Hoje,
cerca do meio-dia, uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de
Coimbra, foram chamados para transportar uma idosa, moradora no Largo
da Freiria, ao hospital. A viatura ficou estacionada no Largo do
Poço. Enquanto percorriam a pé a meia centena de metros até à
residência da enferma, as imprecações e os lamentos dos soldados
da paz eram audíveis e visíveis no rosto em trejeito de
contrariedade: “porra! Um dia destes acontece uma tragédia e
ninguém quer saber! Para chegar aqui foi um problema sério por
causa da parcial ocupação das ruas estreitas. Para sair vai ser a
mesma coisa. É sempre assim!”
Começo
com uma ressalva, hesitei muito antes de escrever este texto. Não é
a primeira vez que plasmo sobre este assunto. Por que é assim, se
não escrever a contar o que se passou, se acontecer mesmo algo grave
um dia destes, estarei a ser conivente; se escrever (como acabou por
acontecer), mais que certo, sendo mal interpretado, os visados vão
perceber (mal) e pensar que, para além de lhes querer mal, estou
contra a sua permanência. É óbvio que nada me move contra a
ocupação de via pública. Aliás, é um pouco da identidade da
Baixa comercial e deve manter-se a qualquer custo. O que entendo é
que cada comerciante, desligando um pouco do seu individual interesse
egoísta, deve salvaguardar o bem maior que é a protecção
colectiva, a defesa consubstanciada na segurança de todos. Se colocassem o nosso bairro acima do maior empenho nem era preciso
dizer nada. Pelo princípio da reciprocidade, tudo era feito
automaticamente e sem reparos desnecessários.
Pelas
informações que me vão chegando, até sei que os agentes da
fiscalização municipal, muitas vezes, por compreenderem as
dificuldades do comércio dito tradicional, têm sido esmerados na
sensibilização. Neste aspecto, saliento em nome da verdade, nada há
apontar-lhes. Para estes funcionários que cumprindo ordens
superiores, e muitas vezes numa discricionariedade louvável,
conseguem transcender a sua função de fiscalidade, em nome de
todos, o nosso muito obrigado.
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