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é... a carta que o carteiro, em sub-emprego, leva na mão para
entregar ao operário desempregado comunicando-lhe, sem comentário,
o corte do subsídio de desemprego;
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é... a foto do novo “look” que a mãe, embebecida, mostra
no Facebook a sua menina com uma garrafa de cerveja na mão na Festa
da Latada;
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é... no autocarro falar alto ao telemóvel e todos os passageiros,
com enfado e sem motivação, compartilharem, sem pudor, a conversa
desconexa;
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é... a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan, premiando
uma carreira artística de frescura na música, trazendo à memória
dos mais velhos retalhos da sua juventude;
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é... outorgar o Prémio Sakharov às vítimas da
bestialidade, chamando a atenção do Mundo para a guerra da
escravatura a balouçar entre sub-desenvolvimento e progresso;
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é... invocar o estatuto de doutor sem, no mínimo, ser licenciado no
trabalho e sem conhecer o seu valor. É como querer ser marinheiro
sem nunca ter molhado os pés no mar;
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é... desonerar o político de responsabilidade civil na gestão da
coisa pública, fazendo dele, ainda, menos exigente e mais aldrabão,
discriminando os cumpridores e invertendo os valores da cidadania e
da Nação;
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é... permitir que um político eleito à frente de uma autarquia
premei um correlegionário em concurso de atribuição directa, sem
escrutínio e sem público questionário;
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é... mostrar ao país um Serviço Nacional de Saúde, que leva ano e
meio para realizar um essencial exame de Ressonância Magnética,
respeitoso do bem maior, pujante, e ser uma fraude;
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é... distribuir gratuitamente livros ao primeiro ciclo, a todos os
alunos, sem levar em conta o rendimento do agregado familiar. É
pretender achincalhar o pobre ou o rico?
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é... desmantelar uma linha férrea com a promessa de
substituição e depois, nos anos subsequentes, numa encenação
teatral de tragicomédia, os governos fazerem anunciar estudos, mais
estudos, mais estudos, mais estudos, para evitar ressarcir os
cidadãos, mantendo-os mudos, perante o atentado à sua dignidade;
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é... o líder da oposição, perdendo a vergonha, criticar o governo
em exercício pelos mesmos erros anteriormente praticados, afirmando
e o seu contrário, e deixando os portugueses perdidos, num buraco,
sem saberem em quem votar nas próximas eleições;
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é... o Presidente da República, distribuindo sorrisos à esquerda e
à direita, usurpar o cargo do Ministro dos Negócios Estrangeiros e
pretender ser permanentemente a estrela cintilante do universo
português;
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é... Afinal, divulgar, tornar público um facto,
intencionalmente virtuoso ou o seu contrário. Com pensamento
acrítico, em nome do não te rales, aceitar passivamente a
possibilidade de ser ludibriado. Com análise crítica, em nome da
tolerância democrática, sabendo que não há virgens sem pecado nem
fundamento sem causa, e, mesmo assim, admitir a desvalorização do
conteúdo da notícia em relação ao Lead.
Nobre Povo, Nação
Valente!
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