar estas
tão características placas cerâmicas.
Entre
o furto do azulejo antigo e o abandono
do seu fabrico, será que o Ministério da Cultura está atento a
este fenómeno de
desaparecimento?
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