TEXTO
ESCRITO A QUATRO MÃOS.
POR
MÁRCIO RAMOS E LUÍS FERNANDES
Neste
último sábado, durante a tarde, antes e durante a procissão da
Rainha Santa para a Sé Nova, reparei que na minha rua, Visconde da
Luz, quatro mulheres, sem nada que as distinguisse das demais,
andavam a pedir esmola em grupo. Olhando mais atentamente, pela
ladainha, vislumbrei que o peditório tinha um qualquer fim -para mim
desconhecido. Reparei que não tinham identificação de qualquer
espécie, nem um colete sequer. Com uma abordagem intempestiva,
interpelavam agressivamente as pessoas. Metendo abusivamente um
autocolante na lapela, constatei que muitos transeuntes se sentiam
incomodados. Alguns lá davam umas moedas. Poucos eram os que
escapavam a estas “carraças”. Pareceu-me que levavam objetos na
mão, julgo que para venda, não posso precisar.
No
dia seguinte, no domingo antes de passar a procissão de regresso a
Santa Clara, como senhoras de um território conquistado sem grande
esforço, cá estavam estas angariadoras de niqueis com novas roupas
mas com a mesma ladainha e a fazer exactamente o mesmo.
UMA
MOEDA COM OU SEM AMOR
Aquando
do concerto de Mariza, no Convento de São Francisco, verificou-se
também que uma senhora de meia-idade e um rapaz mais novo -ambos com
um cartão pendurado no pescoço- pediam uma moeda em nome da
“missão sorriso”. Como se sabe a “missão sorriso”
foi uma campanha do Continente para a Unicef. Ou seja, provavelmente,
quem doou uma moeda, a pensar que era para ajudar as crianças,
presumivelmente teria sido burlado.
O
ENGODO QUE JÁ FAZ PARTE DE NÓS
Talvez
não fique mal ao comando da PSP sensibilizar os agentes para sempre
que constatem apelo ao óbulo intervirem, sobretudo verificando se de
facto os donativos solicitados têm ou não o destino rogado. Tanto
quanto sei, a PSP só actua quando há denúncia. E já aconteceu. Ora, a ser assim na apatia,
contrariando o princípio da prevenção, está de ver que está
abrir caminho fácil para qualquer um menos escrupuloso, em nome de
outrem, ganhar umas massas facilmente.
Fica
o alerta.
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