quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O CANDIDATO EM CAMPANHA E O GRITO DO MERCADOR





Pouco passava das 19h00 de ontem, estava o sol a pôr-se no horizonte, quando chegou José Manuel Silva, o líder do movimento “Somos Coimbra”, ao pequeno largo da Rua Sargento-mor, em pleno coração da Baixa de Coimbra. Alguns membros da sua lista conjuntamente com moradores, comerciantes e hoteleiros aguardavam a sua chegada com ansiedade. Segundo o que fora divulgado, tratava-se de um encontro para ouvir as pessoas. Como a sabotar a acção onde estaria programado o evento, um jipe permanecia (mal) estacionado no meio do pequeno espaço. Ao longo de cerca de uma hora, e perante uma vintena de pessoas, a palestra do concorrente à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) foi várias vezes empurrada para os cantos para deixar passar várias viaturas em direcção à Praça do Comércio.
José Manuel Silva começou por se dirigir aos presentes arguindo a ausência de estacionamento e parqueamento público na cidade. Em seguida falou da necessidade de trazer para a Baixa pessoas para morar e sobretudo famílias. Disse ainda que com o publicitado superavit camarário vinte milhões deveriam ser aplicados na recuperação de 400 fogos para trazer pessoas para o Centro Histórico. Prosseguiu Silva, “é preciso que a CMC não crie dificuldades aos munícipes. Não há planos para a Baixa, não há um projecto integrado que ajude a trazer pessoas. Vai-se fazendo a gestão corrente das dificuldades.”

E TEM A PALAVRA...

A seguir falou Ana Maria Bastos Silva, candidata a vice-presidente na lista do “Somos Coimbra”. “Tudo tem que funcionar integralmente. Primeiro temos de dar para depois tirar. Devemos recuperar edifícios devolutos para utilizar como silos-auto”, enfatizou Ana Maria.

E FALAM OS MORADORES

Um dos moradores queixou-se do elevado ruído desenvolvido na Praça do Comércio, depois da meia-noite, por um estabelecimento, e até às tantas da matina; outro sobre o lixo urbano que nos há-de acompanhar até ao último suspiro; outro, ainda, sobre o fluxo de tráfego e estacionamento anárquico na zona da Praça do Comércio.

LOBÃO CONTEMPORIZADOR

Perante o manifesto desencanto dos residentes presentes, Manuel Lobão, candidato a presidente da União de Freguesias de Coimbra -juntas agregadas de São Bartolomeu, Santa Cruz, Sé Nova e Almedina-, ia aproveitando o momento para capitalizar dividendos políticos e disparar umas setas envenenadas à oposição: “vocês têm que ser exigentes com esta gente. O actual presidente da União de Freguesias de Coimbra ganha quase 2000 euros por mês e ninguém o conhece por aqui. Nós temos que acreditar nisto (no projecto “Somos Coimbra”). Por isso é que somos independentes. Eles (os actuais políticos indigitados) têm de vir falar convosco. Eles têm que saber ouvir e levar os problemas à Assembleia Municipal. Mudamos isto ou não mudamos? Se não mudarmos, vamos todos embora. Eu gosto de ir à missa a São Bartolomeu. Já há muito tempo que deixei de vir porque não tenho onde deixar o carro.”

E O CASO DO DIA


João Rodrigues é o proprietário do restaurante Pepe Kebab, nas Escadas de São Bartolomeu. Com perceptível desalento, aproveitou para, segundo o seu testemunho na primeira pessoa, levar ao candidato a sua impotência perante o arbitrário e injusto tratamento por parte de uma fiscal da autarquia. Vamos ouvir João:

Ocupo um espaço com esplanada há vários anos que é propriedade privada, no caso, é por cima de um posto de transformação da EDP. A funcionária de fiscalização passou lá e alertou-me que eu tinha de ter licença de utilização de espaço público pela ocupação do terraço. Argumentei que aquele recinto era privado e pertença da EDP. Ela manteve e afirmou que eu tinha de pagar e obter licença para o usufruir. Levei a Planta de localização e fui à Secção de Atendimento da CMC e expliquei ao funcionário o que se estava a passar. Ele disse-me que, uma vez que a área ocupada era privada, não tinha de pagar nada nem ter licença. Foi chamar o chefe dele e este também corroborou dizendo que não havia nada na lei que me obrigasse a pagar. Eu vim embora descansado e a pensar que estava tudo bem.
Passados uns dias, passou lá outra vez a fiscal. Quando lhe disse que tinha ido ao serviço de atendimento e a interpretação tinha sido pelo oposto, ela disse: “todos têm de pagar espaço. Porque não fez o que eu lhe disse? Vou autuá-lo!”
Passados uns dias recebi uma notificação para pagar uma coima de 2500 euros. Ela agiu assim por vingança. Está no advogado. Vai ser resolvido em tribunal.
É por estas e por outras que está tudo a fugir daqui (da Baixa). É tudo a pagar! Está como está porque só sabem licenciar hipermercados.
Este senhor -referindo Manuel Machado-, se lá continuar, vai acabar com isto. Assim, vai tudo embora! Andamos para aqui para um lado e para o outro. Estamos com a corda ao pescoço. É impossível trabalhar nestas condições. Nós aqui, na Baixa, não sabemos para onde caminhamos”, rematou João Rodrigues.

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