O candidato do Partido Socialista
(PS) à Câmara Municipal de Coimbra Manuel Machado, juntamente com a sua
comitiva, andou hoje, durante a manhã, a distribuir rosas nas lojas da Baixa da
cidade.
Sabendo-se o estado
económico-financeiro da maioria dos comerciantes, muitos deles, em que me
incluo, que, para além de não ganharem para as despesas diárias de água e luz,
já não têm dinheiro para comer, pergunta-se: o que é isto?
Apesar de ninguém falar do que
está acontecer aos lojistas, nem os interessados sofredores, que preferem
morrer em silêncio do que denunciarem esta tragédia social, nem outros que se
apercebem e fazem que não vêem, este é o estado real da Baixa. Pergunto-me
muitas vezes onde está a coragem destes profissionais que preferem fugir, com o
rabo entre as pernas, a darem a cara
pelo que lhes está acontecer. Interrogo-me diariamente como, com esta apatia e
entorpecimento social, se há-de mudar o País? O interessante, sem interesse
nenhum, é que todos, no diz-que-disse,
defendem uma mudança neste sistema político que, como nuvem tóxica, está a matar
toda uma classe profissional. No entanto, como árvores fustigadas por vendaval,
cai um, cai outro e, num continuum
que se transformou em rotina de andróides, ninguém se importa ou parece dar
importância. Cada um, à sua maneira, olha para este claudicar do vizinho com
alguma comiseração e sempre a pensar que, nos intervalos dos pingos de chuva,
se vai safar. O resultado, nos últimos dois anos, é uma verdadeira catástrofe
social. Num silêncio incomodativo, assiste-se a um paulatino desaparecimento à
míngua.
Voltando à distribuição de rosas
pelo candidato do PS, numa altura em que, como manto negro que se abateu sobre
esta zona, a miséria assentou arraiais no Centro Histórico, é uma ofensa esta
distribuição despesista. Sabendo todos que uma rosa é mais cara do que uma
sopa, porque não ofereceu ele uma tijela com caldo e uma côdea aos
comerciantes?
O mínimo, o que se esperava deste
concursante à cadeira do poder da Praça 8 de Maio era contenção orçamental numa
época de crise económica como a que estamos a viver. Até porque o que se aguardava
deste candidato é que marcasse a diferença entre ele e o seu principal
opositor, Barbosa de Melo, que, nos últimos dois meses, mais não tem feito do que
anunciar obras pela cidade e suas freguesias. Bem se sabe que um e outro casos
são intrinsecamente diferentes. Um, enquanto locatário a ocupar um cargo de
representatividade colectiva, tendo obrigação de ser poupado, coibido nas
verbas públicas que lhe são confiadas, endivida a autarquia para o futuro. Seja
ele ou outro, quem vier depois que pague a factura. Nem que para isso se
continue a aumentar taxas municipais sobre quem já nem dinheiro para se
alimentar consegue. Outro, este de Manuel Machado, sabe-se que as verbas gastas
com rosas ou são pagas pelo partido –e aqui já entram dinheiros públicos- ou
pelos apoiantes ou pelo candidato. De qualquer modo, um cidadão, como eu,
questiona-se como é possível continuar este forrobodó que indigna qualquer um
mais atento.
Aliás, até vou mais longe, se o
País está na indigência, se as autarquias estão assoberbadas em dívidas, o que
faz mover tantos candidatos na sua direcção? Será apenas pela intenção de fazer
melhor? Como cidadão que pensa nestas questões e minimamente informado lamento
dizer: DUVIDO. Num cepticismo, num pessimismo que se me colou como uma máscara
e que me transformou num tipo azedo e de maus modos, não acredito nos
candidatos. Apesar disso, com um grande nó na garganta e sabendo que não
remediarei nada, não me escusarei à participação de sufrágio. Vou votar no
próximo domingo. E mesmo sabendo antecipadamente que tudo vai continuar igual,
acredite-se, não votarei em branco.
2 comentários:
Tenho pena que não tenha comentado o forró efectuado pela CDU na Praça 8 de Maio.
Admito que não tenha sabido.
Quanto teria custado a vinda do Vitorino e todo o aparato?
Talvez mais do que uma rosa.
Ai já não interessa o problema dos comerciantes.
E o PSD ou seja a Coligação ?
Procure ser isento.
Concordo consigo ao escrever que vai votar. Dever vivico.
o vitorino ,como homem de esquerda,até talvez tenha vindo à borla...não acha...?
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