POR MÁRCIO RAMOS
Lendo o blogue e os comentários no Facebook sobre
a nova taxa das esplanadas é bom constatar que há discussão, que há pessoas que
mostram a sua revolta. Mas também acho que não é por se discutir que se
faz algo melhor. A união faz a força e, neste caso, todos deveriam falar a uma
só voz perante a Câmara Municipal de Coimbra e numa das reuniões do executivo
aberto ao público ou da Assembleia Municipal apresentar o problema em
manifestação da classe profissional. Não basta dizer está mal, e depois pagarem e não haver reacção. Lamento apenas que
só nestas alturas haja discussão acesa e quase intervenção, mas só quando toca
nos bolsos dos operadores. Quando há outras questões igualmente importantes
para a Baixa ficam calados.
Mas vamos lá as explanadas. A autarquia está a
ser coerente, senão vejamos: há uns anos neste blogue foi revelado
outro atentado ao comerciante e, este, pouco ligou. Por alturas do Natal os
lojistas, para ajudar a embelezar as suas ruas já que a edilidade tinha
colocado o espírito natalício numa gaveta a apanhar pó, aplicaram uns
vasos com algumas decorações alusivas à quadra. A fiscalização
camarária, sabendo desta iniciativa, o que fez? Por mais ou menos trinta
centímetros, começou a cobrar por ocupação de espaço público. Se bem me lembro,
pagavam em média cerca de 20 euros. Não se vê muito bem a razão, agora, dos hoteleiros
ficarem admirados por se cobrar pelas explanadas. Não entendo é por que é
que a Câmara não o fez mais cedo, sobretudo sabendo o historial desta entidade
pública. No entanto, confesso que não estou de acordo mas também não plenamente
em desacordo. Acho, isso sim, que há limites para a decência. Vamos por
partes: Num largo pequeno, como é o caso do Largo da Freiria, acho
bem haver uma esplanada a dar vida a um local pouco concorrido. Acho
que nessas várias pracetas, por essa Baixa fora, deveria haver uma
esplanada pois dá outra alegria e movimento ao Centro histórico. Em
contraposição, há outros casos em que se exagera. Por exemplo nas ruas largas
há esplanadas que ocupam metade da rua, e já não acho bem. A meu ver, o
problema nem será o facto do espaço ser pago ou não. Tenho reparado que em
Coimbra há uma guerra silenciosa nos cafés e restaurantes e acho que a
Câmara quer pôr cobro a isso. Passo a explicar melhor: comecemos pelo Largo da
Portagem, a entrada da Rua Ferreira Borges quase está embargada e a passagem de
transeuntes chega a ser difícil. Parece que quem tiver a maior explanada é o
rei dos cafés, tipo eu tenho que ter uma
explanada maior que a tua, pois, sendo assim, é sinal de prestígio e de
grandeza.
Na Praça do Comércio lá
estão as explanadas. Mas vou ser sincero, preferia que estivem em toda a sua
área, pois acho uma falta de respeito e cidadania às vezes passar por lá
e ver este recinto histórico mais parecer o “Bota-abaixo” antigo com estacionamento à balda. Isto não dignifica a Baixa nem a cidade. Dai, concedam
licenças para explanadas até à Igreja de São Bartolomeu. Sempre é melhor que manter
lá diariamente os automóveis a ocuparem um espaço que deveria merecer outra
dignidade.
Concordo que os hoteleiros devem pagar
taxa de ocupação de via pública, já que o café ou restaurante está a servir-se
de um espaço que é da comunidade. Porém, não deve haver uma taxa fixa igual
para todos –além de mais é uma falta de respeito por parte da Câmara não
avisar os comerciantes com tempo pois ainda são umas centenas de euros a
pagar de uma só vez. A autarquia deveria fazer de outro modo
e passo a explicar:
Antes de aplicar a pastilha a edilidade deveria
consultar os rendimentos anuais das empresas que solicitam licenças. Hoje com o
sistema fiscal informatizado deve ser fácil.
Outra forma era dividir a cidade por zonas. A
Praça da República pode não ser igual à Praça do Comércio em rendimento. O
Largo da Portagem não deve ser igual ao Largo da Fornalhinha.
Já agora, a talhe de foice, será que com
estes preços por metro quadrado o Jazz ao Centro Clube vai mesmo ocupar o
Largo do Poço, cheio de mesas e cadeiras como estava a programar? Mas
isso, como se imagina, é outra historia que não me cabe a mim analisar.
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