quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

UM COMENTÁRIO E UMA RESPOSTA DADA...




Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO E UMA RESPOSTA DADA...":


O Sr. Luís Fernandes ainda não entendeu que o que diz o Dom Rafael o Castelão é a opinião generalizada dos conimbricenses. Comercialmente, a baixinha de Coimbra está morta. Acabou, morreu. Chega de protestar contra os centros comerciais. Já quando foi da abertura do Continente no Vale das Flores foi um ai jesus. Por exemplo, nem Coimbra nem nenhuma cidade do mundo precisa de uma rua cheia de sapatarias. Eu sei que cada uma delas tem uma história e se calhar todas mereciam ser considerada históricas, mas os tempos de há vinte ou trinta anos em que a baixinha era o centro comercial de Coimbra, como se fosse um mercado marroquino onde toda a gente se ia abastecer de tudo, já acabou e não volta. O futuro da baixa está na recuperação das casas para habitação e esse é um processo difícil que tem mais a ver com os proprietários do que com a câmara. E depois algumas lojas especializadas, modernas, com sangue fresco. A câmara pode ter algum papel na ajuda à recuperação dos prédios, talvez subsídios, sei lá. Mais do que isso, só se a própria Câmara comprasse a baixinha ;). O Mercado Municipal, sim, aí a câmara poderia ter outro papel, mas isso é outro assunto.


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NOTA DO EDITOR

Meu caro anónimo, entendo perfeitamente essa sua inclinação para a defesa de uma tese que lhe dá jeito -afinal o seu emprego depende do situacionismo, da continuidade de fazer floreados para inglês ver. Mas se, por um lado, compreendo a sua posição, por outro, já não aceito a sua desonestidade intelectual. E vou explicar melhor:

Comercialmente, a baixinha de Coimbra está morta. Acabou, morreu. Chega de protestar contra os centros comerciais. Já quando foi da abertura do Continente no Vale das Flores foi um ai jesus

Se você assume que a baixinha de Coimbra está morta, acabou, morreu, mais uma razão para o caro anónimo, que tanto dizia defender a causa pública como afirmou em algumas conversas entre nós, se envolver pessoalmente na sua regeneração. É para isso que é pago através do erário público. Esqueceu? Se é pouco e devia ganhar mais, isso é outro assunto.
Bem sei que lhe dava jeito que eu parasse de protestar. Se dava?!? Acontece que cada um tem a sua cruz, e, passando o exagero, eu serei a sua e a do seu grupo político. Vai ter de me gramar! Quando você estava na oposição, e, indignado, vinha queixar-se dos atropelos da Coligação por Coimbra, era tudo mais fácil. Não era? Pois era!
Interessante que só a partir de 2013, desde que você faz parte do poder, é que passou a defender o licenciamento de grandes superfícies. Por que será? Quem mudou de pensamento?


Por exemplo, nem Coimbra nem nenhuma cidade do mundo precisa de uma rua cheia de sapatarias.

Você podia ter sido mais criativo. Lendo praticamente tudo o que escrevo, sabe muito bem que nunca defendi essa prerrogativa. Há mais de duas décadas que, apercebendo-me de encerramentos contínuos, pugno por um comércio diversificado, e até por pequenos serviços que desapareceram da Baixa de Coimbra.

O futuro da Baixa está na recuperação das casas para habitação e esse é um processo difícil que tem mais a ver com os proprietários do que com a câmara.

Mais uma vez o caro anónimo mas conhecido, acomodando-se, não pensou muito. Está fraquito de grandes tiradas filosóficas.
É verdade que o futuro da Baixa está na recuperação das casas para habitação. Sendo muito importante, não é o único factor. Entre outros, é apenas um deles. É também verdade que este processo é da responsabilidade dos proprietários, mas, como sabe tão bem como eu, os senhorios estão descapitalizados e empobrecidos por sucessivas políticas governamentais e locais iníquas. O que está acontecer hoje com o centro histórico de Coimbra, apenas como exemplo, é o resultado de falta de justiça igual para proprietários e inquilinos, que já vem desde a Implantação da República. Os inquilinos sempre foram a parte endeusada e protegida e os senhorios os demónios a quem tudo é exigido. E a reforma morreu sempre na praia. A começar pelo Departamento de Habitação camarário, sempre houve duas formas de agir diferenciadas. Como há décadas a sua gestão está entregue aos comunistas, os senhorios, independentemente de terem ou não posses, foram sempre tratados como o “grande capital” -sendo justo, saliento que desde a entrada deste vereador Francisco Queirós a filosofia mudou muito para melhor. Mas há uma questão que é preciso trazer à colação: a autarquia não pode continuar a atribuir casas com rendas inferiores a 5 euros. Isto é um ultraje! Só o pode fazer porque não lhe custa nada.
Continuando a responder ao seu comentário, a Câmara Municipal, enquanto entidade política e órgão de influência, resolvendo caso a caso, pode fazer mais do que faz, mas para isso é preciso desenvolver políticas que desonerem os interessados em recuperarem prédios e esta maioria, tal como as anteriores, não tem vontade. Por isso mesmo, a baixa não sai da cepa torta!

