(Imagem da Web)
Ex.mo
Senhor director do Diário de Coimbra, eng.º Adriano Callé Lucas:
Para
além de assinante há várias décadas, sou um leitor diário do
jornal que V. Ex.ª dirige e superiormente administra. Sendo
profundamente interessado nas questões de informação, locais e
nacionais, liga-me ao seu/nosso jornal uma paixão que dificilmente
conseguirei expressar por palavras. Talvez para cimentar esta relação
de amor platónico, provavelmente, teria contribuído o facto
de durante muitos anos ter privado de muito perto com o senhor seu
pai, Adriano Lucas. A tempo inteiro, sou comerciante estabelecido na
Baixa de Coimbra há várias décadas, a tempo parcial, sou blogger
há vários anos, discorrendo em
dissertações sobre o centro histórico da cidade, sobretudo e entre
outros.
Para
se entender que não me movem pendências partidárias, ressalvo que
ajo na qualidade de cidadão independente de partidos ou movimentos
que exercem o seu papel político na cidade.
Ainda
que seja por esta via menos institucional, o que me levou a elaborar
esta carta aberta foi, na observância de leitor atento,
sentir uma enorme insatisfação sobre a forma como está a ser feita
e noticiada a cobertura jornalística nas reuniões camarárias,
nomeadamente sobre as propostas apresentadas pela oposição. Gostava
que aceitasse o meu apontamento como um contributo para um jornalismo
local melhor e não uma provocatória chamada de atenção lesiva
para os interesses económicos do jornal. O que me move são
princípios de cidadania, cuja causa não abdico de defender e no
âmbito de pugnar por um serviço de informação noticioso de
excelência, e não uma intenção deliberada de imiscuir-me nas
escolhas editoriais já que, em sede própria, são da
responsabilidade da redacção. Quero dizer que o meu propósito não
é pressionar mas sim sensibilizar para o que está
acontecer, levando ao seu conhecimento o que sente um leitor diário.
Embora
a minha opinião sobre esta matéria já venha de longe, isto é, a
falta de eco jornalístico concedido à oposição no hemiciclo,
pressinto que semanalmente a iniquidade e a falta de transparência
-ainda que por omissão- estão com tendência a agravar-se. Como
deve calcular, com este hiato, perdemos todos. Perde a maioria
eleita, porque o desconhecimento de intervenção entre
vereadores, de perguntas e respostas, transmite ao munícipe uma
postura ditatorial que gera sentimentos contraditórios entre raiva e
displicência; perde a oposição, porque, como se
estivesse a trabalhar numa hermética redoma de vidro, não consegue
passar a mensagem ao público, quer sejam seus apoiantes ou outros;
perde o cidadão comum, porque esta falta de
ressonância contribui para um cada vez maior alheamento político
de questões da sua cidade.
Para
ser mais concreto, o que se passou esta semana fez-me saltar a tampa
da (im)paciência. Como saberá, o vereador do movimento Somos
Coimbra, José Manuel
Silva, no período antes da Ordem do Dia da reunião da Câmara de
19/02/2018, numa longa explanação, apresentou “Algumas propostas concretas para a área de reabilitação urbana Coimbra-Baixa”.
Ora, sobre este tema, no DC nem uma simples frase isolada. Tendo em
conta o estado letárgico e de degradação acentuada desta zona
velha, vai desculpar amigo director mas, enquanto profissional de
comércio, não posso compreender este silêncio atrofiante do
segundo mais antigo jornal da cidade.
Tentando
ir ao encontro do que defendo, não queria terminar esta missiva sem
lhe fazer uma sugestão: que no dia seguinte às reuniões
camarárias, Executivo e Assembleia Municipal, em vez de unicamente
dedicar a página 05 para assuntos tratados no dia anterior na
reunião da autarquia, juntar também a página 04. Como sabe também,
raramente é notícia no jornal a intervenção consagrada ao
público. Como vê, haja vontade para disponibilizar mais uma página,
assuntos não faltarão. Pela prossecução do espalhar da mensagem
política, ganharemos todos, incluindo o DC, caro director.
Vale
a pena pensar nisto?
Sem comentários:
Enviar um comentário