(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)
Segundo
o Diário de Notícias de ontem, “O prazo definido pela Câmara
Municipal de Lisboa (CML) para o reembolso dos manuais escolares do
2.º e 3.º ciclos dos alunos da cidade termina já na quarta-feira
mas muitas famílias ainda não aproveitaram a oportunidade de reaver
o dinheiro. DE acordo com os dados avançados ao DN pela autarquia, o
último balanço, realizado a meio da semana passada, apontava para
cerca de 3000 pedidos num universo de 10 a 11 mil alunos elegíveis,
menos de um terço do total.
Em
causa estão valores que, de acordo com as estimativas da Associação
Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) para os cabazes de livros
do presente ano lectivo, variam entre 97,2 euros (média do 2.º
ciclo) e 162 (3.º ciclo). Ou seja: considerando que cerca de 7500
famílias não terão pedido o reembolso das despesas com os livros,
terá ficado quase um milhão de euros (970 mil euros) por entregar.
Números
que não impedem o vereador da Educação da autarquia, Ricardo
Robles (Bloco de Esquerda), de fazer um balanço positivo da
iniciativa, formalizada em dezembro, que se integra no acordo
celebrado com o presidente da Câmara, Fernando Medina, para garantir
o apoio do Bloco ao executivo municipal. “Estamos bastante
agradados com estes resultados. Sabemos que nesta última semana
surgirão ainda pedidos”, lembrou” (Ricardo Robles.
(…)
Para o próximo ano letivo, com o Ministério da Educação a
assumir a oferta dos manuais até ao 6.º ano de escolaridade, o
compromisso do município é assegurar a gratuitidade dos livros em
toda a escolaridade obrigatória” (até ao 12.º ano).
OU
SEJA...
Para
garantir o apoio do Bloco de Esquerda no executivo lisbonense, a
Câmara Municipal de Lisboa, usando e abusando de verbas públicas,
pagas por todos nós, à força toda, criando falsas necessidades,
quer oferecer de bandeja o que não é necessário à maioria dos
seus munícipes. E o mais grave deste acto triste, o que está por
trás é a descarada caça ao voto. Isto é, em nome dos impostos de
todos nós, sobretudo de quem produz, está-se a dar crédito
eleitoral a uma força política.
Para
melhor se compreender, vamos ver a definição de “necessidade”
no dicionário de significados: “Necessidade
é aquilo que é estritamente necessário, ou seja, que é
indispensável, que é útil, que não se pode deixar de ter ou ser.”
Ora, para cumprir um programa
ideológico perseguindo um igualitarismo bacoco, se obriga alguém a
receber o que não precisa, o que acontece? Ou não levanta para não
se chatear ou recebe mas, porque é dispensável, a seguir põe porta
fora, como é o caso de, volta e meia, se encontrarem alimentos
doados por instituições no caixote do lixo.
MAS,
O QUE É ISTO?
Do
ponto de vista filosófico, se o Estado, capturado por pessoas pouco
zelosas com a coisa pública, está a ser cada vez mais uma entidade
prestadora de serviços gratuitos, dando o peixe sem obrigar ao
esforço da pesca, como é de calcular, está a transformar cidadãos
em sujeitos dependentes que, no futuro, não moverão uma palha para
alcançarem o que precisam.
MAS
SERÁ QUE NINGUÉM PÕE COBRO NISTO?
Em
Novembro, último, o mesmo jornal, o DN,
trazia um
importante trabalho sobre as livrarias que, de Norte a a Sul,
estavam a fechar devido à oferta dos manuais escolares, pelo Governo
e pelas câmaras municipais.
Na
altura, segundo o jornal, “20 milhões de euros (é) o custo
da oferta dos manuais a todos os alunos dos 5.º e 6.º anos das
escolas públicas, em 2018. Os manuais do 1.º ciclo custam 14
milhões”.
Continuando
a citar o periódico, “500 mil alunos
abrangidos (a) oferta no 1.º ciclo contempla 375 mil estudantes. Com
o alargamento ao 2.º ciclo, o total de beneficiários deverá
superar o meio milhão”.
Depois
da revolta dos livreiros o Governo emendou a mão e passou a obrigar
as câmaras municipais a pagar os livros contra a apresentação do
recibo de compra. Se colmatou os efeitos de tragédia para a classe
dos livreiros, por outro lado, ao não erradicar a causa na sua
totalidade, como se adivinha, vai provocar graves danos à Economia
Nacional. Como se imagina, para pagar tanta generosidade, alguém vai
ficar a berrar numa carência desgraçada.
Mas,
olhando para os números astronómicos gastos na distribuição
gratuita de livros a todos os alunos independentemente do seu escalão
económico, será que estamos a viver num país de recursos
infinitos? Se calhar estamos e a maioria não sabe!
Vale
a pena pensar nisto?
Sem comentários:
Enviar um comentário