terça-feira, 22 de agosto de 2017

BAIXA: MEDIDAS DESPENALIZADORAS E A FAVOR DA REVITALIZAÇÃO (7)






Tendo em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam, diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política, poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços mercantis.
Estou a escrever p'ro boneco? É o mais certo!


    Reactivar os pinos de obstaculização do trânsito em zonas da Baixa de acesso condicionado.

Foi em 1999, no anterior magistério de Manuel Machado, actual presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que, com um custo de implantação de 16.000 contos, 80 mil euros na moeda corrente, os pinos começaram a funcionar... mal, muito mal. Talvez este investimento camarário devesse servir de caso de estudo. Ou seja, como uma boa ideia, um fantástico plano, por uma deficiente logística (organização) de apoio e, depois, por “ciumeira” política da oposição acaba abandonada como monumento ao esbanjamento público e sem qualquer utilidade.
O projecto foi concebido para evitar o acesso de automóveis, durante uma parte do dia e evitar o estacionamento anárquico, a zonas consideradas comerciais e pedonais. As horas interditas aos veículos iam desde as 10h00 até às 20h00. As restantes, desde as 20h00 até às 10h00 da manhã o acesso ficava livre à circulação de veículos, quer de moradores, quer de carga e descarga para os estabelecimentos comerciais. Tudo começou (mal) pela entidade que estava encarregada de fazer cumprir o horário dos “pilaretes”. Umas vezes faziam levantá-los mais cedo, outras vezes mas tarde, outras vezes ficavam inertes sem serem levantados. Para complicar, algumas vezes os pinos levantaram e apanharam automóveis precisamente no momento em que passavam no local. Para complicar ainda mais, alguns comerciantes, habituados a fazerem o que lhes apetecia, sem regras, trataram de fazerem tudo para sabotar o sistema. Desde chaves falsas que faziam descer e subir os “piretes”, até serem destruídos para provocar a sua ineficácia, a tudo se assistiu.
Entretanto, em 2001, sendo deposto Machado (PS) e subindo ao pódio da cadeira máxima da autarquia Carlos Encarnação (PSD), havia no ar (pressentia-se) um certo clima próprio de uma pós-revolução. Isto é, em corte horizontal, tudo o que tivesse tido origem no “ancien regime” cheirava a mofo e era para acabar -aconteceu o mesmo com o Elevador do Mercado, obra considerada identitária do “machadismo”, que esteve avariado e abandonado durante anos. E foi assim que, passados dezassete anos -mesmo até depois da retoma do poder em 2013 por Machado, certamente por este edil estar velho e cansado-, este projecto dos pinos, que deveria estar a funcionar em pleno, jaz abandonado e sem qualquer prestabilidade.
Mas não se pense que Manuel Machado foi diferente e não pagou na mesma moeda. As câmaras de video-vigilância pública, que custaram ao erário público cerca de 150 mil euros, implantadas no reinado de Encarnação, numa história de insegurança, e para prevenção de assaltos, em Dezembro de 2008, estão inoperacionais há muito tempo e sem que o actual pretor urbano se importe muito. A vingança pode servir-se fria, o problema não reside na temperatura mas nos chamados danos colaterais. Como se calcula, as vítimas destas guerras partidárias são os operadores comerciais, a carne para canhão neste tabuleiro inclinado.
Voltando aos “piretes”, mesmo sem necessitar de mais apêndices de valorização, basta lembrar o que aconteceu agora em Barcelona para verificar o quanto pode ser importante para a segurança colectiva.
Para o desenvolvimento da Baixa, seja este executivo PS que fique ao leme dos destinos de Coimbra ou outro que lhe tome o lugar, manda o bom-senso colocar em funcionamento os pinos.


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