POR
MÁRCIO RAMOS
Muitos
habitantes desta cidade pensam que a Baixa de Coimbra se resume a um
casario que vai desde Loja do Cidadão até ao Largo da Portagem e
delimitado pelo rio, de um lado, e, do outro, pela Rua da Sofia.
Na minha modesta opinião
a Baixa é muito mais vasta e rica. As suas fronteiras começam a
norte, na Estação Velha e Casa do Sal e a sul com toda a envolvente
e incluindo a margem esquerda, de Santa Clara. E delimitada pelas
Ruas Visconde da Luz, Ferreira Borges, Olímpio Rui Fernandes e
Sofia. Nesta zona temos comércio típico, centros comerciais em conglomerado,
serviços, um centro de saúde, uma gare de autocarros, duas estações
de comboios, vários serviços de alojamento local, hotéis
-arrisco-me a dizer, um deles talvez o mais antigo da cidade onde
muita historia por ele passou-, escolas e ate temos um complexo
desportivo. Para além de tudo isto, temos ainda um vasto património
histórico e religioso.
Há
uma denominada Baixa que vai desde o Tribunal até à Estação de
Coimbra B, que é uma zona essencialmente de serviços e habitação
e com edificado relativamente recente. Com uma larga avenida, que
atravessa a zona, muitas vezes caótica de trânsito, não tendo,
portanto, grande interesse turístico.
Há
outra Baixa que vai do Largo da Portagem até ao Parque Verde, que
tem igualmente poucas lojas, mas merece a nossa visita nem que seja
pelo verde paisagista e o silêncio calmo do Parque Dr. Manuel Braga.
Na outra margem, entre
outros, temos o Portugal dos Pequenitos. Todos nós já visitámos
este espaço lúdico e temático nem que fosse apenas uma única vez
na vida, sobretudo em criança. Temos também o Mosteiro de Santa
Clara-a-velha onde esteve sepultada a padroeira, a Rainha Santa
Isabel.
Depois
temos a Baixa propriamente dita, como o povo a conhece, delimitada
pelas Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Sofia. E temos também
a denominada Baixinha, que geograficamente compreende as ruas
estreitas, ao lado das vias largas, e a zona da Loja do Cidadão e
Avenida Fernão de Magalhães.
Há
dias foram inauguradas as iluminações natalícias e alusivas ao
Fim-de-Ano. Com pompa e circunstancia, Manuel Machado, presidente da
Câmara Municipal de Coimbra, carregou no botão magico milagroso e
de luz se fez luz. Houve muito povo a assistir a este evento em que
se realizou um concerto de Natal. No dia seguinte os jornais
noticiavam que a Baixa estava toda iluminada e festiva para a quadra.
Posteriormente passei e
falei com uma comerciante da baixinha, da parte de ruas estreitas.
Estava indignada. Disse: “iluminaram ruas na baixa? As
ruas da baixa iluminadas? Que ruas?”
Se formos ver -como eu
vejo-, seria complicado iluminar a Baixa toda, principalmente a
Avenida Fernão de Magalhães, mas haverá outras que será bem mais
facilitado. Não passaram muitos anos, a Avenida Sá da Bandeira e a
Praça da República eram ornamentadas com iluminações nas árvores
-como em Castelo Branco, por exemplo.
Na Baixa poucas ruas
foram enfeitadas; três no total: a Sofia, a Ferreira Borges e a
Visconde da Luz. E algumas praças e pracetas com um arco, como a
dizer que tiveram direito a qualquer coisinha. Em número esmagador
as ruas da cidade, da Baixa, da Alta, de Santa Clara, da Solum e da
Cruz de Celas ficaram sem qualquer ornamento. Tal como a comerciante
afirmou, digo eu também: que parte da Baixa foi iluminada? É
significativo? É demonstrativo de alguma coisa?
No fundo, com tão pouco,
não teria sido a semente para provocar o descontentamento geral? Bem
sei que nunca se agrada a todos, a Gregos e a Troianos, mas, pelo que
se fez, valha-nos Santa Isabel!
Depois, a senhora em
causa, sobre a animação em som de rua, sugeriu: por que não passar
apenas música da quadra e fado de Coimbra? Eu acrescento, por que
não fazer a ligação directa a uma radio de Coimbra?
Pode até parecer que estou a meter achas para uma fogueira que descontenta e esfria mais do que o contrário. Talvez valha a pena pensar nisto?
Pode até parecer que estou a meter achas para uma fogueira que descontenta e esfria mais do que o contrário. Talvez valha a pena pensar nisto?
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