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Anónimo deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO E UMA RESPOSTA DADA...":

Sr. Luís, começo por lhe dizer que não faz a mínima ideia de quem eu seja. É que nunca sequer conversei consigo, apesar de já ter visitado a sua loja. Não sou político, nem trabalho na câmara municipal, nem nada que se pareça. Ficou esclarecido de vez? Adiante. Note que até concordo consigo em muitas coisas. Mas não estou tão certo que os proprietários dos prédios da baixinha estejam tão depauperados que não possam recuperá-los ou, pelo menos, fazer ali obras que os tornem mais habitáveis. Digo que não estou certo, porque não os conheço a todos. É essa a opinião geral dos inquilinos seus vizinhos, seja moradores, seja comerciantes? Esclareça, por favor, se quiser. Até agora, apenas li apreciações gerais sobre os coitados dos proprietários. Uns sim, outros não, depende. Que a câmara tem aqui um papel importante, parece-me óbvio e nisso concordo consigo. O que não podem é os proprietários andarem eternamente a lamentar-se do Estado, ora pelo que faz, ora pelo que não faz. É preciso aumentar as rendas? Certo, mas então pergunte-se aos seus vizinhos inquilinos, muitos deles idosos (a maioria) o que acham.
A minha opinião é que a baixa só se recupera com habitação, levando para lá gente a morar, reabilitando aqueles prédios, dando-lhes condições decentes de habitabilidade. Não me pergunte como. Só espero que não se siga o exemplo de Lisboa, onde um T1 no centro já tem uma renda maior do que uma vivenda em Coimbra.
Agora quanto ao comércio, que é a sua batalha, não sabemos ambos que a baixinha nunca vai voltar aos tempos gloriosos de há trinta anos atrás? Claro que sabemos. O comércio vai ter de ser reduzido e seleccionado e muitos vão ficar pelo caminho. Mas também lhe digo que o seu estabelecimento é um dos que mereciam ficar.
Olhe, até lhe digo que já morei em miúdo na Rua da Moeda, naqueles tempos "gloriosos" em que o Mondego invadia todos os anos a baixinha. Se eu lhe dissesse o que gostava que fizessem à maior parte daqueles prédios que conheci bem por dentro, é que o senhor se zangava mesmo comigo...


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RESPOSTA DO EDITOR

Conforme a sua explicação, sem margem para dúvida, admito que me enganei. O senhor, por ventura, não será quem eu pensava.
Quanto às rendas, esclareço que falava das antigas, anteriores a 1990 -para novos contratos vigora o sistema de renda livre, isto é, a importância é estabelecida por comum acordo entre proprietários e inquilinos- em que o Governo de Passos Coelho prometeu que se mantinham com valores baixos e condicionados até 2017 e depois desta data seria a Segurança Social a financiar os mais vulneráveis de modo a não ser o proprietário a, por inteiro, subsidiar a pobreza do inquilino. Ora, o que fez este Governo da “geringonça”? Adiou a medida de aumento justo de rendas antigas anteriores a 1990 para... 2022. Sem dúvida que é preciso desenvolver o arrendamento na Baixa.
O resultado desta condescendência para os arrendatários -ou melhor, a continuidade de comprar votos à custa de terceiros- é, como escrevi em cima, entre outros, a Baixa de Coimbra continuar adiada no restauro do seu edificado. Pelo meu algum conhecimento de situações aflitivas de prédios a cair por falta de possibilidades do dono, o que acontece é que a Câmara Municipal, através da posse administrativa, não consegue dar resposta a tantas solicitações. Ainda ontem estive a falar com um inquilino de um prédio próximo da Praça do Comércio, com uma renda mixuruca, em que o telhado ruiu e a dona do edifício não tem posses para o fazer. A solução deste problema concreto está nas mãos do Departamento de Habitação da Câmara Municipal de Coimbra para se resolver a situação. Esta senhora, proprietária, ainda por cima com alguma idade avançada, será vítima ou verdugo do sistema abusivamente implantado?

