(Foto de Alcino Silva, retirada do Facebook, com a devida vénia)
Ora
vivam todos, sem excepção. Os esquerdistas, os centristas, os
direitistas, os “manobristas”, os “riquistas”, os
“pobretistas”, os ateístas, os “agnosticistas” e todas as
terminações em “istas”, como, por exemplo, “comunistas,
fascistas, “lambebotistas” e outros que estou a pensar, mas não
escrevo porque parece mal. Pronto já viram que este cumprimento é
alargado a toda a comunidade, com telhado e sem beira.
Não é para me
justificar mas, como mandam as boas regras de educação, já há um
tempo que não dou cumprimento a esta rubrica. Por motivos vários,
por aquilo e aqueloutro, não tem dado. Já esta semana é diferente,
tenho andado anestesiado com várias notícias, umas grandes e outras
assim, assim. Vou começar na maior, a vitória da Selecção
Nacional à França. Estou que nem posso. Palavra, pela alma de
alguém que me foi chegado e partiu. Desde Domingo que as noites
passaram a ser dia, como quem diz, nunca mais dormi nada. Foi uma
coisa do outro mundo. É certo que, graças aos muitos terços rezados do
ex-professor Marcelo e agora Presidente da República, Deus ajudou.
Suponho que se fosse eu a pedir Ele não me ligaria nenhuma, mas
também não é de admirar. Sendo Ele a personificação e extensão
da imagem do homem, o que se poderia esperar senão uma entidade
diferenciadora nos pedidos rogados? Por outro lado, pergunto: Deus
não deveria ser também agraciado com a ordem de mérito?
Depois vieram as
homenagens aos jogadores, em promessas de comendadores, também
atribuídas por Marcelo. Embora aumentasse a minha ansiedade, achei
justíssimo. Heróis como estes, tão esforçados no amor à
camisola, a ganharem tão pouco, tão mal alimentados e em aposentos
tão paupérrimos, depois de um feito tão heróico, se eu não
estivesse de acordo tinha de ser mesmo bota de elástico.
Por conclusão, é evidente que estou rendido à proposta da JSD, Juventude Social Democrata, de levar à Assembleia Municipal de Coimbra a recomendação ao executivo para ser atribuída a medalha de ouro da cidade a Éder. Mais, por ser contra a discriminação, vou até mais longe: os seleccionados, seleccionador, chefe do vestiário, cozinheiro da selecção, psicóloga de Éder, o presidente da Federação de Futebol, devem ser todos homenageados com a medalha de ouro. Ah, é verdade, até se me varria mas ainda fui a tempo -livrei-me de boa! Sobretudo do PAN, Partido dos Animais- todos os bichos de estimação ligados a estes infatigáveis campeões estão convidados a passarem uma semana em Coimbra, em hotel de luxo, com visitas guiadas em “tuck tuck”, e sobre supervisão da associação Gatos Urbanos.
Por conclusão, é evidente que estou rendido à proposta da JSD, Juventude Social Democrata, de levar à Assembleia Municipal de Coimbra a recomendação ao executivo para ser atribuída a medalha de ouro da cidade a Éder. Mais, por ser contra a discriminação, vou até mais longe: os seleccionados, seleccionador, chefe do vestiário, cozinheiro da selecção, psicóloga de Éder, o presidente da Federação de Futebol, devem ser todos homenageados com a medalha de ouro. Ah, é verdade, até se me varria mas ainda fui a tempo -livrei-me de boa! Sobretudo do PAN, Partido dos Animais- todos os bichos de estimação ligados a estes infatigáveis campeões estão convidados a passarem uma semana em Coimbra, em hotel de luxo, com visitas guiadas em “tuck tuck”, e sobre supervisão da associação Gatos Urbanos.
A seguir foi a notícia
da implantação do repuxo no leito do Mondego -para a oposição foi
baptizado de “repuxeco”. Enquanto não vi a ideia materializada
não descansei. Então, ontem à noite, peguei nos meus vários
óculos de visão sectária e fui apreciar. Com a mala cheia, e a pressa, até me esqueci da máquina de retratos -como sou de outra época não uso as modernices do telemóvel.
Enfiando
no nariz as minhas lunetas de comunista, achei um mau gosto e um
desperdício. Mau gosto porque o vermelho deveria ser a cor única e
não é. Desperdício porque, para além de custar uma fortuna,
aquele jato de água está no sítio errado. Deveria ser colocado na
Praça 8 de Maio. Para além da justa reposição do legado histórico
de Carlos Encarnação, também servia para muitos polidores de
esquinas, trabalhadores incansáveis da Baixa, tomarem banho.
Colocando
os meus óculos de social-democrata, vi logo que isto trazia gato
escondido com rabo de fora. Admite-se que o laranja não faça parte
das cores alegóricas? E mais, colocado no meio do rio só pode ser
mesmo ofensa aos conimbricenses. É como se se pretendesse passar a
mensagem de que em Coimbra só se mete água. E o custo do
“repuxeco”? Uma provocação!
Ajustando os meus visores
de bloquista, deu para ver que é uma obra alegórica ao Antigo
Regime. Só pode! Aquele mastro de água em direcção ao Céu só
pode significar um facho. Como diria Francisco Louçã, isto é obra
engendrada para lixar o povo!
Pendurei
as lentes de cidadão, desinteressado e sem ligação ao poder ou à
oposição, e então o que vi? Que esta obra convence, engrandece a
Baixa e marca a cidade. Está simplesmente magnífica! Pode ser
questionável o preço mas, sem dúvida, a alteração paisagística
para melhor justifica os 160 mil euros pagos pela empresa Águas de
Coimbra -se este custo não se fizer repercutir futuramente nos
consumidores. Aliás, estando o repuxo colocado entre as duas pontes,
pedonal e de Santa Clara, dá para ver que faz sentido colocar outro
repuxo em frente à Estação Nova.
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