Em contacto prévio com uma
jornalista da TVI, ficou acordado que todas as despesas feitas na viagem seriam
ressarcidas em Lisboa, na sede, em Queluz. Para isso seria necessário
apresentar lá os correspondentes recibos com o NIF, Número de Identificação
Fiscal, da empresa –neste caso uma subcontratada na produção do programa de Fátima Lopes, “A
Tarde é sua”. Então, logo em Coimbra, surgiu o primeiro problema. Na estação de
Coimbra B solicitei 6 bilhetes de ida e volta e o correspondente recibo da
compra. Resposta da funcionária da CP: “o
bilhete serve de factura!”. Expliquei à senhora de que sendo os títulos de
ida e volta não os poderia deixar em Lisboa para a empresa Coral –a responsável da TVI- me devolver a verba, que não era tão
pouca quanto isso: cerca de 200 euros. Mas a empregada da bilheteira é que não
ia na minha argumentação. “Eles que tirem
fotocópias em Lisboa”, argumentava. E, como pregador a espalhar o Evangelho
aos peixes, eu lá lhe ia dizendo que não poderia ser assim: as fotocópias não
são aceites como prova fiscal de pagamento –a não ser que sejam autenticadas,
acrescento agora. Lá do alto da sua insensibilidade a vendedeira de bilhetes
parecia adivinhar que se eu fosse bom em réplica hoje já seria advogado. Se
andei pela Faculdade de Direito, e os professores me mandaram dar uma volta ao
bilhar grande –ou que fosse dar música para outro lado, para a rua, por exemplo-,
é óbvio, que eles viram logo que estavam perante uma besta… quadrada, porque em
círculo, penso eu, andarão muitos por lá. Como é que ela teria adivinhado o meu
calcanhar de Aquiles? Interrogava-me em solilóquio, pensando baixinho com meus
botões. Será que, pela força da experiência, se teria tornado vidente? Mas eu
posso mesmo ser cavalgadura, lá isso posso, mas sou também muito teimoso. E
insistia: mas, minha senhora, é uma questão de bom senso, se eu preciso de
trazer os bilhetes na volta é lógico que não os poderei deixar em Lisboa. E a
vendedora do guichet replicava: “já lhe
disse que é assim!”. E eu continuava a insistir: a senhora não quer
apresentar o caso ao chefe? É que se não me resolve esta questão, para mim
aparentemente clara, vou ter de lhe pedir o Livro de Reclamações e plasmar lá a
minha dificuldade. E como do outro lado nada vinha em alternativa, lá inscrevi
o meu protesto no instrumento disponibilizado.
Chegámos à sede da TVI, em Queluz
de Baixo, e, quando me foi requerida as provas de despesa das deslocações,
incluindo o táxi, lá contei da dificuldade em obter uma factura da CP.
Argumentou a assistente daquela estação de televisão: “não passaram factura? Mas olhe que costumam passar. Tudo depende do
funcionário. Umas vezes passam outras vezes não. Mas não importa, o senhor leva
os bilhetes de volta para Coimbra, depois faz o seu retorno e nós enviamos-lhe
a verba correspondente”. Alto e para
o baile! Argui. Isso não. São mais de 250 euros, com a viagem de táxi.
Tenho de receber hoje, e, sobre palavra de honra, comprometo-me a fazer o
regresso dos bilhetes. “Está bem, não se
preocupe, vou falar com o chefe e tudo se resolve”, enfatizou a bonita
assistente. A verdade é que antes de entrar para os ensaios de produção já
estava a receber tudo em “cash”. Bom serviço da empresa associada à TVI, pensei
cá com a minha camisa.
E, por volta das 16h30, lá
entrámos para a edição em directo. Falámos antes com a Fátima Lopes, que fez
questão de nos cumprimentar a todos, um por um, e verifiquei que esta mulher é
um amor em simpatia. Com uma simplicidade contagiante não admira que tenha
tantos fãs no Facebook. Gostei muito de a conhecer. Penso que, na sua forma de
trato, desmistifica muito a ideia estereotipada que fazemos das apresentadoras
de televisão. Se cada um de nós é um embaixador da sua profissão, da sua rua,
do seu bairro, da sua cidade, do seu País, Fátima Lopes representa bem a sua
classe.
A entrevista, a todos os membros,
músicos de rua, correu muito bem. Já a actuação ao vivo nem por isso. Estávamos
todos a tocar muito bem o trecho “Amor Cortado” quando de repente, salvo erro, o realizador faz sinal ao público
presente no estúdio para bater palmas. Foi uma bomba de ruído que caiu no meio de nós. O bater de mãos, sem
orientação de ritmo, abafou completamente os desempenhos de cada um e deixámos
de nos ouvir no palco. Passámos a tocar com fé em outra Fátima, a Nossa
Senhora. E, em complemento, rogávamos a todos os santos que acabasse depressa.
Pensava para mim que aquela mostra ao vivo tinha acabado em desgraça –afinal,
depois de visionar a posteriori até
deu para safar a coisa. Ainda apanhei Fátima Lopes de saída e, desabafando da
minha constatação, contei-lhe de que não devem misturar palmas do público
quando se toca ao vivo. Caso não seja assim redunda em desaire. Replicou a
apresentadora: “ai sim? Não sabia. Ainda bem que me diz, vou apresentar este
caso na próxima reunião”. Chau, Faty,
até à próxima. Foi um gosto.
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