Pouco
passava das 19h00 de ontem, estava o sol a pôr-se no horizonte, quando chegou
José Manuel Silva, o líder do movimento “Somos Coimbra”,
ao pequeno largo da Rua Sargento-mor, em pleno coração da Baixa de
Coimbra. Alguns membros da sua lista conjuntamente com moradores,
comerciantes e hoteleiros aguardavam a sua chegada com ansiedade.
Segundo o que fora divulgado, tratava-se de um encontro para ouvir as
pessoas. Como a sabotar a acção onde estaria programado o evento, um
jipe permanecia (mal) estacionado no meio do pequeno espaço. Ao longo de
cerca de uma hora, e perante uma vintena de pessoas, a palestra do
concorrente à Câmara Municipal de Coimbra (CMC) foi várias vezes
empurrada para os cantos para deixar passar várias viaturas em
direcção à Praça do Comércio.
José
Manuel Silva começou por se dirigir aos presentes arguindo a
ausência de estacionamento e parqueamento público na cidade. Em
seguida falou da necessidade de trazer para a Baixa pessoas para
morar e sobretudo famílias. Disse ainda que com o publicitado
superavit camarário vinte
milhões deveriam ser aplicados na recuperação de 400 fogos para
trazer pessoas para o Centro Histórico. Prosseguiu Silva, “é
preciso que a CMC não crie dificuldades aos munícipes. Não há
planos para a Baixa, não há um projecto integrado que ajude a trazer
pessoas. Vai-se fazendo a gestão corrente das dificuldades.”
E
TEM A PALAVRA...
A
seguir falou Ana Maria Bastos Silva, candidata a vice-presidente na
lista do “Somos Coimbra”.
“Tudo tem que funcionar integralmente. Primeiro temos
de dar para depois tirar. Devemos recuperar edifícios devolutos para
utilizar como silos-auto”,
enfatizou Ana Maria.
E
FALAM OS MORADORES
Um
dos moradores queixou-se do elevado ruído desenvolvido na Praça do
Comércio, depois da meia-noite, por um estabelecimento, e até às
tantas da matina; outro sobre o lixo urbano que nos há-de acompanhar
até ao último suspiro; outro, ainda, sobre o fluxo de tráfego e
estacionamento anárquico na zona da Praça do Comércio.
LOBÃO
CONTEMPORIZADOR
Perante
o manifesto desencanto dos residentes presentes, Manuel Lobão,
candidato a presidente da União de Freguesias de Coimbra -juntas
agregadas de São Bartolomeu, Santa Cruz, Sé Nova e Almedina-, ia
aproveitando o momento para capitalizar dividendos políticos e
disparar umas setas envenenadas à oposição: “vocês
têm que ser exigentes com esta gente. O actual presidente da União
de Freguesias de Coimbra ganha quase 2000 euros por mês e ninguém o
conhece por aqui. Nós temos que acreditar nisto (no projecto “Somos
Coimbra”). Por isso é que somos independentes. Eles (os actuais
políticos indigitados) têm de vir falar convosco. Eles têm que
saber ouvir e levar os problemas à Assembleia Municipal. Mudamos
isto ou não mudamos? Se não mudarmos, vamos todos embora. Eu gosto
de ir à missa a São Bartolomeu. Já há muito tempo que deixei de
vir porque não tenho onde deixar o carro.”
E
O CASO DO DIA
João
Rodrigues é o proprietário do restaurante Pepe Kebab, nas Escadas
de São Bartolomeu. Com perceptível desalento, aproveitou para,
segundo o seu testemunho na primeira pessoa, levar ao candidato a sua
impotência perante o arbitrário e injusto tratamento por parte de
uma fiscal da autarquia. Vamos ouvir João:
“Ocupo
um espaço com esplanada há vários anos que é propriedade privada,
no caso, é por cima de um posto de transformação da EDP. A
funcionária de fiscalização passou lá e alertou-me que eu tinha
de ter licença de utilização de espaço público pela ocupação
do terraço. Argumentei que aquele recinto era privado e pertença da
EDP. Ela manteve e afirmou que eu tinha de pagar e obter licença
para o usufruir. Levei a Planta de localização e fui à Secção de
Atendimento da CMC e expliquei ao funcionário o que se estava a
passar. Ele disse-me que, uma vez que a área ocupada era privada,
não tinha de pagar nada nem ter licença. Foi chamar o chefe dele e
este também corroborou dizendo que não havia nada na lei que me
obrigasse a pagar. Eu vim embora descansado e a pensar que estava
tudo bem.
Passados
uns dias, passou lá outra vez a fiscal. Quando lhe disse que tinha
ido ao serviço de atendimento e a interpretação tinha sido pelo
oposto, ela disse: “todos têm de pagar espaço. Porque não fez o
que eu lhe disse? Vou autuá-lo!”
Passados
uns dias recebi uma notificação para pagar uma coima de 2500 euros.
Ela agiu assim por vingança. Está no advogado. Vai ser resolvido em
tribunal.
É
por estas e por outras que está tudo a fugir daqui (da Baixa). É
tudo a pagar! Está como está porque só sabem licenciar
hipermercados.
Este
senhor -referindo Manuel Machado-, se lá continuar, vai acabar com
isto. Assim, vai tudo embora! Andamos para aqui para um lado e para o
outro. Estamos com a corda ao pescoço. É impossível trabalhar
nestas condições. Nós aqui, na Baixa, não sabemos para onde
caminhamos”, rematou João
Rodrigues.
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