A
Farmácia Nazareth, a mais antiga da cidade e do país -foi fundada em 1815-, vai sair da Baixa, da Rua Ferreira Borges. Se Adolfo Rocha (Miguel Torga), que era cliente, ainda estivesse entre nós mandava um palavrão que rebentava os tímpanos a muito boa gente.
Segundo
informação de alguém que pediu o anonimato e que sabe do que fala,
“o alvará foi vendido há cerca de dois anos e o novo adquirente
vai deslocalizar os serviços para a Avenida Afonso Henriques, junto
à Escola José Falcão, em Coimbra, até ao fim do ano.”
E
O QUE VAI ACONTECER ÀS CENTENÁRIAS INSTALAÇÕES?
Uma
coisa se adivinha facilmente, a Baixa vai perder o seu
estabelecimento comercial mais antigo e ainda em actividade. Saber o
futuro daquele magnífico espaço museólogico é um enigma -para não
dizer que é a pergunta de um milhão de euros.
Dizer
também que já nada pode evitar uma perda destas -mesmo juntando os
cacos- é o óbvio de La Palisse. No entanto -e segundo o
meu depoente tal hipótese pode não ser descurada-, no mal menor
para a colectividade, poderia, por exemplo, transformar-se o espaço
ainda ocupado pela “Pharmacia Nazareth” em museu, sei lá, da
Associação Nacional de Farmácias.
E
NINGUÉM SE IMPORTA?
Em
nome da verdade, é bom dizer que a Câmara Municipal de Coimbra, à
luz das directivas europeias concernentes à livre concorrência,
nada pode fazer para evitar a transferência para outro local da
cidade. Transposto para o ordenamento jurídico nacional, a lei é geral e abstracta.
Porém,
a meu ver e já vem de longe, a edilidade faz o que costuma fazer sempre:
assobiar para o lado. Faz de conta que nada se passa. Por vezes até se debate, debate, debate e nunca se sabe qual é a cultura de Coimbra. Ainda há dias
foi o leilão da insolvente ACIC, Associação Comercial e Industrial
de Coimbra, fundada há mais de 150 anos. Na última Assembleia
Municipal, de há cerca de duas semanas, Manuel Machado, presidente
da autarquia, foi questionado por um deputado sobre o interesse que a
Câmara Municipal estava a dar à execução patrimonial. Perante
todos, Machado disse mais ou menos isto: a edilidade
está a seguir com toda a atenção a venda judicial. Quando for caso
disso, faremos exercer o direito de preferência. Até porque a ACIC
e a autarquia são parceiros num projecto comum -salvo
erro a NOVOTECNA. O leilão da ACIC decorreu nas instalações da
Relvinha. Alguém leu alguma coisa nos jornais acerca da intervenção
municipal a exercer a preferência na venda?
No
entanto, pelo que julgo saber, para evitar o desaparecimento de
estabelecimentos emblemáticos antigos, há um instrumento legal em
vigor há décadas -pouco utilizado pelas autarquias- que é
classificar um espaço patrimonial com a Declaração de Interesse
Municipal. Como é de prever, julgo, é um processo moroso que,
implicando a concordância de várias entidades, leva tempo e até se
obter luz verde não nos doa a cabeça.
Como foi anunciado há dias na imprensa, a Câmara Municipal de Lisboa tem em mãos a discussão de um novo Regulamento Municipal para a classificação de "Lojas com História".
Como foi anunciado há dias na imprensa, a Câmara Municipal de Lisboa tem em mãos a discussão de um novo Regulamento Municipal para a classificação de "Lojas com História".
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