2 comentários:

Anónimo disse...

Sr. Luís, começo por lhe dizer que não faz a mínima ideia de quem eu seja. É que nunca sequer conversei consigo, apesar de já ter visitado a sua loja. Não sou politico, nem trabalho na câmara municipal, nem nada que se pareça. Ficou esclarecido de vez? Adiante. Note que até concordo consigo em muitas coisas. Mas não estou tão certo que os proprietários dos prédios da baixinha estejam tão depauperados que não possam recuperá-los ou, pelo menos, fazer ali obras que os tornem mais habitáveis. Digo que não estou certo, porque não os conheço a todos. É essa a opinião geral dos inquilinos seus vizinhos, seja moradores, seja comerciantes? Esclareça, por favor, se quiser. Até agora, apenas li apreciações gerais sobre os coitados dos proprietários. Uns sim, outros não, depende. Que a câmara tem aqui um papel importante, parece-me óbvio e nisso concordo consigo. O que não podem é os proprietários andarem eternamente a lamentar-se do Estado, ora pelo que faz, ora pelo que não faz. É preciso aumentar as rendas? Certo, mas então pergunte-se aos seus vizinhos inquilinos, muitos deles idosos (a maioria) o que acham.
A minha opinião é que a baixa só se recupera com habitação, levando para lá gente a morar, reabilitando aqueles prédios, dando-lhes condições decentes de habitabilidade. Não me pergunte como. Só espero que não se siga o exemplo de Lisboa, onde um T1 no centro já tem uma renda maior do que uma vivenda em Coimbra.
Agora quanto ao comércio, que é a sua batalha, não sabemos ambos que a baixinha nunca vai voltar aos tempos gloriosos de há trinta anos atrás? Claro que sabemos. O comércio vai ter de ser reduzido e seleccionado e muitos vão ficar pelo caminho. Mas também lhe digo que o seu estabelecimento é um dos que mereciam ficar.
Olhe, até lhe digo que já morei em miúdo na Rua da Moeda, naqueles tempos "gloriosos" em que o Mondego invadia todos os anos a baixinha. Se eu lhe dissesse o que gostava que fizessem à maior parte daqueles prédios que conheci bem por dentro, é que o senhor se zangava mesmo comigo...

LUIS FERNANDES disse...


RESPOSTA DO EDITOR

Conforme a sua explicação, sem margem para dúvida, admito que me enganei. O senhor não é quem eu pensava.
Quanto às rendas, esclareço que falava das antigas, anteriores a 1990 -para novos contratos vigora o sistema de renda livre, isto é, a importância é estabelecida por comum acordo entre proprietários e inquilinos- em que o Governo de Passos Coelho prometeu que se mantinham com valores baixos e condicionados até 2017 e depois desta data seria a Segurança Social a financiar os mais vulneráveis de modo a não ser o proprietário a, por inteiro, subsidiar a pobreza do inquilino. Ora, o que fez este Governo da “geringonça”? Adiou a medida de aumento justo de rendas antigas anteriores a 1990 para... 2022.
O resultado desta condescendência para os arrendatários -ou melhor, a continuidade de comprar votos à custa de terceiros- é, como escrevi em cima, entre outros, a Baixa de Coimbra continuar adiada no restauro do seu edificado. Pelo meu algum conhecimento de situações aflitivas de prédios a cair por falta de possibilidades do dono, o que acontece é que a Câmara Municipal, através da posse administrativa, não consegue dar resposta a tantas solicitações. Ainda ontem estive a falar com um inquilino de um prédio próximo da Praça do Comércio, com uma renda mixuruca, em que o telhado ruiu e a dona do edifício não tem posses para o fazer. A solução deste problema concreto está nas mãos do Departamento de Habitação da Câmara Municipal de Coimbra para se resolver a situação. Esta senhora, senhoria, ainda por cima com alguma idade avançada, será vítima ou verdugo?