quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

CARTA ABERTA AO DIRECTOR DO DIÁRIO DE COIMBRA

(Imagem da Web)



Ex.mo Senhor director do Diário de Coimbra, eng.º Adriano Callé Lucas:
Para além de assinante há várias décadas, sou um leitor diário do jornal que V. Ex.ª dirige e superiormente administra. Sendo profundamente interessado nas questões de informação, locais e nacionais, liga-me ao seu/nosso jornal uma paixão que dificilmente conseguirei expressar por palavras. Talvez para cimentar esta relação de amor platónico, provavelmente, teria contribuído o facto de durante muitos anos ter privado de muito perto com o senhor seu pai, Adriano Lucas. A tempo inteiro, sou comerciante estabelecido na Baixa de Coimbra há várias décadas, a tempo parcial, sou blogger há vários anos, discorrendo em dissertações sobre o centro histórico da cidade, sobretudo e entre outros.
Para se entender que não me movem pendências partidárias, ressalvo que ajo na qualidade de cidadão independente de partidos ou movimentos que exercem o seu papel político na cidade.
Ainda que seja por esta via menos institucional, o que me levou a elaborar esta carta aberta foi, na observância de leitor atento, sentir uma enorme insatisfação sobre a forma como está a ser feita e noticiada a cobertura jornalística nas reuniões camarárias, nomeadamente sobre as propostas apresentadas pela oposição. Gostava que aceitasse o meu apontamento como um contributo para um jornalismo local melhor e não uma provocatória chamada de atenção lesiva para os interesses económicos do jornal. O que me move são princípios de cidadania, cuja causa não abdico de defender e no âmbito de pugnar por um serviço de informação noticioso de excelência, e não uma intenção deliberada de imiscuir-me nas escolhas editoriais já que, em sede própria, são da responsabilidade da redacção. Quero dizer que o meu propósito não é pressionar mas sim sensibilizar para o que está acontecer, levando ao seu conhecimento o que sente um leitor diário.
Embora a minha opinião sobre esta matéria já venha de longe, isto é, a falta de eco jornalístico concedido à oposição no hemiciclo, pressinto que semanalmente a iniquidade e a falta de transparência -ainda que por omissão- estão com tendência a agravar-se. Como deve calcular, com este hiato, perdemos todos. Perde a maioria eleita, porque o desconhecimento de intervenção entre vereadores, de perguntas e respostas, transmite ao munícipe uma postura ditatorial que gera sentimentos contraditórios entre raiva e displicência; perde a oposição, porque, como se estivesse a trabalhar numa hermética redoma de vidro, não consegue passar a mensagem ao público, quer sejam seus apoiantes ou outros; perde o cidadão comum, porque esta falta de ressonância contribui para um cada vez maior alheamento político de questões da sua cidade.
Para ser mais concreto, o que se passou esta semana fez-me saltar a tampa da (im)paciência. Como saberá, o vereador do movimento Somos Coimbra, José Manuel Silva, no período antes da Ordem do Dia da reunião da Câmara de 19/02/2018, numa longa explanação, apresentouAlgumas propostas concretas para a área de reabilitação urbana Coimbra-Baixa”. Ora, sobre este tema, no DC nem uma simples frase isolada. Tendo em conta o estado letárgico e de degradação acentuada desta zona velha, vai desculpar amigo director mas, enquanto profissional de comércio, não posso compreender este silêncio atrofiante do segundo mais antigo jornal da cidade.
Tentando ir ao encontro do que defendo, não queria terminar esta missiva sem lhe fazer uma sugestão: que no dia seguinte às reuniões camarárias, Executivo e Assembleia Municipal, em vez de unicamente dedicar a página 05 para assuntos tratados no dia anterior na reunião da autarquia, juntar também a página 04. Como sabe também, raramente é notícia no jornal a intervenção consagrada ao público. Como vê, haja vontade para disponibilizar mais uma página, assuntos não faltarão. Pela prossecução do espalhar da mensagem política, ganharemos todos, incluindo o DC, caro director.
Vale a pena pensar nisto?

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