Texto escrito a quatro mãos.
Por
Márcio Ramos e Luís Fernandes
Todos nos apercebemos como a Baixa,
lentamente, se está a transformar. Abriu o “Caco”,
na Rua Visconde da Luz, o “Continente”,
no espaço da Auto Industrial, e brevemente vai aparecer o “Burger King”, no edifício contíguo ao Turismo, junto ao Largo da
Portagem. Abriu uma loja “Multiópticas”
e outras marcas mais se irão instalar. Enfim, o bairro baixo da cidade está para as curvas,
recomenda-se, e não se deixa abater, mesmo que haja no círculo político
uma frouxidão e apatia que por vezes até incomoda. Se não fossem os privados a
puxar pelo Centro Histórico, provavelmente, a Baixa já teria desaparecido.
O Terreiro da Erva, mais conhecido como “terreiro do pó”, foi até agora um desordenado
estacionamento. Conforme anúncio público, o executivo da Câmara Municipal de
Coimbra (CMC) decidiu, e muito bem, retirar as latas ambulantes,
requalificar e fazer uma praça pedonal com árvores e apresentar um novo
espaço dignificado para desfrute dos residentes e visitantes. “Uma verdadeira praça, no coração da cidade,
antiga e moderna, como é Coimbra” –citando Manuel Machado, presidente da CMC.
Se
concordamos em parte, porém, há uma questão que subjaz: o estacionamento
gratuito cada vez é menor na Baixa. Repare-se que não se acusa a falta de lugares
para estacionamento. Não foi isso que se escreveu. Há muito espaço onde guardar
o carro, o problema é o preço elevado que, como se sabe, contribui para a
desertificação desta zona velha. Ainda que uma falácia desbragada, há muito que
se consta por aqui que, alegadamente, a autarquia, acabando com a paragem
gratuita de automóveis, pretende nitidamente defender os parques de
estacionamento privados –que são muitos e só parcialmente ocupados.
Ora,
acontece que mesmo ao lado desta prevista e emblemática obra estão duas crateras
expostas a céu-aberto e que não se sabe para que servem. Referimos o corredor
aberto há anos, entre a linha de caminho-de-ferro, junto ao Mondego e paralelo
à Avenida Fernão de Magalhães e no espaço da antiga Triunfo, e entre a Rua da
Sofia –parte deste terreno é de propriedade particular. Esta ala tinha como
destino a construção da futura Avenida Central e com passagem pelo Metro Ligeiro de Superfície. Conforme se constata, encalhou na Rua Direita e,
aparentemente, nem avança nem encolhe. Então, pergunta-se: a cidade é assim tão
rica que se possa dar ao luxo de estar a perder diariamente um espaço central e
fulcral como aquele? Enquanto o metro vai e não vem e a avenida se aperfeiçoa,
porque, ainda que provisoriamente, não se terraplana toda aquela área no
coração da Baixa e se permite um parque de estacionamento gratuito? Os parques
privados não vão gostar? Paciência! Problema deles! O executivo municipal tem
força para levar este plano em frente e afrontando os privados? Isso já não se
sabe.
E mais
ainda, é preciso solucionar de vez a venda ambulante, pelos vendedores de etnia
cigana, junto ao antigo Armazém Amizade. Não é transferi-los para outro espaço
que está em causa. Nada disso. É necessário de uma vez por todas distribuir uns
quiosques pela Baixa, que outrora foram prometidos, atribuindo-lhes direitos e
deveres, e dignificar a venda para estas pessoas –salvo erro seis vendedores
licenciados. Desde a venda do antigo terreno, em 1998, onde agora se encontra a
Loja do Cidadão, que o problema da venda-ambulante se arrasta e continua por
resolver. Isto apesar de já ter havido várias alterações ao Regulamento para
inglês ver. Quase vinte anos depois tudo está igual.
Talvez
fosse altura deste executivo mostrar que é capaz de mexer nas pequenas coisas,
os tais pormenores, que marcam toda a diferença.
Para terminar, ficamos todos com a esperança
de que as obras se concluam dentro do prazo agendado, Setembro deste ano. Oxalá
assim seja, no entanto, se forem interrompidas por achados arqueológicos, que
se prevêem, ninguém levará a mal. É uma oportunidade única, e a não perder, para
se conhecer bem o subsolo daquela parte da cidade e enriquecer a sua história
milenar.
TEXTOS RELACIONADOS
"A Baixa cada vez mais em baixo"
"A erva e o pó do terreiro"
"Ó pá, vai lá..."
"A coluna do Marco"
"Reabriu o GAT da Cáritas"
"Encerrou a auto-Peças no Terreiro da Erva"
"O destino traçado do Anildo"
"Guerra nos apoios aos sem-abrigo"
"Hélder, o pária mal-amado"
Por seis plantas de cannabis"
"Conto de Natal: mulher mãe..."
"A erva e o pó do terreiro"
"Ó pá, vai lá..."
"A coluna do Marco"
"Reabriu o GAT da Cáritas"
"Encerrou a auto-Peças no Terreiro da Erva"
"O destino traçado do Anildo"
"Guerra nos apoios aos sem-abrigo"
"Hélder, o pária mal-amado"
Por seis plantas de cannabis"
"Conto de Natal: mulher mãe..."
Sem comentários:
Enviar um comentário