Tendo
em conta a continuada situação de empobrecimento e desalento que as
actividades comerciais tradicionais da Baixa de Coimbra atravessam,
diariamente e até às próximas eleições autárquicas de 01 de
Outubro, vou sugerindo medidas que, se houvesse vontade política,
poderiam servir para atenuar a queda e o encerramento de mais espaços
mercantis.
Estou
a escrever p'ro boneco? É o mais certo!
Metro
Ligeiro de Superfície (sistema de transporte sobre carris, defendido
por muitos mas encalhado por falta de financiamento).
BRT,
Bus, Rapid Transit (sistema de transporte em pequenos autocarros
eléctricos a rodar sobre pneus, também denominado de Metrobus, recentemente aprovado em substituição do primeiro).
Já
lá vão vinte anos desde que a empresa Metro Mondego foi constituída
(1996). Já decorreram cerca de doze anos (2005) desde que Carlos Encarnação, o então presidente da Câmara Municipal de Coimbra,
com grande pompa e muito mais circunstância, deu início à
continuada desconstrução -que já vinha dos anos de 1960 numa espécie de maldição- de
casario e muitas actividades comerciais e industriais. Era ano de
eleições. Depois de retomar o poder, depois das festas e da apanha
das canas dos foguetes, como promessa vazia de engana-tolos, o que
ficou foi um enorme buraco de pessoas a contribuir para a
desertificação urbana, um metro de ilusão, de pouca ambição, e uma imensa cratera
como símbolo de política barata, local e nacional, que envolveu os
portugueses, pelo menos, nas últimas duas décadas.
Já
passaram sete anos (Dezembro de 2009) que, sob promessa de
substituição, o então governo de José Sócrates mandou levantar
os carris e suprimir as ligações por comboio entre Coimbra e
Serpins. Os utentes destas linhas de transporte continuam à espera na estação que os políticos dêem cumprimento à promessa e
reponham o que lhes foi furtado em burla legal.
Dizem
as boas e más-línguas que cerca de 150 milhões de euros já foram
gastos em tudo e mais alguma coisa e de metro há apenas um comboio fantasma.
Depois
de ter sido dito por um ministro do anterior governo PSD que o Metro
de Superfície dependia de um estudo de viabilidade e, mais tarde, em
Janeiro de 2015, outro ter afirmado “que o
projeto da Metro Mondego (MM) "não é minimamente sustentável"
e ter lembrado que o Governo estava empenhado numa solução diferente
para o Ramal da Lousã, Coimbra, a Baixa e as zonas abrangentes em
redor continuam adiadas e à espera que se desate este nó cego que
obstaculiza o desenvolvimento local. A verdade é que, numa espécie
de campo de guerra, em que, de um lado, estão os utentes à espera
de uma solução, de outro, os dogmáticos inflexíveis e defensores
da linha férrea e de outro ainda os políticos que, aproveitando-se
da discórdia gerada entre os grupos, tentam ganhar tempo e retirar o
maior crédito possível do desentendimento, continuamos à espera.
Numa
reviravolta envolta numa nuvem de suspeição em torno de eleições
autárquicas, eis então que, no passado 02 de Junho, veio a Coimbra
Pedro Marques, Ministro do Planeamento e das Infraesturas, apresentar
a 2.ª fase do Sistema de Mobilidade do Mondego. De rosto fechado e
sem se rir, ouvimos o representante da tutela declarar que este
projecto “multimobilidade,
configurado para outros transportes”,
é para levar para a frente e já estão pessoas a trabalhar no
terreno. “Já
adjudicámos os trabalhos preliminares. Acredito neste projecto.
Os três anos e meio, a finalizar em 2021, já começaram a
contar", disse
Pedro Marques. Trata-se de um sistema de transportes sobre pneus que,
segundo os arguentes, está implantado em vários países do mundo.
Corroborado por várias entidades aparentemente independentes, como
por exemplo o LNEC, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e pela
CCDRC, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do
Centro, que, pela boca da sua líder, afirmou que, “perante
todos os pressupostos apresentados, a questão era tão só que a
Comissão Europeia não aprovava um projecto assente sobre carris que
custa à volta de 280 milhões. Aliás, exigiu que fosse apresentado
em Bruxelas um outro plano, mais eficiente, adaptável a todas as
variantes imponderáveis, e menos oneroso. Foi assim que se chegou a
este projecto agora mostrado”. Este
investimento, “moderno,
confortável, rápido e fiável, prático, seguro”,
rondará entre os 75 e os 90 milhões de euros e, para além da
ligação ao alto de São João tendo por meta Serpins, percorrerá
todo o trajecto de trecho urbano anterior via superfície apresentado
na fase I, que vai desde a Estação Velha, passando pela Loja do
Cidadão em direcção a Celas até aos Hospitais da Universidade.
Cada carruagem no serviço suburbano terá uma lotação de 55
lugares sentados. No serviço dentro da cidade, urbano, a lotação
será de 130 lugares sentados e em pé.
VAI OU
NÃO VAI?
Uma
coisa é certa, sem demagogia, sem partidarismo bacoco, se, tal como
foi prometido, este projecto for concretizado, pela sua realização,
é muito importante para o desenvolvimento da cidade e sobretudo para
o futuro da Baixa. Aliás, esta ambiguidade de modorra leva a que se
continue a investir em autocarros novos para os SMTUC, Serviços
Municipais de Transportes Urbanos de Coimbra.
Para
as pessoas de boa-fé (como eu que, apesar das aldrabices que a
cidade foi vítima por parte dos anteriores governos nacionais,
continua a acreditar na palavra dada), para o (des)crédito da classe
política e pelo que resta de algum respeito que ainda nos merece, é
bom que não sejamos, mais uma vez, sujeitos a um embuste.
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