domingo, 30 de maio de 2021

MEALHADA: RESPOSTA DE NUNO ALEGRE À QUESTÃO: QUANTO GASTOU A CÂMARA NO PATROCÍNIO DO SEU LIVRO “NA MIRA DO BUSSACO”?

 




 MEALHADA: RESPOSTA DE NUNO ALEGRE À QUESTÃO: QUANTO GASTOU A CÂMARA NO PATROCÍNIO DO SEU LIVRO “NA MIRA DO BUSSACO”?


Caro António Luis Fernandes Quintans, em primeiro lugar, a venda deste livro reverte totalmente para quem apoiou a edição e a receita tem como finalidade reverter a favor da investigação histórica local. Se reparar no seu recibo, ele é emitido pelos serviços da CMM.

Em breve haverá novidades que o esclarecerão a si e a outros como si, mas essa informação surgirá apenas quando todo o projecto estiver completo e não apenas porque o senhor quer saber novidades. Em segundo lugar, eu, enquanto autor e, mais uma vez, ofereço o meu trabalho a favor da minha comunidade sem receber um tostão e não lhe reconheço a si (nem a ninguém que não faça o mesmo que eu), o papel de policia ou de fiscal sobre a vida e a idoniedade da minha pessoa e da minha obra.

Se duvida da minha honestidade e idoneidade assuma-o publicamente e eu tratarei do assunto em conformidade no local próprio (não o duvide).

Em terceiro lugar, lamento que a sede de comentarismo político se sobreponha ao valor de uma obra que se destina a enriquecer a nossa identidade comum. Na sua critica, não consegui ler uma só silaba sobre o valor da obra mas apenas alusões à honestidade da minha pessoa ou de quem apoiou a obra. Quando vir obras suas oferecidas ao concelho, terei certamente oportunidade de as aplaudir... de outra forma a única coisa que vislumbro é sede de protagonismo da sua parte.

Se precisar de falar comigo olhos nos olhos, a minha morada é conhecida, o meu n.º de telemóvel é público e eu sou daqueles que atende o telefone. Fique bem e bom Domingo.


RESPOSTA DO EDITOR


Começo por lhe agradecer a sua resposta à minha questão sobre a verba que constituiu o “investimento” realizado pela Câmara Municipal da Mealhada no livro de qual é autor e cujo título é “Na mira do Bussaco - uma viagem à toponímia antiga entre a Bairrada, a Gândara e a Ria”.

Em seguida, com a mesma amabilidade, mas com menos irritação e sem avisos, vou responder-lhe.

Começo com a sua primeira questão:


em primeiro lugar, a venda deste livro reverte totalmente para quem apoiou a edição e a receita tem como finalidade reverter a favor da investigação histórica local. Se reparar no seu recibo, ele é emitido pelos serviços da CMM.”


A ser verdade o que diz, primeiro, previamente esse anúncio deveria ter sido publicitado publicamente e no Cine-Teatro Messias no dia da apresentação do seu livro. Acontece que não foi anunciado nem publicamente, nem no auditório.

Segundo, tanto quanto julgo saber, quando uma câmara patrocina integralmente uma obra escrita, como é o caso, a sua finalidade deve ter, por obrigação, o enriquecimento cultural da sua população. Por outras palavras, só se entende um investimento (sem aspas) destes se a obra for para distribuir pelos munícipes e enriquecer o seu conhecimento. Uma câmara Municipal não pode sobrepôr-se ao mercado livreiro. A ser assim, como afirma, a edilidade mealhadense está a ser um mero intermediário na venda do seu livro.

A propósito, esta medida é assim seguida para outros autores? É que se não for, vou pensar que estamos perante um discriminação.

Terceiro, é facto que V. Ex.ª quando rubricou o meu livro, cuja autoria lhe pertence, me perguntou se eu queria recibo, porém declinei. Logo, infelizmente, não posso comprovar, mas não duvido de que a emissão seria da edilidade.


Vamos à sua segunda questão:


Em segundo lugar, eu, enquanto autor e, mais uma vez, ofereço o meu trabalho a favor da minha comunidade sem receber um tostão e não lhe reconheço a si (nem a ninguém que não faça o mesmo que eu), o papel de policia ou de fiscal sobre a vida e a idoniedade da minha pessoa e da minha obra.”


Meu caro interlocutor, vamos por partes: primeiro, trabalhar a favor da comunidade não é só escrever e dar livros ao prelo. O talento recebido para poder escrever pode (e deve!) ser utilizado para denunciar arbitrariedades do poder, ou de pequenos caciques locais, assim como, também, ser o eco amplificado do sujeito comum, aquele que, em extrema aflição, não pode ou não sabe expressar-se para tornar o seu problema público.

A propósito, tanto quanto julgo saber, V. Senhoria também é bloguer - ou foi até há uns tempos. Sabe, portanto, da motivação que me impulsiona a escrever.

Segundo, prosseguindo, há milhentos serviços, de per si, que podem ser chamados à colação para ajudar a transformar a colectividade para melhor. E já que fala no assunto, uma delas é ter a coragem de denunciar o que, aparentemente, parece não ser justo. Este é o papel de cidadão. Que lhe cabe a si, a mim, a todos. Fosse a cidadania mais activa, em que a comunidade estivesse mais interessada e toda envolvida, e, pode crer, o mundo à nossa volta seria muito melhor.

Terceiro, está enganado a julgar-me polícia de costumes visando a sua pessoa. Na minha qualidade de cidadão atento questiono o acto, económico e político, da Câmara Municipal de Mealhada ter patrocinado integralmente o seu livro e o mesmo ter sido alienado a 10 euros por espécime.

Esclareço-o que já sou velho e, ao longo da minha vida, sempre procedi assim. E não me arrependo de nada. Isto para lhe dizer que esta minha necessidade de intervenção cívica e cidadã não nasceu agora.

Se o questionei directamente foi por pensar que, não tendo nada a ocultar, responderia à pergunta sem se abespinhar. Enganando-me, irritei-o. As minhas desculpas.


E segue-se a terceira questão:



Se duvida da minha honestidade e idoneidade assuma-o publicamente e eu tratarei do assunto em conformidade no local próprio (não o duvide).”


Meu caro senhor, não o conheço pessoalmente. Na minha qualidade de munícipe, enquanto sujeito de direitos e obrigações não me cabe julgá-lo. Até porque não detenho competência para o efeito. Na parte psicológica, só podemos aferir das qualidade e defeitos de alguém conhecendo presencialmente a pessoa.

Quanto ao caso de tratar do assunto “em conformidade no local próprio”, como imagina, Vossa Mercê é livre e senhor da sua vontade de tomar as atitudes que bem entender. Como lhe disse em cima, já sou velho, de mais, para temer esse tipo de advertência – não é ameaça, pois não?


E vamos à quarta questão:


Se precisar de falar comigo olhos nos olhos, a minha morada é conhecida, o meu n.º de telemóvel é público e eu sou daqueles que atende o telefone. Fique bem e bom Domingo.”


Ipsis verbis” faço minhas as suas palavras escritas. Também sou daqueles que em tudo, seja na vida em sociedade, seja atrás de um ecrã, seja por telefone, dou a cara. Pelos vistos, temos qualquer coisa em comum.

Fique bem e bom Domingo.