Seriam
cerca de 14h30. Dos lados da Câmara Municipal, em passo cadenciado,
dei por mim a atravessar a Rua da Sofia em direcção aos fundos,
para os lados do Tribunal. Foi quando no passeio, junto à Pastelaria
Palmeira, me apercebi de uma pomba morta. Em segundos, dividi o meu
pensamento entre desejar-lhe um eterno descanso no reino dos céus
onde vão parar todas as aves símbolos da paz e da boa-vontade e pegar nela e
sepultá-la num caixote de lixo próximo. Num calculismo notório, tentando desculpabilizar-me
por não haver ecoponto nas proximidades, fiquei-me pelo primeiro
pensamento e, abandonando a ave à sua continuada má-sorte, segui em
frente. Fui tratar da minha vidinha e passado, mais ou menos, um
quarto de hora estava novamente a cruzar-me com a finada ex-rainha
dos beirais. Eis senão quando, então, vejo um homem todo aprumado, de
fatinho e engravatado, curvar-se, pegar no passarinho e, olhando em
volta em busca de um depósito, como não encontrou, levar na mão os
restos do animal.
Não
conheço este ilustre desconhecido, o que sei é que me deu uma lição
de cidadania. Obrigado, homem da pomba morta!
1 comentário:
E também eu passei ali a essa hora e vi a pomba com algumas gotas de sangue em volta e pensei o mesmo que o senhor e tb eu segui caminho. Mas não me arrependo. Alguém me disse uma vez que os Homens nascem bons e morrem maus. Cada vez mais me parece verdade. Se o animal estivesse vivo, aí não seria capaz de não agir... mas depois da morte nada interessa.
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