Segundo o Diário de Coimbra,
Paulo Canha, de 52 anos, faleceu no Domingo vítima de doença. Conheci o Canha,
entre 1999 e 2003 –saí neste ano-, quando, ele como vice-presidente e eu vogal,
fizemos parte da direcção da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra.
Era então o presidente desta grande agremiação o engenheiro Pina Prata.
Se todas as pessoas, por um transcendente
e universal perdão, na hora do ajuste de contas final passam a ser todos bons –e
ainda bem que assim é, porque significa que dentro de cada um de nós há sempre
lugar para o perdão. Na morte tudo se acaba e, por isso mesmo, todas as dívidas
terrenas ficam naturalmente saldadas- não é por isso que vou expressar aqui o
meu apreço pelo agora extinto. O Paulo, durante os quatro anos em que privei
com ele mais de perto, era, de facto uma boa pessoa. Um homem amoroso, sempre a
evitar magoar alguém, com muito humanismo. Um tipo brincalhão. Apesar da sua
posição estatutária, era uma pessoa simples, de trato afável e cordial. Naturalmente
que nem sempre estivemos de acordo com posições ali tomadas, mas tive sempre
uma boa impressão da sua humanidade. Depois disso, várias vezes nos encontrámos
e sempre nos cumprimentámos com estima e consideração.
Nesta hora difícil para toda a
sua família, para o seu pai, Norberto Canha, que conheço pessoalmente, gostaria
de deixar aqui um abraço de solidariedade do tamanho do mundo neste momento de
tanta angústia. A vida é mesmo assim. Tem princípio, meio e fim. Conhecendo o
Paulo como o conheci, dando ele tanto valor à vida, quase tenho a certeza de que,
nesta abrupta partida, não quereria gente a chorar. É por isso mesmo que lhe
dedico este meu poema escrito e musicado no recente cd da denominada Orquestra
de Músicos de Rua de Coimbra:
PROFECIA
Quando eu morrer, qualquer dia,
não quero gente a chorar,
quero sentir alegria,
de ninguém se lamentar;
não quero gente a chorar,
quero sentir alegria,
de ninguém se lamentar;
Quero uma grande festa,
com cantares que eu cantei,
quero partir desta,
da mesma forma que entrei;
Quero um bolo muito grande,
vinho tinto a jorrar,
quero ter gente feliz,
para me acompanhar;
A vida é uma passagem,
entre o nascimento e a morte,
é um vento, é uma aragem,
um virar de página, um corte.
entre o nascimento e a morte,
é um vento, é uma aragem,
um virar de página, um corte.
Para tristeza já me basta,
a vida que eu levei,
agora que já estou livre,
quero dar o que não dei;
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