Quem
por estes dias passou
na Rua Adelino Veiga – topónimo referente ao
poeta com o mesmo nome, nascido
a 18 de Novembro de 1848 e falecido
a 8 de Março de 1887 no Largo do Romal – certamente reparou nuns
pendentes ao longo da artéria constituídos por rolhas introduzidas em argolas de arame.
Provavelmente, o
primeiro pensamento teria sido: “olha, estão gozar com a Câmara
Municipal!”. Teria sido esta a verdadeira intenção, ou esta parte
é apenas uma das partes da acção?
Quem respondeu, um
comerciante sob anonimato, fê-lo da seguinte forma:
“Primeiro,
recorremos às rolhas por serem feitas em material reciclável. Mas
também por a cortiça estar profundamente ligada às actividades
comerciais nesta antiga Rua das Solas (assim conhecida antes de ser
apelidada de Adelino Veiga) ao longo do século XX e até aos anos de
1960” –
nota nossa, de tal modo foi assim que o saudoso Fausto Correia,
deputado socialista por Coimbra, era conhecido por Fausto “Rolhas”,
por os seus pais terem sido proprietários do antigo espaço onde
funcionou o Eldorado que vendiam rolhas. Se
fosse vivo, tenho a certeza, o emérito e reconhecido político
socialista coraria de vergonha pela forma como os seus pares na
autarquia estão, este ano, a destratarem a baixinha.
Segundo,
praticamente sem gastos, já que recorremos a muitos estabelecimentos
de hotelaria e aos arames utilizados noutros anos, quisemos mostrar o
nosso grito de revolta à edilidade pela forma discriminatória
como tratou este ano as ruas
estreitas.
Estão
pobrezinhas as nossas ornamentações? Até admito que possam estar,
mas são nossas! Foram
realizadas por nós, com o nosso esforço colectivo. Humildes, mas com muita honra e dignidade.
Terceiro,
sendo ou não uma lição, todos os comerciantes da Rua Adelino Veiga
se envolveram quer em trabalho, quer nas poucas despesas. Todos
colaboraram”, rematou
o meu depoente com argúcia.
Muitos
parabéns pela iniciativa aos operadores da rua do poeta morto.
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