(Imagem da Baixa de Faro)
Ontem escrevi a crónica “Uma esplanada polémica na Baixa”. Não é minha intenção tomar
partido entre as partes em confronto, nomeadamente, entre Maike Chen, o
comerciante da Ellayne, e o Jazz ao Centro Clube (JACC), o pretendente à
ocupação do espaço público com mesas, cadeiras e guarda-sóis. Quando escrevo
que não pretendo tomar parte não significa que não tenha opinião ou, tendo, me
escondo no reposteiro da ambiguidade. Por uma questão de honestidade intelectual
–é um palavrão, mas existe, não existe?-, sobretudo depois de ter desencadeado
a discussão, creio ser minha obrigação pronunciar-me sobre o assunto em
análise. E entro logo a matar! Quer o Chen quer o JACC, homem e colectividade e ambos requerentes, têm
razão. Ora, para sermos justos e equitativos temos de ver por cima para
compreender o fenómeno na sua totalidade, de forma holística.
Por um lado, o comerciante, pela previsível
ocupação do espaço visual público com guarda-sóis, é natural e lógico que se
sinta prejudicado uma vez que as suas montras irão ficar obliteradas pelos
chapéus-de-sol. Negar isto, invocando o interesse maior da cidade ou outra coisa qualquer, é não se transcender e não conseguir colocar-se no
lugar do lesado, dele. É vermos o problema apenas por um dos lados da bitola.
Por outro lado, o JACC, enquanto
adquirente do antigo Salão Brazil e que, em princípio, recebe os direitos e
obrigações do cedente, por legitimidade própria, tem direito a cerca de seis mesas
de esplanada –que era o que o antigo salão tinha atribuído. Mas há um pormenor
que vem baralhar tudo: com o novo estabelecimento da Mercearia Camponesa, que
alegadamente vai ser bar, há um novo processo de autorização de ocupação de
espaço público, que pode ser acoplado ao anterior ou não, e, por isso mesmo, pode
ser-lhe concedido pela autarquia um número maior de metros de área para
esplanada.
Então, sendo assim, havendo dois
interesses em conflito, não há solução para o problema? Vamos voltar atrás. O
que é que está no centro da discórdia? É a superfície ocupada com cadeiras ou o
impacto dos guarda-sóis? É evidente que são estes últimos. Nesse caso, é fácil,
eliminam-se os chapéus-de-sol. Mas como?
OLHAR PARA SUL
Seguindo o exemplo de Ayamonte, cidade
espanhola do outro lado do Rio Guadiana e no oposto a Vila Real de Santo
António, no último Verão, Faro, no Algarve, começou a instalar telas de
sombreamento nas ruas do seu Centro Histórico, para dar mais conforto aos
transeuntes, clientes de lojas e, sobretudo, para retirar da via pública os
inestéticos “sombreros” e criar um
espaço visual público mais aberto. Estes toldos
de vela, presos nas cimalhas dos prédios, contribuem para um maior
embelezamento dos becos, ruelas e largos.
Por que não seguir em Coimbra o
mesmo exemplo da cidade algarvia?
É COISA NOVA POR CÁ?
Para quem tem ainda a memória fresca,
recordará que no programa político da Coligação
por Coimbra, em 2001, estava inscrita a promessa de cobertura das Ruas
Ferreira Borges e Visconde da Luz, uma ideia peregrina de Horácio Pina Prata,
que viria a ser, ex aequo, vice-presidente
da Câmara Municipal de Coimbra, tendo Carlos Encarnação como primeiro, e
presidente da ACIC. Começou por arrancar nos jornais locais logo em 2002 mas, talvez
por falta de convicção, foi passada para simples toldos nos estabelecimentos
até que morreu sem ver a luz –nessa altura, em 29 de Setembro de 2003, escrevi
sobre a morte prematura deste projecto no Diário as Beiras, com o título “Um guarda-chuva polémico”.
Em resumo, e para terminar, creio que se
fizesse aqui o mesmo que se está a fazer em Faro todos, comerciantes e hoteleiros,
ficavam a ganhar. E acima de tudo a Baixa da cidade. O custo de instalação, a
discutir e sujeito a apreciação, poderia ser da responsabilidade comparticipada entre os requerentes e
a edilidade.
Talvez valha a pena pensar nisto!
O que acha?
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