Tendo
em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as
actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam,
diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de
Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política,
poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços
mercantis.
Estou
a escrever p'ro boneco? É o mais certo!
Reactivar
os pinos de obstaculização do trânsito em zonas da Baixa de
acesso condicionado.
Foi
em 1999, no anterior magistério de Manuel Machado, actual presidente
da Câmara Municipal de Coimbra, que, com um custo de implantação
de 16.000 contos, 80 mil euros na moeda corrente, os pinos começaram
a funcionar... mal, muito mal. Talvez este investimento camarário
devesse servir de caso de estudo. Ou seja, como uma boa ideia, um
fantástico plano, por uma deficiente logística (organização) de
apoio e, depois, por “ciumeira” política da
oposição acaba abandonada como monumento ao esbanjamento público e
sem qualquer utilidade.
O
projecto foi concebido para evitar o acesso de automóveis, durante
uma parte do dia e evitar o estacionamento anárquico, a zonas
consideradas comerciais e pedonais. As horas interditas aos veículos
iam desde as 10h00 até às 20h00. As restantes, desde as 20h00 até
às 10h00 da manhã o acesso ficava livre à circulação de
veículos, quer de moradores, quer de carga e descarga para os
estabelecimentos comerciais. Tudo começou (mal) pela entidade que
estava encarregada de fazer cumprir o horário dos “pilaretes”.
Umas vezes faziam levantá-los mais cedo, outras vezes mas tarde,
outras vezes ficavam inertes sem serem levantados. Para complicar,
algumas vezes os pinos levantaram e apanharam automóveis
precisamente no momento em que passavam no local. Para complicar ainda mais,
alguns comerciantes, habituados a fazerem o que lhes apetecia, sem
regras, trataram de fazerem tudo para sabotar o sistema. Desde chaves
falsas que faziam descer e subir os “piretes”, até serem
destruídos para provocar a sua ineficácia, a tudo se assistiu.
Entretanto,
em 2001, sendo deposto Machado (PS) e subindo ao pódio da cadeira
máxima da autarquia Carlos Encarnação (PSD), havia no ar
(pressentia-se) um certo clima próprio de uma pós-revolução. Isto
é, em corte horizontal, tudo o que tivesse tido origem no “ancien
regime” cheirava a mofo e era para acabar -aconteceu o
mesmo com o Elevador do Mercado, obra considerada identitária do
“machadismo”, que esteve avariado e abandonado
durante anos. E foi assim que, passados dezassete anos -mesmo até
depois da retoma do poder em 2013 por Machado, certamente por este edil estar
velho e cansado-, este projecto dos pinos, que deveria estar a funcionar em pleno, jaz abandonado e sem qualquer prestabilidade.
Mas
não se pense que Manuel Machado foi diferente e não pagou na mesma
moeda. As câmaras de video-vigilância pública, que custaram ao
erário público cerca de 150 mil euros, implantadas no reinado de
Encarnação, numa história de insegurança, e para prevenção de assaltos, em Dezembro de 2008, estão inoperacionais há muito tempo e sem que o actual
pretor urbano se importe muito. A vingança pode
servir-se fria, o problema não reside na temperatura mas nos
chamados danos colaterais. Como se calcula, as vítimas destas
guerras partidárias são os operadores comerciais, a carne para
canhão neste tabuleiro inclinado.
Voltando
aos “piretes”, mesmo sem necessitar de mais
apêndices de valorização, basta lembrar o que aconteceu agora em
Barcelona para verificar o quanto pode ser importante para a
segurança colectiva.
Para
o desenvolvimento da Baixa, seja este executivo PS que fique ao leme
dos destinos de Coimbra ou outro que lhe tome o lugar, manda o
bom-senso colocar em funcionamento os pinos.
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