sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

BAIXA: POR UMAS PEDRINHAS CAÍDAS







Nesta última quarta-feira, dia de Natal, por volta das 14h30, uns fragmentos de massa e pedras de pequeníssima dimensão que envolvem a cercadura do beiral desprenderam-se da cércea do edifício onde funcionou até há cerca de um ano e meio as Modas Veiga, na Rua Eduardo Coelho.
Certamente por pensar que estaria perante algo de grave, alguém alertou a PSP e esta força de segurança, por sua vez, teria avisado a Protecção Civil. Alegadamente, vieram os técnicos responsáveis por esta entidade ligada à previdência e, com grades de protecção e fitas da PSP, interditaram totalmente a rua em toda a frente do prédio identificado. De tal modo foi a intervenção que não era possível atravessar a via, nem ingressar no imóvel confinante onde funciona a “Belíssima”, um estabelecimento de artigos de lingerie, nem na edificação em frente.
Segundo Joana Silva, proprietária da Belíssima, “ontem, Quinta-feira de manhã, quando a minha mãe, Rosa, se preparava para abrir a loja, deparou-se com o acesso cortado”.
Agora fala Rosa, “fui à polícia saber o que tinha acontecido e procurar uma solução que me permitisse trabalhar. A PSP aconselhou-me a ir à Câmara Municipal. Nos Paços do Concelho sugeriram-me que que me dirigisse para o ponto de venda e aguardasse a ida de técnicos camarários. Passados pouco mais de cinco minutos já lá estavam os engenheiros e o dono da propriedade” - que foi há pouco tempo transaccionada para um comerciante da nossa praça. Continua Rosa Silva, “os engenheiros foram muito simpáticos e, para além de me tranquilizarem, arredando as grades mais para o lado, permitiram a passagem de transeuntes. Gostava de ter visto o mesmo empenho por parte do proprietário, que nem para mim falou. Se não tivesse ido procurar explicações, estou convencida, não teria havido ninguém a dizer alguma coisa e a rua continuaria intransitável.


O COSTUME... DO (MAU) COSTUME


Sempre que há queda de detritos de um edifício, sobretudo na Baixa, seja de grande ou pequeno volume, é costume, como princípio de precaução, imediatamente a Proteccão Civil interditar o espaço adjacente. Nesta primeira fase - consideremos um tempo de avaliação -, podemos considerar que estaremos perante uma boa medida. O problema é que as grades e as fitas separadoras ficam para ali abandonadas ao Deus dirá como se não estivessem terceiros, sem culpa formada e a serem prejudicados, à espera de uma solução rápida de diagnóstico e não houvesse amanhã.
O princípio da prevenção, não sendo um dever (e direito) absoluto, é uma obrigação relativa. Ou seja, se, por um lado, se deve diligenciar no sentido de prevenir vítimas, por outro, a acção desencadeante não pode tergiversar em excesso de cautela, e com isto aglutinar e prejudicar pessoas alheias ao acaso. Quero dizer que, por parte das autoridades responsáveis, a análise, formas de actuação e consequente reparação da origem do fenómeno devem ser rápidas e eficazes. Ao deixarem perpectuarem no tempo as necessárias prerrogativas securitárias, sem atarem nem desatarem, dá impressão que, o que não fizeram antecipadamente, depois do desastre, querem mostrar trabalho a todo o custo.

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