sexta-feira, 18 de novembro de 2016

COIMBRA: ESTA OPOSIÇÃO ME MATA






Através do Jornal Público, de anteontem, ficámos a saber que “O Bloco de Esquerda (BE) não apresenta candidatura à Câmara de Coimbra nas eleições autárquicas de 2017, apoiando o movimento Cidadãos por Coimbra (CpC), anunciou hoje a Coordenadora Concelhia do partido.
Os eleitos e militantes do BE “continuarão a procurar constituir-se como fortes esteios da ação política, no âmbito da candidatura alargada de cidadã(o)s, contribuindo de forma ativa para a construção e implementação do seu programa de ação” nas próximas autárquicas, afirma o BE em Coimbra, num comunicado hoje divulgado, a propósito da eleição da sua nova Coordenadora Concelhia”.
Antes de prosseguir, num solilóquio, em monólogo, interrogo a razão de esta informação apenas vir noticiada na imprensa nacional e, pelo menos até agora, não ter lugar na imprensa escrita local. Porque será? Serão os diários de fora mais lestos do que os os regionais, os que estão implantados na cidade? Ou será que o Bloco de Esquerda privilegia mais os “estrangeiros” por considerar os da terra conotados “por uma direita ressabiada que domina a comunicação social e, sobretudo, pela pressão do grande capital financeiro”? Ficam as perguntas no ar. Responda quem souber.
Continuando, tudo indica que as organizações partidárias estão a começar a retirar as coberturas empoeiradas das máquinas armazenadas no celeiro e a começar a afinar os motores para a grande prova eleitoral que se realiza dentro de cerca de dez meses.
No tocante ao CpC, com esta divulgação, constata-se o cair da máscara desta agremiação política que, embora se adivinhasse, claramente, nunca foi mostrado o seu ADN ao eleitorado. É certo que, muitos como eu, numa esperança mirabolante, esperavam que houvesse uma evolução para cidadãos independentes e sem correlaccão directa com os partidos tradicionais. Que fosse um projecto verdadeiramente independente onde harmoniosamente convivessem ideologias diferenciadas, homens e mulheres de direita, de centro e de esquerda -pelo menos foi assim que apoiei esta ideia, em finais de 2012, e nas reuniões preliminares, junto à Escola Secundária José Falcão, perante os fundadores, e enquanto convidado, defendi que só assim, onde coubesse qualquer linha de pensamento, faria sentido denominar um movimento de cidadãos independentes. Para quem lá esteve deve lembrar-se que afirmei textualmente que se era um movimento exclusivamente de esquerda, sendo eu liberal, não fazia ali nada. Foi dito que, sim senhor, era um projecto novo, que pretendia romper com o situacionismo partidário incomodativo, onde cabiam todos os livres pensadores e todas as tendências.
Vieram as eleições de 29 de Setembro de 2013 e o CPC elegeu um vereador e vários deputados na Assembleia Municipal.
Durante estes três anos de legislatura, numa espécie de relação pouco clara e se calculasse o seu vínculo, embora cirandasse numa ambiguidade perceptível, até agora, nunca tinha sido afirmado, preto no branco, que o CpC era uma extensão satélite do partido fundado por Francisco Louçã.
Como eleitor no último sufrágio, de 2013, sinto-me traído -ou talvez não, no mínimo, só frustrado. Confesso, já há muito tempo que, por algumas tomadas de posição em relação à Baixa, e até alguma distância e insensibilidade para os problemas prementes do comércio, me afastei dos princípios norteados pelo CpC. Mesmo reconhecendo um bom desempenho, na generalidade, ao vereador eleito, Ferreira da Silva, enquanto cidadão anónimo com opinião que pouco conta, depois de um mandato quase concluído, para mim, o CpC foi apenas mais um grupo político, elitizado na cidade, que pouco se diferencia dos outros partidos contextualizados e com representação na autarquia.

E O QUE É QUE VEM AÍ, POR PARTE DO CpC?

Pelas movimentações por entre pingos de chuva, tudo indica que o próximo cabeça de lista do CpC para o pleito eleitoral que se aproxima não será Ferreira da Silva, actual vereador eleito.
Pelas manchas de sombra que se estendem aos becos e ruelas da Baixa, tudo parece indicar que, se as negociações chegarem a bom porto, vai haver uma grande surpresa pelo rosto do próximo candidato. Muita gente vai deixar cair o queixo.

E OS OUTROS? PORQUE DÃO TIROS NOS PÉS?

O que aconteceu na Assembleia Municipal de Coimbra, na última quarta-feira, não se entende muito bem. Estava em causa uma proposta de votação apresentada pela Coligação por Coimbra PSD/PPM/MPT para baixar o IMI para 0,30 e, com votos contra dos deputados do CpC, da CDU e a maioria socialista, ficou nos 0,34. Que os comunistas, aliados naturais dos socialistas, furem o esquema da razoabilidade, já estamos todos habituados. Agora, com o CpC a votar contra uma medida que era importante para as famílias, quem entende?
Assim como, no mesmo hemiciclo e na mesma sessão, Cristina Agreira, em representação do PSD, foi à bancada questionar Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal, “querendo saber em que ponto está o processo de instalação de uma loja IKEA em Coimbra” -in Diário de Coimbra.
Saberá esta deputada social-democrata o quanto vai ser prejudicial a instalação da marca sueca no Planalto de Santa Clara para o comércio que resta na Baixa? É óbvio que não sabe, porque não estuda, não vê, não sabe, não conhece a realidade comercial da zona em que está inserido o município.
Infelizmente estamos entregues a eleitos, como esta senhora, que, sem terem em conta o interesse maior da cidade, dos munícipes e a recuperação comercial do seu centro histórico, só vêem o seu lado egoísta: serem eleitos a qualquer custo, mesmo a escorregarem na casca da banana. Tristeza! Se estiverem à espera do meu voto, é melhor acomodarem-se num sofá.

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