sábado, 7 de janeiro de 2017

UM ESCRIBA QUE NÃO SABE SOBRE O QUE ESCREVE




QUANDO UM PEQUENO BARCO PESQUEIRO, RIO ACIMA, SEM MOTOR, TEIMA EM SUBIR CONTRA A CORRENTE E NÃO CONSEGUE AVANÇAR DE QUEM É A CULPA?

SENDO HONESTOS INTELECTUALMENTE, SEM AVALIAR O PROCESSO QUE ESTEVE NA ORIGEM DESTE RETROCESSO, PODEREMOS AFIRMAR PEREMPTORIAMENTE QUE A CULPA RECAI POR INTEIRO NO PESCADOR, POR SER TEIMOSO?

QUEM, POR EMPOBRECIMENTO PROGRESSIVO DE CONFISCO DE IMPOSTOS, OBRIGOU O PESCADOR A ABANDONAR A MÁQUINA DE COMPRESSÃO E ARREMESSO E O FEZ RETORNAR À FORÇA BRAÇAL?

SERÁ QUE O PESCADOR AINDA DETÉM O MOTOR ESSENCIAL À SUA FAINA OU, POR NECESSIDADE DE ALIMENTAR A SUA FAMÍLIA, FOI OBRIGADO A VENDÊ-LO?

QUAL A RAZÃO DE O PESCADOR, SABENDO QUE REMA CONTRA A MARÉ, FAZER ESTE EXERCÍCIO ESFORÇADÍSSIMO PARA MONTANTE? SERÁ QUE NÃO TERIA SIDO POR QUE A JUSANTE DO RIO FORAM LICENCIADAS ENORMES E MODERNAS EMBARCAÇÕES DE ARRASTO E AGORA JÁ NÃO HÁ LUGAR PARA OS NATIVOS?

UM (EX)JORNALISTA, PELA SUA EMINENTE RESPONSABILIDADE SOCIAL, NÃO DEVERIA SER OBRIGADO A TER UMA OPINIÃO MAIS SÉRIA E FUNDAMENTADA, MENOS PETRIFICADA E MAIS RESPEITOSA POR UMA CLASSE PROFISSIONAL QUE MUITO AJUDOU A DESENVOLVER AS CIDADES?
PELA SUA CRAVEIRA EXPERIENCIAL, NÃO DEVERIA TER UMA VISÃO MAIS ALARGADA, MENOS MESQUINHA E MENOS TENDENCIOSA SOBRE O QUE ESCREVE?




ESTA ORAÇÃO, MAIS ABAIXO PLASMADA, FOI RETIRADA HOJE DO DIÁRIO DE COIMBRA, DA RUBRICA SEMANAL “RIO ACIMA SEM MOTOR”:



Os jornais dão-nos conta de acentuada subida nas vendas de Natal, manifestada, designadamente, no aumento de levantamento de dinheiro (7 milhões só em dezembro), semelhante aos valores de antes da troika. Pela inversa, ouço de muitos comerciantes da Baixa lamentos de menos negócios, que fazem deste ano, dizem mesmo alguns, o pior de todos. E fico perplexo. Se o país responde bem aos desafios do consumismo, se a agência de promoção se mobiliza e a câmara se empenha na dinamização da zona, se há ali repetidas iniciativas que concitam o interesse da cidade, se vejo nas ruas daquele casco histórico tanta gente, porque não aumentam as compras no comércio tradicional? Não será porque, na maior parte das lojas, olhando tão pobres, obsoletas montras, não vale sequer a pena transpor as portas?

1 comentário:

João Paulo Craveiro disse...

O meu comentário é: sem comentários, que nem vale a pena.