Através
do Jornal Público, de anteontem, ficámos a saber que “O
Bloco de Esquerda (BE) não apresenta candidatura à Câmara de
Coimbra nas eleições autárquicas de 2017, apoiando o movimento
Cidadãos por Coimbra (CpC), anunciou hoje a Coordenadora Concelhia
do partido.
Os eleitos e
militantes do BE “continuarão a procurar constituir-se como fortes
esteios da ação política, no âmbito da candidatura alargada de
cidadã(o)s, contribuindo de forma ativa para a construção e
implementação do seu programa de ação” nas próximas
autárquicas, afirma o BE em Coimbra, num comunicado hoje divulgado,
a propósito da eleição da sua nova Coordenadora Concelhia”.
Antes
de prosseguir, num solilóquio, em monólogo, interrogo a razão de
esta informação apenas vir noticiada na imprensa nacional e, pelo
menos até agora, não ter lugar na imprensa escrita local. Porque
será? Serão os diários de fora mais lestos do que os os regionais,
os que estão implantados na cidade? Ou será que o Bloco de Esquerda
privilegia mais os “estrangeiros”
por considerar os da terra conotados “por uma
direita ressabiada que domina a comunicação social e, sobretudo,
pela pressão do grande capital financeiro”? Ficam as
perguntas no ar. Responda quem souber.
Continuando,
tudo indica que as organizações partidárias estão a começar a
retirar as coberturas empoeiradas das máquinas armazenadas no
celeiro e a começar a afinar os motores para a grande prova
eleitoral que se realiza dentro de cerca de dez meses.
No
tocante ao CpC, com esta divulgação, constata-se o cair da máscara
desta agremiação política que, embora se adivinhasse, claramente,
nunca foi mostrado o seu ADN ao eleitorado. É certo que, muitos como
eu, numa esperança mirabolante, esperavam que houvesse uma evolução
para cidadãos independentes e sem correlaccão directa com os
partidos tradicionais. Que fosse um projecto verdadeiramente
independente onde harmoniosamente convivessem ideologias
diferenciadas, homens e mulheres de direita, de centro e de esquerda
-pelo menos foi assim que apoiei esta ideia, em finais de 2012, e nas
reuniões preliminares, junto à Escola Secundária José Falcão,
perante os fundadores, e enquanto convidado, defendi que só assim,
onde coubesse qualquer linha de pensamento, faria sentido denominar
um movimento de cidadãos independentes. Para quem lá esteve deve
lembrar-se que afirmei textualmente que se era um movimento
exclusivamente de esquerda, sendo eu liberal, não fazia ali nada.
Foi dito que, sim senhor, era um projecto novo, que pretendia romper
com o situacionismo partidário incomodativo, onde cabiam todos os
livres pensadores e todas as tendências.
Vieram
as eleições de 29 de Setembro de 2013 e o CPC elegeu um vereador e
vários deputados na Assembleia Municipal.
Durante estes três anos
de legislatura, numa espécie de relação pouco clara e se
calculasse o seu vínculo, embora cirandasse numa ambiguidade
perceptível, até agora, nunca tinha sido afirmado, preto no branco,
que o CpC era uma extensão satélite do partido fundado por
Francisco Louçã.
Como eleitor no último
sufrágio, de 2013, sinto-me traído -ou talvez não, no mínimo, só
frustrado. Confesso, já há muito tempo que, por algumas tomadas de
posição em relação à Baixa, e até alguma distância e
insensibilidade para os problemas prementes do comércio, me afastei
dos princípios norteados pelo CpC. Mesmo reconhecendo um bom
desempenho, na generalidade, ao vereador eleito, Ferreira da Silva, enquanto cidadão
anónimo com opinião que pouco conta, depois de um mandato quase
concluído, para mim, o CpC foi apenas mais um grupo político,
elitizado na cidade, que pouco se diferencia dos outros partidos
contextualizados e com representação na autarquia.
E
O QUE É QUE VEM AÍ, POR PARTE DO CpC?
Pelas
movimentações por entre pingos de chuva, tudo indica que o próximo
cabeça de lista do CpC para o pleito eleitoral que se aproxima não
será Ferreira da Silva, actual vereador eleito.
Pelas manchas de sombra
que se estendem aos becos e ruelas da Baixa, tudo parece indicar que,
se as negociações chegarem a bom porto, vai haver uma grande
surpresa pelo rosto do próximo candidato. Muita gente vai deixar
cair o queixo.
E
OS OUTROS? PORQUE DÃO TIROS NOS PÉS?
O
que aconteceu na Assembleia Municipal de Coimbra, na última
quarta-feira, não se entende muito bem. Estava em causa uma proposta
de votação apresentada pela Coligação por Coimbra PSD/PPM/MPT
para baixar o IMI para 0,30 e, com votos contra dos deputados do CpC,
da CDU e a maioria socialista, ficou nos 0,34. Que os comunistas,
aliados naturais dos socialistas, furem o esquema da razoabilidade,
já estamos todos habituados. Agora, com o CpC a votar contra uma
medida que era importante para as famílias, quem entende?
Assim
como, no mesmo hemiciclo e na mesma sessão, Cristina Agreira, em
representação do PSD, foi à bancada questionar Manuel Machado,
presidente da Câmara Municipal, “querendo saber em que ponto
está o processo de instalação de uma loja IKEA em Coimbra”
-in Diário de Coimbra.
Saberá esta deputada
social-democrata o quanto vai ser prejudicial a instalação da marca
sueca no Planalto de Santa Clara para o comércio que resta na Baixa?
É óbvio que não sabe, porque não estuda, não vê, não sabe, não
conhece a realidade comercial da zona em que está inserido o
município.
Infelizmente estamos
entregues a eleitos, como esta senhora, que, sem terem em conta o
interesse maior da cidade, dos munícipes e a recuperação comercial
do seu centro histórico, só vêem o seu lado egoísta: serem
eleitos a qualquer custo, mesmo a escorregarem na casca da banana.
Tristeza! Se estiverem à espera do meu voto, é melhor acomodarem-se
num sofá.
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