Mais
logo, quando a Cabra, relógio da Universidade, bater 19h30
-considerando o tradicional quarto-de-hora académico, já que estava
marcado para as 19h15- estará a começar o debate entre os seis
candidatos à Câmara Municipal de Coimbra no Teatro da Cerca de São
Bernardo, junto ao Pátio da Inquisição. O tema, “Centro
Histórico: que futuro?” promovido pela APBC, Agência para
a Promoção da Baixa de Coimbra, promete.
Nem que seja para ouvir as promessas vãs e ver bem os traços do rosto de cada um dos concursantes quando falar, no seu desempenho teatral para nos conseguir convencer a dar-lhe o voto, vale a pena ir.
Nem que seja para ouvir as promessas vãs e ver bem os traços do rosto de cada um dos concursantes quando falar, no seu desempenho teatral para nos conseguir convencer a dar-lhe o voto, vale a pena ir.
O
facto deste evento se realizar no auditório de um teatro não é por
acaso. Pelo menos nesta verdade factual ninguém vai enganado: vamos
assistir a uma peça cénica. A questão é saber se algum dos
actores vai merecer ser ovacionado -em silêncio, no pensamento da
nossa mente individual, obviamente, que ali ninguém bate palmas a
qualquer um para não se comprometer. Ali, naquele salão, vai-se
assistir a um jogo de forças dentro e fora do palco. Ou seja, quem
assiste também está ali para representar uma independência e
parcialidade que não sente nem ao de leve. Apesar de saber que vai
ser sempre enganado. É um jogo de espelhos onde não se sabe bem
quem é o maior trouxa ou o maior interesseiro. Mas, no fundo, embora
como assistente arrebatado está ali não pelo espectáculo em si ou
pelas promessas, mas antes pela performance do seu candidato já
previamente identificado e onde pensa depositar a sua esperança ou,
estando ainda perdido entre a abstenção e o voto útil, pensa
alcançar a luz e descobrir aquele em quem, num descargo de
consciência, vai acrescentar mais um valor.
Pelo
lado dos que representam, os artistas políticos sob o foco dos
holofotes, sabem que quanto mais convictos forem, mesmo prometendo
algo que nunca se esforçarão por fazer, conseguirão os seus intentos.
Num assédio descarado, através da falácia, tentarão, por todos os
meios, captar a cruzinha dos indecisos. Como sempre, a retórica será
fraca na incisão dos verdadeiros problemas e forte na demagogia
populista.
Em
palco estarão dois grandes actores, com passado teatral e que já
demonstraram os seus dotes artísticos em teatros locais e de
proximidade. Como se calcula, o duelo será entre os dois -de morte
política, porque aquele que perder as próximas eleições
autárquicas arrumará as botas para sempre, pelo menos no palco de
Coimbra. Embora fiquem como vereadores -se um próximo governo da sua cor não os chamarem para secretariarem o teatro
nacional-, não haverá segunda oportunidade. O sonho morreu de
velho.
Por
parte dos cinco restantes, em representação minoritária no grupo,
dois já repetentes, só há uma certeza: que um deles está
eleito à partida e antes do resultado do sufrágio. Neste caso,
vota-se pelo partido/coligação para salvar a ideologia. Seja lá
quem for o candidato, mesmo que haja um terramoto, a força
política estará sempre representada no executivo camarário.
Restam quatro. Um deles vai por ir. É uma espécie de bandeira desfraldada ao vento. Não concorre para qualquer lugar. Só lhe interessa capitalizar o ruído.
Restam quatro. Um deles vai por ir. É uma espécie de bandeira desfraldada ao vento. Não concorre para qualquer lugar. Só lhe interessa capitalizar o ruído.
E
ficam então três. Qualquer um destes movimentos, tal como os dois
primeiros que almejam o lugar no pódio, travam uma luta de vida ou
de morte. O não elegerem um vereador significa o desaparecimento do
protagonismo na cidade e o final de um programa que morreu à
nascença. E só um deles será eleito. Dificilmente o próximo
executivo irá além de quatro representações partidárias.
Logo, lá estaremos para ver quem será o vencedor do pleito argumentativo. Quanto ao futuro do Centro Histórico, como é de prever, continuará adiado.
Logo, lá estaremos para ver quem será o vencedor do pleito argumentativo. Quanto ao futuro do Centro Histórico, como é de prever, continuará adiado.
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