(Imagem da TSF)
Não gostei do debate promovido ontem pela RTP.
Enxabido, sem graça, e muito à defesa pelos candidatos da primeira liga, com
perguntas por vezes não extensíveis a todos, com tempos mal atribuídos pelos dois jornalistas, foi notório o apagamento dos
holofotes para os candidatos mais fracos, como quem diz da segunda liga. Safou a contenda as tiradas inteligentes de Vitorino Silva e a convicção de Marisa Matias.
Gostei da prestação objectiva e límpida da eurodeputada Marisa Matias –embora, no tocante à denúncia das subvenções vitalícias dos
ex-titulares de cargos políticos agora repostas pelo Tribunal Constitucional
(TC), preferia ter ouvido da sua boca que o problema não reside neste
órgão superior de análise da Magna Carta mas sim na lei que a sustenta. Ou
seja, o TC limita-se a apreciar uma norma independentemente dos seus beneficiários.
Por outro lado ainda, não é justo também estar a insultar os trinta deputados
que pediram a apreciação constitucional depois das incisões a que foram
sujeitos nos últimos anos. Quer estes deputados, que em face da lei vigente que
os contempla defenderam os seus interesses, quer os juízes do TC, que se
limitaram a avaliar a legalidade dos cortes ocorridos na vigência dos
anteriores governos do PS e do PSD e, pelos vistos, estava ferida de
inconstitucionalidade pelos princípios de proporcionalidade e igualdade –na relação
com outros cortes.
É escandalosa esta reposição de ao fim de 12
anos de prestação pública haver pessoas que se podem aposentar? É! Sobretudo
quando cidadãos como o Paulo Simões, ex-comerciante e entrado em insolvência,
que trabalhou 37 anos e não tenha direito a uma digna subvenção de
sobrevivência. Gostava de ver a bancada parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) mais
envolvida neste assunto. E não é por desconhecimento. Gostava também de ver os
deputados deste partido a apresentar no Hemiciclo uma iniciativa parlamentar
para revogar a lei das subvenções vitalícias atribuídas aos políticos –é verdade
que já em 2014 o BE se tinha insurgido contra a reposição através do Parlamento, mas não chega considerar a lei iníqua! Agora, enquanto parceiro de apoio da maioria governamental, tem campo de manobra e pode fazê-lo. Porque ainda não fez o anúncio da intenção? Transformar o TC em bode expiatório desta questão não é honesto
intelectualmente. Bem sei que é fácil num país que engravida pelos ouvidos!
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Blogue Aventar: "As subvenções dos políticos não são inconstitucionais, são imorais"
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