Nesta
última quarta-feira, dia de Natal, por volta das 14h30, uns
fragmentos de massa e pedras de pequeníssima dimensão que envolvem
a cercadura do beiral desprenderam-se da cércea do edifício onde
funcionou até há cerca de um ano e meio as Modas Veiga, na Rua Eduardo Coelho.
Certamente por
pensar que estaria perante algo de grave, alguém alertou a PSP e
esta força de segurança, por sua vez, teria avisado a Protecção
Civil. Alegadamente, vieram os técnicos responsáveis por esta
entidade ligada à previdência e, com grades de protecção e fitas
da PSP, interditaram totalmente a rua em toda a frente do prédio
identificado. De tal modo foi a intervenção que não era possível
atravessar a via, nem ingressar no imóvel confinante onde funciona a
“Belíssima”, um estabelecimento de artigos de lingerie, nem na
edificação em frente.
Segundo Joana
Silva, proprietária da Belíssima, “ontem, Quinta-feira de
manhã, quando a minha mãe, Rosa, se preparava
para abrir a loja, deparou-se com o acesso cortado”.
Agora
fala Rosa, “fui à polícia saber o que tinha
acontecido e procurar uma solução que me permitisse trabalhar. A
PSP aconselhou-me a ir à Câmara Municipal. Nos Paços do
Concelho sugeriram-me que que me dirigisse para o ponto de venda e
aguardasse a ida de técnicos camarários. Passados pouco mais de
cinco minutos já lá estavam os engenheiros e o dono da propriedade”
- que foi há pouco tempo transaccionada para um comerciante da nossa
praça. Continua Rosa Silva, “os engenheiros foram muito
simpáticos e, para além de me tranquilizarem, arredando as grades
mais para o lado, permitiram a passagem de transeuntes. Gostava de
ter visto o mesmo empenho por parte do proprietário, que nem para
mim falou. Se não tivesse ido procurar explicações, estou
convencida, não teria havido ninguém a dizer alguma coisa e a rua
continuaria intransitável.”
O
COSTUME... DO (MAU) COSTUME
Sempre
que há queda de detritos de um edifício, sobretudo na Baixa, seja
de grande ou pequeno volume, é costume, como princípio de
precaução, imediatamente a Proteccão Civil interditar o espaço
adjacente. Nesta primeira fase - consideremos um tempo de avaliação
-, podemos considerar que estaremos perante uma boa medida. O
problema é que as grades e as fitas separadoras ficam para ali
abandonadas ao Deus dirá como se não estivessem terceiros, sem
culpa formada e a serem prejudicados, à espera de uma solução
rápida de diagnóstico e não houvesse amanhã.
O
princípio da prevenção, não sendo um dever (e direito) absoluto,
é uma obrigação relativa. Ou seja, se, por um lado, se deve
diligenciar no sentido de prevenir vítimas, por outro, a acção
desencadeante não pode tergiversar em excesso de cautela, e com isto
aglutinar e prejudicar pessoas alheias ao acaso. Quero dizer que, por
parte das autoridades responsáveis, a análise, formas de actuação
e consequente reparação da origem do fenómeno devem ser rápidas e
eficazes. Ao deixarem perpectuarem no tempo as necessárias
prerrogativas securitárias, sem atarem nem desatarem, dá impressão
que, o que não fizeram antecipadamente, depois do desastre, querem
mostrar trabalho a todo o custo.
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