quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A BAIXA VISTA DA MINHA JANELA





POR MÁRCIO RAMOS


Muitos habitantes desta cidade pensam que a Baixa de Coimbra se resume a um casario que vai desde Loja do Cidadão até ao Largo da Portagem e delimitado pelo rio, de um lado, e, do outro, pela Rua da Sofia.
Na minha modesta opinião a Baixa é muito mais vasta e rica. As suas fronteiras começam a norte, na Estação Velha e Casa do Sal e a sul com toda a envolvente e incluindo a margem esquerda, de Santa Clara. E delimitada pelas Ruas Visconde da Luz, Ferreira Borges, Olímpio Rui Fernandes e Sofia. Nesta zona temos comércio típico, centros comerciais em conglomerado, serviços, um centro de saúde, uma gare de autocarros, duas estações de comboios, vários serviços de alojamento local, hotéis -arrisco-me a dizer, um deles talvez o mais antigo da cidade onde muita historia por ele passou-, escolas e ate temos um complexo desportivo. Para além de tudo isto, temos ainda um vasto património histórico e religioso.
Há uma denominada Baixa que vai desde o Tribunal até à Estação de Coimbra B, que é uma zona essencialmente de serviços e habitação e com edificado relativamente recente. Com uma larga avenida, que atravessa a zona, muitas vezes caótica de trânsito, não tendo, portanto, grande interesse turístico.
Há outra Baixa que vai do Largo da Portagem até ao Parque Verde, que tem igualmente poucas lojas, mas merece a nossa visita nem que seja pelo verde paisagista e o silêncio calmo do Parque Dr. Manuel Braga.
Na outra margem, entre outros, temos o Portugal dos Pequenitos. Todos nós já visitámos este espaço lúdico e temático nem que fosse apenas uma única vez na vida, sobretudo em criança. Temos também o Mosteiro de Santa Clara-a-velha onde esteve sepultada a padroeira, a Rainha Santa Isabel.
Depois temos a Baixa propriamente dita, como o povo a conhece, delimitada pelas Ruas Ferreira Borges, Visconde da Luz e Sofia. E temos também a denominada Baixinha, que geograficamente compreende as ruas estreitas, ao lado das vias largas, e a zona da Loja do Cidadão e Avenida Fernão de Magalhães.
Há dias foram inauguradas as iluminações natalícias e alusivas ao Fim-de-Ano. Com pompa e circunstancia, Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, carregou no botão magico milagroso e de luz se fez luz. Houve muito povo a assistir a este evento em que se realizou um concerto de Natal. No dia seguinte os jornais noticiavam que a Baixa estava toda iluminada e festiva para a quadra.
Posteriormente passei e falei com uma comerciante da baixinha, da parte de ruas estreitas. Estava indignada. Disse: “iluminaram ruas na  baixa? As ruas da baixa iluminadas? Que ruas?
Se formos ver -como eu vejo-, seria complicado iluminar a Baixa toda, principalmente a Avenida Fernão de Magalhães, mas haverá outras que será bem mais facilitado. Não passaram muitos anos, a Avenida Sá da Bandeira e a Praça da República eram ornamentadas com iluminações nas árvores -como em Castelo Branco, por exemplo.
Na Baixa poucas ruas foram enfeitadas; três no total: a Sofia, a Ferreira Borges e a Visconde da Luz. E algumas praças e pracetas com um arco, como a dizer que tiveram direito a qualquer coisinha. Em número esmagador as ruas da cidade, da Baixa, da Alta, de Santa Clara, da Solum e da Cruz de Celas ficaram sem qualquer ornamento. Tal como a comerciante afirmou, digo eu também: que parte da Baixa foi iluminada? É significativo? É demonstrativo de alguma coisa?
No fundo, com tão pouco, não teria sido a semente para provocar o descontentamento geral? Bem sei que nunca se agrada a todos, a Gregos e a Troianos, mas, pelo que se fez, valha-nos Santa Isabel!
Depois, a senhora em causa, sobre a animação em som de rua, sugeriu: por que não passar apenas música da quadra e fado de Coimbra? Eu acrescento, por que não fazer a ligação directa a uma radio de Coimbra?
Pode até parecer que estou a meter achas para uma fogueira que descontenta e esfria mais do que o contrário. Talvez valha a pena pensar nisto?

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